SóProvas


ID
1258531
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
IBC
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                Os legisladores e o Verbo Divino

                                          Cláudio de Moura e Castro

    1.§ Pensemos na seguinte situação. Três pessoas 
estão em uma sala, prontas para devorar uma travessa de 
comida. E eis que chegam mais três. Será preciso deitar 
água no feijão, para dividi-lo entre os comensais. Todos 
comem feijão aguado. Os mesmos três estão ouvindo um 
cantor, quando irrompem mais três na sala. Mas agora é 
diferente, ninguém ouve ou vê menos pela presença dos 
outros. Não há do que privar-se, pois ninguém “come” 
o som e a imagem dos outros. Se continuar a chegar 
gente, acabarão todos se acotovelando e cochichos 
atrapalharão o deleite da música. Mas quantos serão, a 
ponto de reduzir o prazer da cantoria? Obviamente, isso 
dependerá do tamanho da sala, do formato, da acústica, 
do volume da voz e se há amplificação, entre outros 
fatores. Não há um número mágico.
    2.§ Esse experimento abstrato pode ser comparado 
a uma sala de aula. Quando chegam mais alunos, não 
é como o caso do feijão aguado. Pelo contrário, é 
semelhante ao do cantor. Mais gente na sala não prejudica 
o aprendizado. E não é preciso muita imaginação para 
concluir que aulas maiores custam menos, economizando 
recursos, vantagem nada trivial. No primeiro ano de 
Harvard, muitas aulas são em anfiteatros, com todos os 
400 alunos iniciantes. O curso de introdução à economia, 
em Berkeley, tinha 1200. Se essa fórmula fosse tão ruim, 
Harvard não seria a melhor universidade do mundo e 
Berkeley, a melhor pública. As salas do ensino médio 
coreano tinham mais de sessenta alunos. Mesmo assim, 
a Coreia já possuía um excelente sistema educativo. No 
Brasil, temos o exemplo dos cursinhos, operando com 
salas enormes. Para a maioria dos alunos, é o melhor 
ensino que jamais experimentarão.
    3.§ A realidade é ainda mais turva. Pergunte-se 
ao público se prefere ouvir Caetano Veloso em uma 
sala com 100 espectadores ou um cantor menor, em 
uma sala com 35. Pergunte-se aos alunos se preferem 
um grande professor, em uma sala enorme, ou um 
medíocre, em uma salinha de 35 lugares. Em ambos os 
casos, a resposta é a mesma e óbvia. Para os puristas, 
se há muitos alunos, dilui-se a interação deles com o 
professor. É um argumento sério, sempre e quando tal 
interação for praticada. Mas isso é raríssimo, qualquer 
que seja o tamanho da sala. Tais perplexidades atraíram 
muitos estudos, na tentativa de determinar o impacto do 
tamanho da sala de aula sobre o aprendizado. De fato, 
esse é um dos temas mais pesquisados, com medidas 
cuidadosas e grupos de controle. São centenas de 
pesquisas, tantas que não mais se justifica fazer outras. 
E o que nos dizem? Simplesmente, com a única exceção 
constituída pelos alunos pobres dos anos iniciais, não há 
nenhuma associação entre o tamanho da sala e o nível de 
aprendizado. Infere-se que os casos de interação aluno-
professor são raríssimos. Desde que se possa ver e ouvir 
o mestre, pôr ou tirar alunos não afeta o rendimento. 
É leviano negar o que diz a avalanche de pesquisas. 
Entendamos, os resultados descrevem o coletivo das 
escolas.

4.§ Tais análises não avaliam métodos eficazes que requerem poucos alunos. Isso porque sua superioridade não pode ser medida se quem os adota está perdido em um mundão de escolas tradicionais. A própria definição de tamanho de sala vai se esfarelando. Imaginemos um colégio com professores excelentes dando aulas em salas com sessenta estudantes. Depois, grupos de dez alunos se reúnem com professores mais jovens para discutir os assuntos da aula. Além disso, os alunos fazem duas disciplinas a distância, uma delas com um tutor por 500 alunos e outra, totalmente informatizada (relação aluno/professor = infinito). Quantos professores por aluno há nessa escola? Desde que temos Ideb e Enem, o tema é irrelevante. Se o estudante aprendeu, pouco importa como funciona a sala de aula. Pois não é que o nosso Legislativo, com uma pauta atolada de problemas angustiantes, se mete a legislar sobre o número de alunos na sala de aula? Pela proposta em discussão, no ensino médio, não será possível ultrapassar o número mágico de 35. Deve ser uma cifra que, em sua infinita magnificência, Deus revelou aos legisladores, pois de nenhuma pesquisa saiu. 

    
                                  Revista Veja, edição 2.299, p. 28.


O prefixo presente em irrelevante (4.§) apresenta o mesmo valor semântico do prefixo presente em

Alternativas
Comentários
  • Alguém por favor pode explicar?

  • Irrelevante = NÃO relevante (sentido negativo).

    Desumano = pessoa que NÃO é humano (sentido negativo).

     

    Gabarito: D

     

  • desfazer e despedaçar --> O prefixo tem mesmo sentido! ok

     

    inacessibilidade = algo não acessível.

    acessibilidade = algo acessível.

     

    desumano = não humano

     

    acéfalo = Que não possui cabeça; cuja cabeça não pode ser distinguida do restante do corpo;

     

     

    NÃO CONSEGUIR ACHAR O GABARITO! ;(

  • Gabarito

     

    d)   Desumano.

  • não entendi por que não pode ser acéfalo (pessoa que não tem cabeça) sentido negativo, alguém explica por favor.

  • irrelevante = NÃO relevante

    desumano = NÃO humano

    acéfalo = SEM cabeça , por isso a resposta não é acéfalo

  • Eu errei por interpretar como: "sem relevância". Este é o problema dessas questões: elas são muito subjetivas.

    Bola pra frente. 

     

  • Amanda, não pode ser acéfalo, porque o prefixo a em acéfalo tem o sentido de ausência e não de negação, nesse caso ausência de cabeça.

  • MUITA MACONHA. PURA SUBJETIVIDADE. SEM MAIS.

  • Questão ERRADA

    PREFIXOS DE ORIGEM GREGA (Nova Gramática da Lingua Portuguesa - Rodrigo Bezerra)

    Prefixo                                     Sentido                                                           Exemplo

    an-/a-                                privação, negação                                               ateu, anarquia, acéfalo

    PREFIXOS DE ORIGEM LATINA 
    Prefixo                                     Sentido                                                           Exemplo
    des-                                 separação, ação contrária                                  desviar, desfazer, desumano

    in- / im- / i- / ir-              movimento para dentro                                     imigrar, irromper
    in- / im- / i- / ir-                negação, privação                                            inativo, impermeável, ilegal, inacessibilidade

    Portanto, C e E estão corretas e o gabarito D está errado.

    Bons estudos.

     

  • ???????????

  • E o desfazer? não seria NÃO FAZER ( sentido negativo)? Não entendi

  • @JESSIKA PAIXAO

    Desfazer seria voltar atrás em algo já feito.

    Ainda to em dúvida entre C e D..

  • dicionário michaelis

    irrelevante: SEM relevo; de pouca importância

    acéfalo: SEM cabeça, sem a parte superior ou principal

    vai entender

  • Gabarito evidentemente errado. Há duas questões corretas, sem mais. O resto é tentar justificar o injustificável da banca. Bola pra frente. Avante sempre

  • "o tema é irrelevante".

    Isso não é relevante

    "desumano"

    "Isso não é humano"

    GABARITO: D

  • Acho que alcançei o sentido da questão.

    INACESSIBILIDADE (foi a minha aposta) e ACÉFALO tem prefixos de valor negativo também como no enunciado.

    A forma modificada, contudo, mostra que têm o mesmo sentido de NÃO HÁ, posse. Ou seja, é a qualidade de não ter acesso e não ter encéfalo.

    Já a resposta converge com a mesma ideia de IRRELEVANTE

    o prefixo da a qualidade de NÃO SER.

    IRRELEVANTE = NÃO É INTERESSANTE

    DESUMANO = NÃO É HUMANO

  • Desfazer – prefixo utilizado para mobilização inversa ao ato fazer, pense também como movimento. Ex. ele desfez o monte de areia com a inchada.

    Despedaçar – Fazer pedaço.

    Inacessibilidade- Prefixo designado a privação do acesso diferente da ideia do comando da questão.

    Acéfalo- significa não ter cabeça. Para resolvermos essa questão sem invadir a abordagem sintática-semântica de Bechara devemos analisar o sentido conotativo usando por exemplo o abaixo a seguir:

    - O Secretário de segurança, por não constar como repartição na organização administrativa, ficou acéfalo. (ficou nervoso) A questão pede o valor semântico do prefixo e como pode ver distingue do citado.

    Compare abaixo,

    Desumano- que não pertence a espécie humana.

    Irrelevante – que não tem valor.

    Gabarito D.

    Quem quiser se aprofundar no trabalho do Bechara que investiga o prefixo em adjetivos e em nomes. Segue o link!

    https://revistas.ufpr.br/abralin/article/download/52357/32245

  • Eu juro que tentei, mas não consegui entender.

  • Irrelevante = NÃO relevante (sentido negativo).

    Desumano = pessoa que NÃO é humano (sentido negativo).

     

    Gabarito: D

  • NÃO ENTENDI PAKAS

  • Que banca lixo!

  • POR..R ...A NADA HAVER, SE ESTA QUESTÃO TIVER UM GABARITO A LÍNGUA PORTUGUESA TEM E ACABAR. LIXO!

  • irrelevante é o que não é relevante e é uma característica

    O único que também também tem sentido contrário e é característica é humano e desumano