SóProvas


ID
1259854
Banca
FCC
Órgão
TCE-RS
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Nosso jeitinho

      Um amigo meu, estrangeiro, já há uns seis anos morando no Brasil, lembrava-me outro dia qual fora sua principal dificuldade - entre várias - de se adaptar aos nossos costumes. “Certamente foi lidar com o tal do jeitinho”, explicou. “Custei a entender que aqui no Brasil nada está perdido, nenhum impasse é definitivo: sempre haverá como se dar um jeitinho em tudo, desde fazer o motor do carro velho funcionar com um pedaço de arame até conseguir que o primo do amigo do chefe da seção regional da Secretaria de Alimentos convença este último a influenciar o Diretor no despacho de um processo”.
      Meu amigo estrangeiro estava, como se vê, reconhecendo a nossa “informalidade” - que é o nome chique do tal do jeitinho. O sistema - também batizado pelos sociólogos como o do “favor” - não deixa de ser simpático, embora esteja longe de ser justo. Os beneficiados nunca reclamam, e os que jamais foram morrem de inveja e mantêm esperanças. Até o poeta Drummond tratou da questão no poema “Explicação”, em que diz a certa altura: “E no fim dá certo”. Essa conclusão aponta para uma espécie de providencialismo místico, contrapartida divina do jeitinho: tudo se há de arranjar, porque Deus é brasileiro. Entre a piada e a seriedade, muita gente segue contando com nosso modo tão jeitoso de viver.
      É possível que os tempos modernos tenham começado a desfavorecer a solução do jeitinho: a informatização de tudo, a rapidez da mídia, a divulgação instantânea nas redes sociais, tudo se encaminha para alguma transparência, que é a inimiga mortal da informalidade. Tudo se documenta, se registra, se formaliza de algum modo - e o jeitinho passa a ser facilmente desmascarado, comprometido o seu anonimato e perdendo força aquela simpática clandestinidade que sempre o protegeu. Mas há ainda muita gente que acha que nós, os brasileiros, com nossa indiscutível criatividade, daremos um jeito de contornar esse problema. Meu amigo estrangeiro, por exemplo, não perdeu a esperança
.

                           (Abelardo Trabulsi, inédito)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o termo sublinhado na frase:

Alternativas
Comentários
    •  a) As soluções postas em prática pelo jeitinho brasileiro não DEIXAM (deixar) de intrigar os estrangeiros, que não entendem tamanha informalidade.
    •  b) Mesmo os brasileiros a quem que não (ocorrer) valer-se do jeitinho sabem reconhecê-lo como uma prática social até certo ponto legítima.
    •  c) Os avanços da tecnologia, sobretudo os da informática, (conspirar) contra a prática tradicional do jeitinho brasileiro.
    •  d) Acredita-se que a transparência dos meios de comunicação (tender)TENDE a se converter numa espécie de inimiga mortal da informalidade.GABARITO

    •  e) Informalidade, sistema de favor, jeitinho, muitas são as denominações que se (aplicar) a um mesmo fenômeno social. (Pronome Relativo sempre retoma termo)


  • O VERBO TENDER FICA NO SINGULAR PQ. TEMOS NA FRASE SUJEITO ORACIONAL, INICIADO PELO QUE NA ORAÇÃO, LOGO O VERBO DEVE FICAR NA 3ª PS, POR ISSO O GABARITO É A LETRA D!

  • a) As SOLUÇÕES não DEIXAM (verbo no plural, a palavra sublinhada no singular JEITINHO)

    b) ...a QUEM que não OCORRE (verbo no singular, palavra sublinhada no plural BRASILEIROS)

    c) Os AVANÇOS .... CONSPIRAM (verbo no plural, palavra sublinhada no singular INFORMÁTICA)

    d) ....a TRANSPARÊNCIA ....TENDE (verbo no singular, palavra sublinhada no singular TRANSPARÊNCIA) ;)

    e) ....DENOMINAÇÕES que se APLICAM (verbo no plural, palavra sublinhada no singular FENÔMENO)

  • Olá!

    Por favor, alguém sabe o sujeito do verbo "ocorrer" na letra 'b' ?

  • Olá Alan, segundo minha análise o sujeito do verbo ocorrer na oração é "que" que retoma o termo imediatamente anterior"quem" e não brasileiros como está sublinhado.  

    Mesmo os brasileiros / a quem que não ocorre valer-se do jeitinho / sabem reconhecê-lo como uma prática social até certo ponto legítima.
    Porém, se não houvesse o pronome quem, o verbo concordaria com brasileiros ficando:
    Mesmo os brasileiros que (os quais) não ocorrem valer-se do jeitinho sabem reconhecê-lo.... Nesse caso o que retoma brasileiros e por isso o plural.
    Bom, se eu estiver errada que me corrijam rsrs. 
    Bons estudos a todos!
  • Na verdade Fernanda o sujeito de 'ocorre' é 'valer-se do jeitinho', ou seja é oracional

  • a) deixar refere-se a " as soluções postas"
    b) ocorrer refere-se a "a quem"
    c) conspirar refere-se a avanços
    d) certa
    e) aplicar refere-se a denominações

  •  a) As soluções postas em prática pelo jeitinho brasileiro não (deixar) de intrigar os estrangeiros, que não entendem tamanha informalidade. DEVE CONCORDAR COM AS SOLUÇÕES 

     

     b) Mesmo os brasileiros a quem que não (ocorrer) valer-se do jeitinho sabem reconhecê-lo como uma prática social até certo ponto legítima. O VERBO CONCORDA COM O TERMO ANTECEDENTE OU COM O PROPRIO QUEM NA 3º P SINGULAR.

     

     c) Os avanços da tecnologia, sobretudo os da informática, (conspirar) contra a prática tradicional do jeitinho brasileiro. CONCORDA COM OS AVANÇOS.

     

     d) Acredita-se que a transparência dos meios de comunicação (tender) a se converter numa espécie de inimiga mortal da informalidade. CORRETA. 

     

     e) Informalidade, sistema de favor, jeitinho, muitas são as denominações que se (aplicar) a um mesmofenômeno social. INCORRETA= concorda com as denominações

  • DICAS

    ---> sabe-se que não existe sujeito preposicionado

    ---> o verbo só concorda com o núcleo sujeito

    ---> colocar a oração na ordem direta para facilitar a visualização do sujeito e do verbo