SóProvas


ID
1258522
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
IBC
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                Os legisladores e o Verbo Divino

                                          Cláudio de Moura e Castro

    1.§ Pensemos na seguinte situação. Três pessoas 
estão em uma sala, prontas para devorar uma travessa de 
comida. E eis que chegam mais três. Será preciso deitar 
água no feijão, para dividi-lo entre os comensais. Todos 
comem feijão aguado. Os mesmos três estão ouvindo um 
cantor, quando irrompem mais três na sala. Mas agora é 
diferente, ninguém ouve ou vê menos pela presença dos 
outros. Não há do que privar-se, pois ninguém “come” 
o som e a imagem dos outros. Se continuar a chegar 
gente, acabarão todos se acotovelando e cochichos 
atrapalharão o deleite da música. Mas quantos serão, a 
ponto de reduzir o prazer da cantoria? Obviamente, isso 
dependerá do tamanho da sala, do formato, da acústica, 
do volume da voz e se há amplificação, entre outros 
fatores. Não há um número mágico.
    2.§ Esse experimento abstrato pode ser comparado 
a uma sala de aula. Quando chegam mais alunos, não 
é como o caso do feijão aguado. Pelo contrário, é 
semelhante ao do cantor. Mais gente na sala não prejudica 
o aprendizado. E não é preciso muita imaginação para 
concluir que aulas maiores custam menos, economizando 
recursos, vantagem nada trivial. No primeiro ano de 
Harvard, muitas aulas são em anfiteatros, com todos os 
400 alunos iniciantes. O curso de introdução à economia, 
em Berkeley, tinha 1200. Se essa fórmula fosse tão ruim, 
Harvard não seria a melhor universidade do mundo e 
Berkeley, a melhor pública. As salas do ensino médio 
coreano tinham mais de sessenta alunos. Mesmo assim, 
a Coreia já possuía um excelente sistema educativo. No 
Brasil, temos o exemplo dos cursinhos, operando com 
salas enormes. Para a maioria dos alunos, é o melhor 
ensino que jamais experimentarão.
    3.§ A realidade é ainda mais turva. Pergunte-se 
ao público se prefere ouvir Caetano Veloso em uma 
sala com 100 espectadores ou um cantor menor, em 
uma sala com 35. Pergunte-se aos alunos se preferem 
um grande professor, em uma sala enorme, ou um 
medíocre, em uma salinha de 35 lugares. Em ambos os 
casos, a resposta é a mesma e óbvia. Para os puristas, 
se há muitos alunos, dilui-se a interação deles com o 
professor. É um argumento sério, sempre e quando tal 
interação for praticada. Mas isso é raríssimo, qualquer 
que seja o tamanho da sala. Tais perplexidades atraíram 
muitos estudos, na tentativa de determinar o impacto do 
tamanho da sala de aula sobre o aprendizado. De fato, 
esse é um dos temas mais pesquisados, com medidas 
cuidadosas e grupos de controle. São centenas de 
pesquisas, tantas que não mais se justifica fazer outras. 
E o que nos dizem? Simplesmente, com a única exceção 
constituída pelos alunos pobres dos anos iniciais, não há 
nenhuma associação entre o tamanho da sala e o nível de 
aprendizado. Infere-se que os casos de interação aluno-
professor são raríssimos. Desde que se possa ver e ouvir 
o mestre, pôr ou tirar alunos não afeta o rendimento. 
É leviano negar o que diz a avalanche de pesquisas. 
Entendamos, os resultados descrevem o coletivo das 
escolas.

4.§ Tais análises não avaliam métodos eficazes que requerem poucos alunos. Isso porque sua superioridade não pode ser medida se quem os adota está perdido em um mundão de escolas tradicionais. A própria definição de tamanho de sala vai se esfarelando. Imaginemos um colégio com professores excelentes dando aulas em salas com sessenta estudantes. Depois, grupos de dez alunos se reúnem com professores mais jovens para discutir os assuntos da aula. Além disso, os alunos fazem duas disciplinas a distância, uma delas com um tutor por 500 alunos e outra, totalmente informatizada (relação aluno/professor = infinito). Quantos professores por aluno há nessa escola? Desde que temos Ideb e Enem, o tema é irrelevante. Se o estudante aprendeu, pouco importa como funciona a sala de aula. Pois não é que o nosso Legislativo, com uma pauta atolada de problemas angustiantes, se mete a legislar sobre o número de alunos na sala de aula? Pela proposta em discussão, no ensino médio, não será possível ultrapassar o número mágico de 35. Deve ser uma cifra que, em sua infinita magnificência, Deus revelou aos legisladores, pois de nenhuma pesquisa saiu. 

    
                                  Revista Veja, edição 2.299, p. 28.


Em “não será possível ultrapassar o número mágico de 35.” (4.§), a função sintática da oração destacada é a mesma encontrada em

Alternativas
Comentários
  • "..ultrapassar o número.." (OD)

    "Infere-se que os casos de interação.."

    quem infere, infere algo (VTD)

    que os casos de interação.. (OD)

    Gabarito: C

  • Na verdade trata-se de O.S.Substantiva Subjetiva !

    No primeiro caso: 

    "não será possível ultrapassar o número mágico de"

    a oração em destaque funciona como sujeito, 

    macete: substitua por Isso,


    Ex: Isso não será possível ..


  • “não será possível ultrapassar o número mágico de.”  (A oração está reduzida de infinitivo)

    “não será possível QUE ultrapasse o número mágico de.” (oração desenvolvida)

    Neste caso, fica mais fácil observar que se trata de uma O.Sub.Subst. SUBJETIVA. (ISSO não será possível)

     

  • Questão simples...Explicação, não tem erro.
    Regra: se TENHO V.L + PREDICATIVO minha subordinada é o SUJEITO

     

    QUESTÃO -

    Em “não será     possível    ultrapassar o número mágico de 35.” (4.§), 
                   V.L  +  Predicativo     SUJEITO

     

    Faz a mesma analise na frase de baixo:

     

    que os casos de interação aluno-professor são raríssimos.” (3.§)
                                                                          V.L + PREDICATIVO a outra parte tem que ser SUJEITO.

     

    Uso esse macete e SEMPRE acerto!

     

  • 3 Casos de oração subordinada substantiva subjetiva
    A) Verbo de ligação com a oração subordinada longe do verbo de ligação
    B) Verbo Intransitivo
    C) VTD + SE( Partícula apassivadora)

  • "não será possível ultrapassar o número mágico de 35." ----> Ultrapassar o número mágico de 35 não será possível. 
    A frase em questão tem função de SUJEITO. "O que não será possível? Ultrapassar o número mágico de 35.

     "...os casos de interação aluno-professor são raríssimos."  
    Tem a mesma estrututra do enunciado.
     

     

  •  

    “...que os casos de interação aluno-professor são raríssimos

     “não será possível ultrapassar o número mágico de 35.”

    em ambos os casos a frase destacada tem função de sujeito. gaba c

  • Gab. C

    Transpondo para a voz passiva analítica, teríamos:

    Que os casos de interação aluno-professor são raríssimos é inferido.

  • O "se" de infere-se é partícula apassivadora, que indica que o termo que o procede será obrigatoriamente sujeito.

  • não será possível ( ISSO) ultrapassar o número mágico de 35." ----> Ultrapassar o número mágico de 35 não será possível. 

    A frase em questão tem função de SUJEITO ORACIONAL. "O que não será possível? Ultrapassar o número mágico de 35.

     "...os casos de interação aluno-professor são raríssimos."  -----> SÃO RARÍSSIMOS (ISSO) OS CASOS DE INTERAÇÃO ALUNO-PROFESSOR.

    INVERTENDO A ORDEM DA ORAÇÃO PERCEBEMOS QUE A FRASE TEM FUNÇÃO SE SUJEITO.

    COMO RECEBEM O ISSO IMPLICITAMENTE SE TRATAM DE ORAÇÕES SUBSTANTIVAS SUBJETIVAS REDUZIDAS.

  • muito difícil, nem sequer entendi o que estava sendo pedido.

  • procurei perguntando ao verbo o sujeito e funcionou. força!

  • A unica expressão que não inicia com preposição e é conjunção integrante é a alternativa C

  • Enunciado: Não será possível (O QUÊ?) ISSO: ultrapassar o número mágico de 35 (Sujeito Oracional).

    Letra C: Infere-se que os casos de interação aluno-professor são raríssimos.

    Infere-se o quê? ISSO: os casos de interação aluno-professor são raríssimos (Sujeito Oracional).

    No entanto, é preciso prestar atenção no verbo, para não confundir com verbos que levem ao índice de indeterminação do sujeito.

    Na letra é C é um verbo transitivo direto + partícula apassivadora em uma construção passiva sintética.

    Para ficar mais fácil de identificar, transforma-se em voz ativa:

    Os casos de interação aluno-professor que são inferidos são raríssimos.

  • Comentário do Biólogo Forense é o mais didático. Segue:

    .

    "Enunciado: Não será possível (O QUÊ?) ISSO: ultrapassar o número mágico de 35 (Sujeito Oracional).

    Letra C: Infere-se que os casos de interação aluno-professor são raríssimos.

    Infere-se o quê? ISSO: os casos de interação aluno-professor são raríssimos (Sujeito Oracional).

    No entanto, é preciso prestar atenção no verbo, para não confundir com verbos que levem ao índice de indeterminação do sujeito.

    Na letra é C é um verbo transitivo direto + partícula apassivadora em uma construção passiva sintética.

    Para ficar mais fácil de identificar, transforma-se em voz ativa:

    Os casos de interação aluno-professor que são inferidos são raríssimos."