SóProvas


ID
1174135
Banca
VUNESP
Órgão
PRODEST-ES
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A solidão do taxista

        Tive um tio taxista. Por incrível que pareça, de vez em quando, tio Fausto me levava para trabalhar junto com ele.
        Eram outros tempos. Eu tinha lá meus oito, nove anos e, quando o passageiro se surpreendia com a presença da menininha no banco de trás do carro, meu tio falava: “Se o senhor não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua corrida”.
        Ninguém se importava, ele nunca me levou ao dentista e ganhamos muitas histórias no fusquinha verde-água zanzando pelo Rio de Janeiro.
        Eu escutava as conversas, as notícias do rádio, dormia, acordava, ganhava balas dos passageiros e via a vida correndo pela janela. Era fã do meu tio e de seu jeito de flanar pela vida. Ele achava tudo divertido, adorava um bom papo.
        Meu tio me fez crer que uma das melhores profissões do mundo é taxista. Virei atriz. Mas, se há coisa de que gosto, é andar de táxi.        Sento no banco de trás, abro a janela e, mesmo quando não rola conversa, o simples fato de ficar sacolejando no trânsito olhando pela janela é para mim algo de extremo prazer. É um descanso sem igual.
        Acontece que comprei um iPhone e, pouco a pouco, fui pedindo licença a meu amigo taxista para um telefonema aqui, um e-mail acolá e passei a interromper meu precioso flanar nos táxis com coisas que acho que precisam ser feitas naquela hora.
        Em dias mais corridos, entro dizendo o destino entre uma fala e outra ao telefone, pago a corrida com o troço no ombro e saio do carro com meu tio balançando a cabeça lá em cima. Que desperdício!
        Meu celular me abriu infinitas janelas, mas me roubou a mais preciosa de todas. Nossos eletrônicos vão sorrateiramente nos roubando a plenitude, ou seja, a simples sensação de estar em um lugar, sem achar que deveria estar em outro.
        Penso no meu tio e imagino o quanto se divertiria ouvindo os absurdos que falamos ao celular ao ignorar o solitário taxista. Eles devem ter muitas histórias para contar quando chegam para jantar. Se as esposas não estiverem no Facebook...  
(Denise Fraga. Folha de S.Paulo, 12.06.2012. Adaptado)


Para atender à norma-padrão da língua portuguesa e manter o sentido do texto, o trecho em destaque deve ser corretamente substituído por pronome como indicado na alternativa:

Alternativas
Comentários
  • A)ERRADA:DEVERIA SER EU ESCUTAVA-AS

    B)CERTA                                                                                                                                                                             C)ERRADA:DEVERIA SER PASSEI A INTERROMPE-LO                                                                                                  D)ERRADA:DEVERIA SER BALANÇANDO-A                                                                                                              E)ERRADA:OUVINDO-SE AO CELULAR MUDA O SENTIDO DA FRASE(ELE ESTARIA OUVINDO OUTRAS PESSOAS E NAO ELE MESMO)
  • Pedir - VTDI (Quem pede pede algo a alguém)

    Neste caso, licença: ODa meu amigo taxista: OI

    O/A: O.D  

    LHE: O.I

    Se eu estiver errada por favor me corrijam!

    Bons estudos!

  • * Os pronomes oblíquos apresentam-se sob duas formas:                                                                                                                       
    - Átonos – são empregados sem preposição: 

    Indaguei-lhe acerca do acontecido.                                                                                                                                                   
    - Tônicos – são obrigatoriamente regidos de preposição: 

    Disseram a mim toda a verdade. 
    * Após as formas verbais terminadas em som nasal, os pronomes átonos o(s), a(s) assumem as formas “no(s)” e “na(s)”:

    Todos davam a menina por perdida.
    Todos davam-na por perdida. Puseram o livro sobre a mesa. 
    Puseram-no sobre a mesa. * Os pronomes “me, te, se, nos e vos”, a depender da regência expressa pelo verbo, atuam, ora como objeto direto, ora como indireto: 

    Os alunos sempre me respeitaram. Constatamos que o verbo respeitar se classifica como transitivo direto, pois quem respeita, respeita alguém. Daí o fato de o pronome “me” representar o objeto direto do referido verbo. 

    Os alunos sempre me obedeceram. Inferimos que o verbo obedecer se classifica como transitivo indireto, haja vista que quando obedecemos, obedecemos a alguém. Assim sendo, o pronome “me” representa o objeto indireto. 

    * Os pronomes o(s), a(s) exercem a função de objeto direto, ao substituírem o complemento verbal não regido de preposição obrigatória: 

    Comprei o presente para você. Comprei-o para você. (objeto direto)

    Encontrei a garota passeando pelo shopping. 
    Encontrei-passeando pelo shopping. (objeto direto)

    * Os pronomes o(s), a(s) assumem as formas lo(s), la(s), após as formas verbais terminadas em “r”, “s” ou “z”, bem como depois da partícula “eis”: 

    Eis a presente afirmação, portanto.
    Ei-la, portanto. Devo analisar esse caso o quanto antes. 
    Devo analisá-lo o quanto antes. Consideramos louvável a sua atitude
    Consideramo-la louvável. Fiz as tarefas apressadamente. 
    Fi-las apressadamente. * Em se tratando de complemento verbal, o pronome “lhe” sempre funciona como objeto indireto. 

    Entregamos-lhe as encomendas. (objeto indireto – entregamos a quem?)

    * Os pronomes nos, vos e se, no sentido de indicarem ação mútua, denominam-se recíprocos: 

    Todos nós, fiéis assíduos, demo-nos as mãos. 
    Os formandos saudaram-se alegremente.

  • como seria o certo da letra E?

  • Letra "E" -: "Ouvindo-nos"

  • Quando o verbo terminar em vogal, coloque a ( as) o (os)

    Quando o verbo terminar em r,s, z usa se  la (las) lo (los)

    Quando terminado em som nasal ou terminadas com ( m) usa se, no (nos) na (nas)

    Lembrando que o lhe cumpre a função de objeto indireto.

    b)  pouco a pouco, fui pedindo-lhe licença para um telefonema aqui...

     pouco a pouco, fui pedindo licença a ele para um telegrama, observa que funcionou bem a substituição de lhe, por a  ele.

    letra e) ouvindo os 

  • Não seria "fui lhe pedindo licença"?

  • Assertiva B

    ... pouco a pouco, fui pedindo licença a meu amigo taxista para um telefonema aqui... pouco a pouco, fui pedindo-lhe licença para um telefonema aqui...