SóProvas


ID
1259842
Banca
FCC
Órgão
TCE-RS
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Nosso jeitinho

      Um amigo meu, estrangeiro, já há uns seis anos morando no Brasil, lembrava-me outro dia qual fora sua principal dificuldade - entre várias - de se adaptar aos nossos costumes. “Certamente foi lidar com o tal do jeitinho”, explicou. “Custei a entender que aqui no Brasil nada está perdido, nenhum impasse é definitivo: sempre haverá como se dar um jeitinho em tudo, desde fazer o motor do carro velho funcionar com um pedaço de arame até conseguir que o primo do amigo do chefe da seção regional da Secretaria de Alimentos convença este último a influenciar o Diretor no despacho de um processo”.
      Meu amigo estrangeiro estava, como se vê, reconhecendo a nossa “informalidade” - que é o nome chique do tal do jeitinho. O sistema - também batizado pelos sociólogos como o do “favor” - não deixa de ser simpático, embora esteja longe de ser justo. Os beneficiados nunca reclamam, e os que jamais foram morrem de inveja e mantêm esperanças. Até o poeta Drummond tratou da questão no poema “Explicação”, em que diz a certa altura: “E no fim dá certo”. Essa conclusão aponta para uma espécie de providencialismo místico, contrapartida divina do jeitinho: tudo se há de arranjar, porque Deus é brasileiro. Entre a piada e a seriedade, muita gente segue contando com nosso modo tão jeitoso de viver.
      É possível que os tempos modernos tenham começado a desfavorecer a solução do jeitinho: a informatização de tudo, a rapidez da mídia, a divulgação instantânea nas redes sociais, tudo se encaminha para alguma transparência, que é a inimiga mortal da informalidade. Tudo se documenta, se registra, se formaliza de algum modo - e o jeitinho passa a ser facilmente desmascarado, comprometido o seu anonimato e perdendo força aquela simpática clandestinidade que sempre o protegeu. Mas há ainda muita gente que acha que nós, os brasileiros, com nossa indiscutível criatividade, daremos um jeito de contornar esse problema. Meu amigo estrangeiro, por exemplo, não perdeu a esperança
.

                           (Abelardo Trabulsi, inédito)

Considerando-se o contexto, traduz-se INADEQUADAMENTE o sentido de um segmento em:

Alternativas
Comentários
    •  a) nenhum impasse é definitivo (1º parágrafo) = nenhu- ma instância é peremptória.
    Gabarito: A

    2. Que faz terminar a discussão ou dá a última palavra. = CATEGÓRICO, DECISIVO, DEFINITIVO, TERMINANTE

    http://www.priberam.pt/dlpo/perempt%C3%B3rio


    "peremptório", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/perempt%C3%B3rio [consultado em 30-08-2014].


  • Impasse não é sinônimo de instância, acredito ser esse o erro.

  • Peremptória: Que é determinante; que define; definitivo ou decisivo.

  • O erro está no impasse = instancia. 


  • Então "contornar" é adequadamente traduzido por "se esquivar"... complicado para minha cabeça.

  • a meu ver a letra C também está incorreta.

    Inserir a palavra providência com letra maiúscula não faz referência ao segmento do texto apresentado no item.
    Se o segmento fosse "uma espécie de providencialismo místico" estaria correto.
    Se quisessem dar um sentido de divindade não poderiam omitir o termo místico.
  • Impasse: Situação que não oferece saída favorável. 

    Instância: algo que está em iminência, preste a acontecer. 


    peremptória = definitivo

  • Concordo plenamente com o felipe rocha. "Contornar" o problema dá uma ideia de superação, de enfrentamento; já "esquivar-se" dá uma ideia de fuga, de não enfrentamento. Tenho uma dificuldade enorme nesse tipo de questão, parece que a FCC é arbitrária nas suas análises, pois são enunciados ambíguos.

  • Contornar é sinônimo de: cercarencurralarladearprecingir e rodear

    Esquivar é sinônimo de: afastar, atalhar, evitar e tolher

    fonte: http://www.dicio.com.br/