SóProvas


ID
1195228
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRT - 13ª Região (PB)
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

        Um último comentário para compreendermos a relação entre trabalho e saúde mental: eu disse que o reconhecimento se refere ao trabalho. Mas, quando a qualidade de meu trabalho é reconhecida pelos outros, então me é possível - embora se trate de uma questão exclusivamente pessoal - destinar o reconhecimento do registro do fazer para o registro do ser: eu sou mais inteligente, mais competente, mais seguro de mim mesmo depois do trabalho do que antes dele. Pouco a pouco, de etapa em etapa, eu mesmo me desenvolvo, minha identidade se fortalece, eventualmente eu me realizo.
        Podemos também constatar que o reconhecimento da qualidade do meu trabalho pelos meus pares faz de mim um técnico ou um artesão como os demais técnicos, como os demais artesãos, um pesquisador como os demais pesquisadores, um psicólogo como os demais psicólogos, um chefe como os demais chefes etc. Isso quer dizer que o reconhecimento me confere o pertencimento a uma equipe, a uma coletividade, a uma profissão. O reconhecimento confere, portanto, em troca do meu sofrimento, um pertencimento que exorciza a solidão. Em resumo, o reconhecimento permite àquele que trabalha transformar o seu sofrimento em desenvolvimento de sua identidade.
        Ora, a identidade é o alicerce da saúde mental. Toda crise psicopatológica traz em si uma crise de identidade. Com frequência saímos de nossa infância mais ou menos deformados, com uma identidade inacabada, incompleta, instável. O trabalho, por meio da ação do reconhecimento, constitui uma segunda chance para edificar e desenvolver nossa identidade e adquirir assim uma melhor resistência psíquica em face dos desafios da vida.
        Certas organizações do trabalho favorecem a psicodinâmica do reconhecimento e permitem inscrever o trabalho como mediador insubstituível da saúde. Por outro lado, aqueles que são privados de trabalho, os desempregados de longa data ou desempregados primários, perdem também o direito de oferecer uma contribuição à organização do trabalho, à empresa e à sociedade. Assim, eles estão privados de qualquer reconhecimento, e podemos prever os danos psicopatológicos e sociais - em particular, o aumento da violência - que resultam de uma privação de emprego.
        Visto a partir do teatro do desemprego, o trabalho parece um privilégio. Claro! Mas o mundo do trabalho tampouco é cor-de-rosa e certas organizações do trabalho em voga costumam destruir sistematicamente as engrenagens dessa dinâmica entre contribuição e retribuição. Desestruturam as condições do reconhecimento e da cooperação e minam as bases do viver em conjunto no trabalho. É preciso, portanto, na medida em que se busca uma ação racional no campo das relações entre trabalho e saúde mental (e também na redução da violência social) agir em duas frentes: aquela do emprego, claro, mas também aquela da organização do trabalho.


(Cristophe Dejours. “Entre o desespero e a esperança: como reencantar o trabalho?.” Cult. março/2010 - Fragmento.)


O acento grave, indicador de crase, em “Em resumo, o reconhecimento permite àquele que trabalha transformar o seu sofrimento em desenvolvimento de sua identidade.”, justifica-se, pois

Alternativas
Comentários
  • quem é que permite?

    o reconhecimento = sujeito

    quem permite, permite algo A alguém, ou seja:

    verbo permitir = vtdi

    obj. direto = transformar o seu sofrimento em desenvolvimento de sua identidade.

    obj indireto = àquele que trabalha.

    bons estudos!

  • eu queria entender porque não podia ser a letra "a" .. fiquei na dúvida.. 

  • MARCELA BATISTA, é que há a fusão da preposição "a" com o pronome demonstrativo "aquele". 


    Logo, "a" + "aquele" ==> "ÀQUELE"


    Espero ter ajudado. Deus é a nossa força! :)



  • Marcela, principal justificativa para o acento grave, indicador de crase  é a regência do verbo, ou seja a alternativa A é uma consequência da alternativa B.

  • Gabarito >>> D

     

    A duvida da Marcela é comum a muitas pessoas.

     


    A crase é formada basicamente pela junção da preposição "a" mais o artigo definido "a", até aí tudo bem, mas não podemos esquecer que esse fenômeno também pode ocorrer quando a preposição "a" encontrar o pronome demonstrativo "aquele" (e variações), exigindo assim o acento grave.

    Bons estudos!

  • GAB.: D

     

  •                                                        permite ( o quê ? ( O.D))  ( a quem ? ( O.I ) ) = Bitransitivo

     

                                          permite (a + aquele) 

     

    Em  resumo,  o  reconhecimento  permite   àquele  que  trabalha   transformar  o  seu  sofrimento  em  desenvolvimento de sua  identidade.”

     

                                                             V.T.D.I     OBJETO INDIRETO                                       OBJETO DIRETO 

     

    logo 

     

    O termo regente do pronome “aquele” exige a preposição “a”.

     

    Gabarito letra ( D )

  • Atenção!! Não é a "a" porque:

    AQUELE É PRONOME DEMONSTRATIVO E NESSE CASO DEPENDE APENAS DA REGÊNCIA.

    Veja: Comi a (fruta) que estava madura. sem crase porque o verbo não exige preposição.

    REfiro-me à (garota) de cabelos loiros. com crase porque o verbo exige preposição.

    ;-)

  • Permitir = V.T.D.I.

     

    Crase Obrigatória: – preposição a + pronome demonstrativo "aquele".

    Permitir o quê? "
    transformar o seu sofrimento em desenvolvimento de sua identidade. " A quem ? Aquele.

    O termo regente é "permitir".
     

    Resposta D

  • ÀQUELE = A ESTE

    ÀQUELES =  A ESTES 

    ÀQUILO =  A ISTO

    À QUAL = AO QUAL

    A obra À QUAL = AO QUAL fiz referência.

     

    Ex.:    Àquela Senhora =      A    ESTA

     

    O livro está sobre AQUELA (sem indicativo) = ESTA mesa, NÃO É “A ESTE” mesa (sic)

  • Termo regente --> Permite 

    Termo regido ---> Aquele (pronome demonstrativo)

    Quem permite, permite A alguém

    A (preposição exigida pelo termo regente) + AQUELE (termo regido) = ÀQUELE

    GAB D