SóProvas


ID
1258528
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
IBC
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                Os legisladores e o Verbo Divino

                                          Cláudio de Moura e Castro

    1.§ Pensemos na seguinte situação. Três pessoas 
estão em uma sala, prontas para devorar uma travessa de 
comida. E eis que chegam mais três. Será preciso deitar 
água no feijão, para dividi-lo entre os comensais. Todos 
comem feijão aguado. Os mesmos três estão ouvindo um 
cantor, quando irrompem mais três na sala. Mas agora é 
diferente, ninguém ouve ou vê menos pela presença dos 
outros. Não há do que privar-se, pois ninguém “come” 
o som e a imagem dos outros. Se continuar a chegar 
gente, acabarão todos se acotovelando e cochichos 
atrapalharão o deleite da música. Mas quantos serão, a 
ponto de reduzir o prazer da cantoria? Obviamente, isso 
dependerá do tamanho da sala, do formato, da acústica, 
do volume da voz e se há amplificação, entre outros 
fatores. Não há um número mágico.
    2.§ Esse experimento abstrato pode ser comparado 
a uma sala de aula. Quando chegam mais alunos, não 
é como o caso do feijão aguado. Pelo contrário, é 
semelhante ao do cantor. Mais gente na sala não prejudica 
o aprendizado. E não é preciso muita imaginação para 
concluir que aulas maiores custam menos, economizando 
recursos, vantagem nada trivial. No primeiro ano de 
Harvard, muitas aulas são em anfiteatros, com todos os 
400 alunos iniciantes. O curso de introdução à economia, 
em Berkeley, tinha 1200. Se essa fórmula fosse tão ruim, 
Harvard não seria a melhor universidade do mundo e 
Berkeley, a melhor pública. As salas do ensino médio 
coreano tinham mais de sessenta alunos. Mesmo assim, 
a Coreia já possuía um excelente sistema educativo. No 
Brasil, temos o exemplo dos cursinhos, operando com 
salas enormes. Para a maioria dos alunos, é o melhor 
ensino que jamais experimentarão.
    3.§ A realidade é ainda mais turva. Pergunte-se 
ao público se prefere ouvir Caetano Veloso em uma 
sala com 100 espectadores ou um cantor menor, em 
uma sala com 35. Pergunte-se aos alunos se preferem 
um grande professor, em uma sala enorme, ou um 
medíocre, em uma salinha de 35 lugares. Em ambos os 
casos, a resposta é a mesma e óbvia. Para os puristas, 
se há muitos alunos, dilui-se a interação deles com o 
professor. É um argumento sério, sempre e quando tal 
interação for praticada. Mas isso é raríssimo, qualquer 
que seja o tamanho da sala. Tais perplexidades atraíram 
muitos estudos, na tentativa de determinar o impacto do 
tamanho da sala de aula sobre o aprendizado. De fato, 
esse é um dos temas mais pesquisados, com medidas 
cuidadosas e grupos de controle. São centenas de 
pesquisas, tantas que não mais se justifica fazer outras. 
E o que nos dizem? Simplesmente, com a única exceção 
constituída pelos alunos pobres dos anos iniciais, não há 
nenhuma associação entre o tamanho da sala e o nível de 
aprendizado. Infere-se que os casos de interação aluno-
professor são raríssimos. Desde que se possa ver e ouvir 
o mestre, pôr ou tirar alunos não afeta o rendimento. 
É leviano negar o que diz a avalanche de pesquisas. 
Entendamos, os resultados descrevem o coletivo das 
escolas.

4.§ Tais análises não avaliam métodos eficazes que requerem poucos alunos. Isso porque sua superioridade não pode ser medida se quem os adota está perdido em um mundão de escolas tradicionais. A própria definição de tamanho de sala vai se esfarelando. Imaginemos um colégio com professores excelentes dando aulas em salas com sessenta estudantes. Depois, grupos de dez alunos se reúnem com professores mais jovens para discutir os assuntos da aula. Além disso, os alunos fazem duas disciplinas a distância, uma delas com um tutor por 500 alunos e outra, totalmente informatizada (relação aluno/professor = infinito). Quantos professores por aluno há nessa escola? Desde que temos Ideb e Enem, o tema é irrelevante. Se o estudante aprendeu, pouco importa como funciona a sala de aula. Pois não é que o nosso Legislativo, com uma pauta atolada de problemas angustiantes, se mete a legislar sobre o número de alunos na sala de aula? Pela proposta em discussão, no ensino médio, não será possível ultrapassar o número mágico de 35. Deve ser uma cifra que, em sua infinita magnificência, Deus revelou aos legisladores, pois de nenhuma pesquisa saiu. 

    
                                  Revista Veja, edição 2.299, p. 28.


Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao que se afrma a respeito das colocações pronominais que foram alteradas em relação ao texto original.

Alternativas
Comentários
  • Não entendi porque a alternativa B está correta, já que ênclise é depois do verbo.

  • Em se há muitos alunos, se dilui (3.§), a ausência de palavra atrativa após a vírgula exige a ênclise.

    Depois de Virgula não se usa PRÓCLISE. A questão indica que deveria ser uma enclise. Por isso o item está correto.

  • GABARITO: D  (Incorreta)

     

    Usa-se a ênclise quando houver verbo no gerúndio sem palavra atrativa.

     

     

    ** tempos verbais que não admitem ênclise:

    - futuro do pretérito ("ria")

    - futuro do presente ('ra')

    - particípio ('ido e ado')

    FONTE: PESTANA

  • Quando a ênclise é rejeitada:

    1° Fator de atração antes do verbo.

    2° Verbos no futuro.

    3° Verbos no particípio.

     

    Andreia Silveira

    b)Em se há muitos alunos, se dilui (3.§), a ausência de palavra atrativa após a vírgula exige a ênclise. (ou seja, não era pra haver próclese)

    A virgula rejeita próclese

     

     

  • LETRA D CORRETA!

    CASOS FACULTATIVOS DE COLOCAÇÃO PRONOMINAL COM LOCUÇÃO VERBAL.

    NA ALTERNATIVA AFIRMA-SE QUE NÃO É PERMITIDA A ÊNCLISE EM SE TRATAR DE UMA LOC. VERBAL + GERUNDIO O QUE FAZ COM QUE SEJA INCORRETA, COMO PEDE A QUESTÃO.

    QUANDO A LOC. VERBAL DO TIPO  (VERBO AUX. + INFINITIVO OU GERUNDIO) VIER ANTECEDIDA DE PALAVRA ATRATIVA, O PRONOME PODERÁ FICAR ANTES DO AUXILIAR, ANTES DO PRINCPAL OU DEPOIS DO PRINCIPAL.

    1) Em se vai  esfarelando.

    2) Em vai se esfarelando

    3)  Em vai  esfarelando-se (ÊNCLISE!)

    FONTE: Pestana.

  •  d)

    Em vai se esfarelando (4.§), a ênclise não é permitida, pois se trata de locução verbal com gerúndio.gabarito, caso o verbo estivesse na forma nominal do participio, ai sim, a ênclise não seria permitida.

  • por que a letra C está errada?

  • LETRA D!

    Adriano Delão

    C) Em acabarão todos acotovelando-se (1.§), o sujeito explícito antes do verbo provoca próclise ou ênclise.

    PRÓCLISE OU ÊNCLISE - O pronome PODE ficar antes ou depois do verbo quando houver:

    1. sujeito explícito antes do verbo: 

    Ele se manteve Ele manteve-se irredutível em relação ao divórcio.

    Desde os dois anos de idade Laís se veste  Laís veste-se sozinha.

    Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-detail.php?id=117

  • Pessoal, acredito que a letra b tbm está incorreta, pois a próclise é obrigatória após pronomes indefinidos, como todos, tudo, alguma... E isso não seria o caso de próclise obrigatória?

  • GABARITO = D

    JUSTIFICATIVA = EM (MESMO QUE TENHA GERÚNDIO, TERÁ A PRÓCLISE.

    AVANTE

  • Fui sem ler o texto e não percebi que a preposição" em "não fazia parte da frase .... errei

  • Porque o pronome Todos não funcionou com palavra atrativa na letra C?

  • Qual o erro da letra E?

  • A alternativa D não ocorre fator de próclise, por isso que a a ênclise é obrigatória

  • Na frase da letra C, "Acabarão todos acotovelando-se.", o pronome todos não atrai o pronome oblíquo porque ele não está no início da oração, é isso?

  • Galera! Peçam comentário de professor, clicando na aba e depois no botão pedir comentário.

  • Para responder a esta questão, exige-se conhecimento em colocação pronominal. Vejamos o conceito:

    Os pronomes pessoais oblíquos átonos me, te, se, lhe(s), o(s), a(s), nos e vos podem estar em três posições ao verbo ao qual se ligam.

    Próclise é antes do verbo⇾ Nada me faz tão bem quanto passar em concurso.

    Mesóclise é no meio do verbo⇾ Abraçar-lhe-ei…

    Ênclise é após o verbo⇾ Falaram-me que você está muito bem.

    Após vermos o conceito e os exemplos, iremos analisar cada assertiva a fim de encontrarmos a única assertiva que justifique de forma incorreta a colocação do pronome oblíquo das frase abaixo. Analisemos:

    a) Correta.

    Em Se infere (3.§), a próclise não é permitida, pois jamais se inicia período com pronomes átonos.

    b) Correta.

    Em se há muitos alunos, se dilui (3.§), a ausência de palavra atrativa após a vírgula exige a ênclise., pois logo após a vírgula não pode iniciar com pronome oblíquo. O correto é "dilui-se". A assertiva fala exatamente isso, por isso, esta assertiva não possui erro na sua explicação.

    c) *Correta.

    Em acabarão todos acotovelando-se (1.§), o sujeito explícito antes do verbo provoca próclise ou ênclise.

    Não concordo com a banca, pois o pronome indefinido "todos" é atrativo de próclise.

    d) Incorreta.

    Em vai se esfarelando (4.§), a ênclise não é permitida, pois se trata de locução verbal com gerúndio.

    Em locuções formadas por gerúndio, o pronome oblíquo pode vir após o auxiliar (com hífen), antes do principal (sem hífen) ou após o principal com hífen

    Vai-se esfarelando/ vai se esfarelando/ vai esfarelando-se.

    e) Correta.

    Em quem adota-os (4.§), a presença do pronome relativo permite apenas a próclise do pronome átono.

    Gabarito da banca: D

    Gabarito do monitor: Nulo por haver duas alternativas corretas (C e D).

  • Gab d!

    Ela é a afirmação errada porque em locução verbal, sem fator atrativo obrigatório, a colocação pronominal pode ser em qualquer posição. ( salvo a proibição da ênclise no particípio. )