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ID
1234369
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
TJ-SE
Ano
2014
Provas
Disciplina
Arquitetura
Assuntos

Acerca da história da arquitetura e do urbanismo, julgue os itens a seguir.

Os princípios da unidade de vizinhança, que compõem critério utilizado no urbanismo para divisão de grupos de prédios residenciais em áreas na cidade, foram elaborados pelo urbanista americano Clarence Perry e adotados pelo movimento modernista.

Alternativas
Comentários
  • Clarence Arthur Perry, arquiteto e urbanista, em 1929 projetou um plano para Nova Iorque utilizando um conceito de unidade de vizinhança, que pode ser considerado um dos mais importantes pelo seu princípio fundamental – o social.

    Perry foi o idealizador do conceito da unidade de vizinhança, entretanto, coube a Clarence Stein e Henry Wright a primeira efetivação da ideia no plano de Radburn, Nova Jersey, em 1929.

  • É isso mesmo Victor Campello.

  • PARTE 1/2

    CERTO

    A UNIDADE DE VIZINHANÇA, NA ORIGEM E DEPOIS

    Idealizada como um mecanismo de construção social e com uma noção sedutora de comunidade, a unidade de vizinhança de Clarence Perry configurava um setor urbano que acomodava organicamente a população necessária para o funcionamento de uma escola primária, configurado de modo que nenhuma criança caminhasse mais que meia milha até a escola, de preferência sem ter que cruzar sequer uma via de tráfego importante. Sua área devia ser extensa o suficiente para caracterizar baixa densidade populacional e para proporcionar aos seus residentes mais espaço livre, oportunidade de lazer e estabelecimentos escolar e comerciais em uma zona autossuficiente, na medida em que não devia ser necessário percorrer longas distâncias para satisfazer necessidades básicas.

    Este esquema, alimentado por antecedentes como o padrão residencial inglês, o ideário garden city, o zoneamento funcional, e o movimento community center32, devia apresentar tamanho apropriado, limites evidentes, espaços livres, centro comunitário, comércio local e sistema viário interno. Desse modo, a unidade de vizinhança devia ser contornada por vias arteriais para fazer fluir o tráfego e conter um sistema viário interno que desencorajasse o trânsito externo; cul-de-sacs foram empregados para assegurar a privacidade residencial. Internamente, as unidades residenciais deviam estar organizadas em torno de um sistema de espaços livres, parques e áreas de lazer, no qual a escola ocupava uma posição central no conjunto dos serviços institucionais (igreja, biblioteca e outras edificações necessárias para a vida cívica, cultural e religiosa da comunidade), enquanto os estabelecimentos comerciais estariam localizados em posições periféricas, preferencialmente nas esquinas conjuntas de diversas unidades de vizinhança.

    O que se concretizou em Radburn, a “cidade jardim da era do automóvel” onde os urbanistas Clarence Stein e Henry Wright materializaram exemplarmente o conceito de Perry, foi um arranjo formal hierárquico de quatro elementos: enclave, quadra, superquadra e unidade de vizinhança. O enclave foi constituído por um grupo de aproximadamente vinte casas dispostas em U ao longo de uma pequena via, usualmente sem saída, que dá acesso ao fundo das casas, enquanto suas frentes se voltam para a área verde comum. Três a oito destes enclaves foram aproximados para formar uma quadra e estas quadras foram arranjadas ao redor de um espaço livre, de modo a delimitar um parque. O conjunto de quadras e parque configuram o que Stein e Wright entenderam como superquadra, e de quatro a seis superquadras formaram a unidade de vizinhança.

  • PARTE 2/2

    No entanto, em Brasília, a eliminação da propriedade privada do solo urbano e a elevação da edificação multifamiliar reforçavam a ideia de cidade-parque e garantiam a continuidade dos espaços verdes livres, combinando o conceito anglo-saxônico da unidade de vizinhança com o uso de pilotis, o que lhe deu um sentido radicalmente inovador. Lucio Costa também formulou sua proposta de “área de vizinhança” e superquadras ortogonais seguindo a concepção da cidade funcional, atendendo a prescrição de edificações de alta densidade isoladas em amplas superfícies verdes, consagradas ao desenvolvimento das diversas atividades comuns que formavam o prolongamento da moradia.

    A exemplo da operação corbusierana, a superquadra de Brasília também verticalizou e densificou a cidade jardim, transformando-a numa verdant city. Embora aumentando em quase um terço a densidade populacional de Radburn, a unidade de vizinhança de Brasília insistiu no princípio de organização original que colocava dentro de uma distância caminhável todas as facilidades necessárias diariamente ao lar e à escola, e mantinha fora dessa área de pedestres as artérias do tráfego que conduzem pessoas e mercadorias que nada têm a ver com a vizinhança. O comércio local foi implantado no acesso à unidade, na borda de cada superquadra, originalmente voltado para o seu interior. Os edifícios residenciais em lâmina, padronizados, não apresentaram variações significativas e não combinaram diferentes tipos residenciais. Desse modo, Brasília levou a cabo a estratégia modernista da desfamiliarização ao propor uma forma urbana radicalmente nova e vincular inovação arquitetônica, mudança nas percepções individuais e transformação social. A cidade funcional, moderna e igualitária era a imagem do Brasil desenvolvido.

    FONTE:

    http : //

    anpur.org

    .br

    /

    wp-content/

    uploads/

    2018/09/5_79836

    .pdf

    PS: Tive que colocar o link fatorado porque o site não permite mais por link nos comentários. Às vezes, ainda consigo colocar o link integro na versão antiga do site, porém o funcionamento desta vive oscilando.