SóProvas


ID
1206496
Banca
FGV
Órgão
DPE-DF
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Estética ou erótica?

       Será que o calor excessivo deste verão está exasperando o animus beligerante das pessoas? Em carta ao jornal, a leitora Mariúza Peralva apontou a disposição do povo de agir por conta própria e fazer justiça com as próprias mãos como sintoma de descrença nos políticos e nas instituições: “Coloca fogo em pneus, quebra ônibus, quebra vitrines, ataca a polícia que, em princípio, existe para protegê-lo, joga pedra, rojão ou o que estiver à mão para fazer suas reivindicações.” Já o leitor Cláudio Bittencourt escreveu discordando: “Quem pratica tais barbaridades não é povo.” De qualquer maneira, são cada vez mais evidentes os sinais de uma cultura da violência que tem se manifestado, com vários graus de agressividade, nas brigas de trânsito, nos conflitos das torcidas nos estádios, nas discussões de rua chegando às vias de fato.
       (...) Diferentemente dos atos de violência cotidiana, que pelo menos não se mascara de justa ou pedagógica, há ainda o vandalismo dos black blocs, cuja ação iconoclasta contra símbolos do capitalismo é apresentada como uma “estética”, conforme uma autodefinição, que parece desconhecer os estragos pouco estéticos que são feitos à imagem das manifestações, sem falar na morte do cinegrafista. Aliás, segundo alguns, os nossos mascarados se inspiram menos nos anarquistas e mais nos fascistas italianos do tempo de Mussolini. Pelo menos, a justificativa ideológica é parecida com o discurso dos adeptos do Futurismo, movimento que foi criado pelo escritor Tommaso Marinetti como vanguarda artística, que desprezando o passado e a tradição (considerava os museus cemitérios), exaltava a guerra como “única higiene do mundo”. Para os futuristas, o fascismo era a realização mínima do seu programa político que, por meio de uma nova linguagem capaz de exprimir a experiência da violência, da velocidade e do progresso técnico, pretendia transformar o senso estético de uma sociedade “anacrônica”.
       Lembrando as cenas dos jovens mascarados atirando pedras ou se atirando eles mesmos contra as vitrines, pode-se concluir que essa coreografia da destruição é, mais do que uma estética, uma “erótica” da violência, pelo prazer mórbido com que é praticada.

                                                        (Zuenir Ventura, O Globo, 22/02/2014)


“...a leitora Mariúza Peralva apontou a disposição do povo de agir por conta própria e fazer justiça com as próprias mãos como sintoma de descrença nos políticos e nas instituições:...”.

Sobre a estrutura argumentativa da carta, a única afirmativa adequada é:

Alternativas
Comentários
  • LETRA E

    das alternativas apresentadas a única que se pode afirmar verdadeira é a de que o publico-alvo da carta é formado pelos possíveis leitores do jornal. Pois, ao escrever para o jornal, subtende-se que a leitora Mariúza Peralva gostaria que quem lê o jornal, leia tb sua opinião.


  • Se possível, respondam os erros da demais.

  • a) o povo funciona como argumentador de autoridade: o povo é o sujeito da tese apresentada pela autora da carta, não é autoridade a ser citada. 

    b)  a tese é a de que se pode fazer justiça com as próprias mãos: a tese é de que a população faz justiça com as próprias mãos por conta da descrença na autoridade.

    c) a descrença nos políticos funciona como uma segunda tese: essa é a única tese.

    d) a decisão de fazer justiça com as próprias mãos é um argumento da tese:  a tese é de que a população faz justiça com as próprias mãos por conta da descrença na autoridade.

    e) Correto.

  • A FGV adora questões do tipo "roleta russa". A banca poderia considerar qualquer alternativa como correta e alguém sempre teria uma justificativa para ampará-la. Questão ridícula que não mede conhecimento.

  • Sobre a estrutura argumentativa da carta...

    Aí, a banca me diz a estrutura argumentativa da carta é que pode ser lida pelos leitores do jornal??? 
    É isso mesmo, Arnaldo?
  • Se a carta foi enviada AO JORNAL, o público-alvo deve ser alguém de dentro do jornal, em especial o autor do texto.

  • Que banca ptética...

  • Banca pode escolher o gabarito e haveria justificativa ... impossível essa banca ..
  • Que viagem! :0

     

  • Falta de criatividade dessa Banca.