SóProvas


ID
1206502
Banca
FGV
Órgão
DPE-DF
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Estética ou erótica?

       Será que o calor excessivo deste verão está exasperando o animus beligerante das pessoas? Em carta ao jornal, a leitora Mariúza Peralva apontou a disposição do povo de agir por conta própria e fazer justiça com as próprias mãos como sintoma de descrença nos políticos e nas instituições: “Coloca fogo em pneus, quebra ônibus, quebra vitrines, ataca a polícia que, em princípio, existe para protegê-lo, joga pedra, rojão ou o que estiver à mão para fazer suas reivindicações.” Já o leitor Cláudio Bittencourt escreveu discordando: “Quem pratica tais barbaridades não é povo.” De qualquer maneira, são cada vez mais evidentes os sinais de uma cultura da violência que tem se manifestado, com vários graus de agressividade, nas brigas de trânsito, nos conflitos das torcidas nos estádios, nas discussões de rua chegando às vias de fato.
       (...) Diferentemente dos atos de violência cotidiana, que pelo menos não se mascara de justa ou pedagógica, há ainda o vandalismo dos black blocs, cuja ação iconoclasta contra símbolos do capitalismo é apresentada como uma “estética”, conforme uma autodefinição, que parece desconhecer os estragos pouco estéticos que são feitos à imagem das manifestações, sem falar na morte do cinegrafista. Aliás, segundo alguns, os nossos mascarados se inspiram menos nos anarquistas e mais nos fascistas italianos do tempo de Mussolini. Pelo menos, a justificativa ideológica é parecida com o discurso dos adeptos do Futurismo, movimento que foi criado pelo escritor Tommaso Marinetti como vanguarda artística, que desprezando o passado e a tradição (considerava os museus cemitérios), exaltava a guerra como “única higiene do mundo”. Para os futuristas, o fascismo era a realização mínima do seu programa político que, por meio de uma nova linguagem capaz de exprimir a experiência da violência, da velocidade e do progresso técnico, pretendia transformar o senso estético de uma sociedade “anacrônica”.
       Lembrando as cenas dos jovens mascarados atirando pedras ou se atirando eles mesmos contra as vitrines, pode-se concluir que essa coreografia da destruição é, mais do que uma estética, uma “erótica” da violência, pelo prazer mórbido com que é praticada.

                                                        (Zuenir Ventura, O Globo, 22/02/2014)


A alternativa em que os elementos unidos pela conjunção E não estão em adição, mas sim em oposição, é:

Alternativas
Comentários
  • a alternativa que mostra oposição é a letra "C". de forma muito sutil.

  • Enriquecendo o nosso comentário:

    c) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos anarquistas e mais nos fascistas italianos...”

    veja que não há mudança de sentido se eu trocar e por mas e colocar uma vírgula antes deste mas:

    Os nossos mascarados se inspiram menos nos anarquistas, mas mais nos fascistas italianos.

    Menos e mais inspiração estão em contraste no texto, o que é determinante para identificar que a E pode sim exercer função sintática de adversidade

  • MACETE: Fui colocando a palavra "também" após o E, e o único que não coube a palavra foi a letra c.

    Exemplo: 

    a disposição do povo de agir por conta própria e (TAMBÉM) fazer justiça com as próprias mãos...”

    “...como sintoma de descrença nos políticos e (TAMBÉM)nas instituições etc

  • Eu troquei o "e" pelo "mas" que é adversativo, e só encaixou na letra c

  • Enfim, uma facil. 

  • fiquei confuso com a letra E, por conta das palavras "violência" e "progresso", que de certo modo têm sentidos distintos..

  • A relação de oposição entre duas entidades está letra C: Os mascarados não se inspiram nos anarquistas, Mas se inspiram nos fascistas, isto é, não se inspiram em um, pelo contrário, se inspiram no outro.

    Gabarito letra C.

    Fonte: Prof. Felipe Luccas