SóProvas


ID
1263493
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFGD
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                        Pensando livremente sobre o livre arbítrio 

                                                                                                Marcelo Gleiser

      Todo mundo quer ser livre; ou, ao menos, ter alguma liberdade de escolha na vida. Não há dúvida de que todos temos nossos compromissos, nossos vínculos familiares, sociais e profissionais. Por outro lado, a maioria das pessoas imagina ter também a liberdade de escolher o que fazer, do mais simples ao mais complexo: tomo café com açúcar ou adoçante? Ponho dinheiro na poupança ou gasto tudo? Em quem vou votar na próxima eleição? Caso com a Maria ou não?
      A questão do livre arbítrio, ligada na sua essência ao controle que temos sobre nossas vidas, é tradicionalmente debatida por filósofos e teólogos. Mas avanços nas neurociências estão mudando isso de forma radical, questionando a própria existência de nossa liberdade de escolha. Muitos neurocientistas consideram o livre arbítrio uma ilusão. Nos últimos anos, uma série de experimentos detectou algo surpreendente: nossos cérebros tomam decisões antes de termos consciência delas. Aparentemente, a atividade neuronal relacionada com alguma escolha (em geral, apertar um botão) ocorre antes de estarmos cientes dela. Em outras palavras, o cérebro escolhe antes de a mente se dar conta disso.
      Se este for mesmo o caso, as escolhas que achamos fazer, expressões da nossa liberdade, são feitas inconscientemente, sem nosso controle explícito.
      A situação é complicada por várias razões. Uma delas é que não existe uma definição universalmente aceita de livre arbítrio. Alguns filósofos definem livre arbítrio como sendo a habilidade de tomar decisões racionais na ausência de coerção. Outros consideram que o livre arbítrio não é exatamente livre, sendo condicionado por uma série de fatores, desde a genética do indivíduo até sua história pessoal, situação pessoal, afinidade política etc.
      Existe uma óbvia barreira disciplinar, já que filósofos e neurocientistas tendem a pensar de forma bem diferente sobre a questão. O cerne do problema parece estar ligado com o que significa estar ciente ou ter consciência de um estado mental. Filósofos que criticam as conclusões que os neurocientistas estão tirando de seus resultados afirmam que a atividade neuronal medida por eletroencefalogramas, ressonância magnética funcional ou mesmo com o implante de eletrodos em neurônios não mede a complexidade do que é uma escolha, apenas o início do processo mental que leva a ela.
      Por outro lado, é possível que algumas de nossas decisões sejam tomadas a um nível profundo de consciência que antecede o estado mental que associamos com estarmos cientes do que escolhemos. Por exemplo, se, num futuro distante, cientistas puderem mapear a atividade cerebral com tal precisão a ponto de prever o que uma pessoa decidirá antes de ela ter consciência da sua decisão, a questão do livre arbítrio terá que ser repensada pelos filósofos.
      Mesmo assim, me parece que existem níveis diferentes de complexidade relacionados com decisões diferentes, e que, ao aumentar a complexidade da escolha, fica muito difícil atribuí-la a um processo totalmente inconsciente. Casar com alguém, cometer um crime e escolher uma profissão são ponderações longas, que envolvem muitas escolhas parciais no caminho que requerem um diálogo com nós mesmos. Talvez a confusão sobre o livre arbítrio seja, no fundo, uma confusão sobre o que é a consciência humana. 

                        http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2014/01/ 1396284-pensando-livremente-sobre-o-livre-arbitrio.shtml.


Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao que se afirma a seguir

Alternativas
Comentários
  • Alternativa B para quem não é assinante.

  •  Gab.: B

    Em “...tomo café com açúcar...” funciona como complemento nominal [Errado]

    "Café" não exige complemento, logo, é um adjunto adnominal, termo acessório da oração.

  • GABARITO LETRA B.

     

    ADJUNTO ADNOMINAL: é o termo da oração que acompanha e modifica um substantivo, conferindo-lhe características e atributos. Acompanha sempre o substantivo nuclear de uma determinada função sintática, ou seja, acompanha o núcleo do sujeito, o núcleo do objeto direto.

     

    CLASSIFICAÇÃO SINTÁTICA:

     

    EU= SUJEITO DESINENCIAL/OCULTO

    TOMO (NO SENTIDO DE INGERIR) = VERBO TRANSITIVO

    CAFÉ COM AÇÚCAR= OBJETO DIRETO 

     

    >COM AÇÚCAR= ADJUNTO ADNOMINAL QUE ACOMPANHA O SUBSTATANTIVO (CAFÉ) e o OBJETO DIRETO DA ORAÇÃO.

     

     

  • c) Em “Mesmo assim, me parece que existem...”, pode ficar após o verbo.

     

    O correto não seria "DEVE ficar após o verbo" ??

     

    Fiquei com essa dúvida.

  • são duas as respostas erradas,pois na letra C a próclese é proibida,sendo obrigatório o uso da ênclese,e não apenas uma possibilidade.

  • SEMPRE QUE SE REFERIR A UM SUBSTANTIVO CONCRETO SERA ADJUNTO ADNOMINAL. SEMPRE QUE FORMAR LOCUÇÃO ADJETIVA ( CAFÉ ACUCARADO) SER ADJ. ADVERBIAL. A DUVIDA IRA SURGIR QNDO FOR SUBSTANTIVO ABSTRATO + PREP DE, AÍ TEREMOS QUE VER O SENTIDO. SE FOR A ATIVO É ADJ ADN ( AAAAAA) SE FOR PASSIVO É COMPLEMENTO. OUTRA DICA. O COMPLEMENTO ACEITA TODAS AS PREPOSIÇÕES, O ADJ SO A PREP. DE.

  • A alternativa B está errada, pois o termo é um adjunto adverbial! Para ser um complemento deveria se referir a um nome!

  • Alternativa "C" está ERRADA !!!!

    Em “Mesmo assim, me parece que existem...”, pode ficar após o verbo.

    Não "pode", DEVE ficar após o verbo !!!!!

    Instituto AOCP , assim fica difícil !

  • letra C também está INCORRETA!

    "ME" é pronome oblíquo átono, não se inicia uma oração com pronome oblíquo átono.

  • A) Em “...são ponderações longas...”, funciona como predicativo. (CERTO, temos um verbo de ligação + uma característica);

    B)Em “...tomo café com açúcar...” funciona como complemento nominal; AQUI O FILHO CHORA E A MÃE NÃO Vê:

    CN vs. Adj. Adnominal

    café com açúcar -- CAFÉ é substantivo CONCRETO, então, ja descarta a possibilidade de CN. Lembrando, adjunto adnominal completa sentido de substantivo concreto ou abstrato e numeral, não é nenhum desses? então parte para o CN;

    A duvida se é CN ou Adj Adn. Só vai ocorrer se SUBST ABSTRATO + DE --- temos que verificar se é AGENTE ou PACIENTE; Exemplos:

    • O peso da mesa .... PESO é substantivo abstrato, temos a preposição DE na jogada, verificando: A MESA É PESADA --- ATIVO, logo, ADJ ADN.
    • Ele tem orgulho do filho. ORGULHO substantivo abstrato, temos a prep DE, verificando: o filho tem orgulho ou o filho é o motivo(recebe) do orgulho? o filho é o motivo, sentido PASSIVO, logo, CN.

    C) Em “Mesmo assim, me parece que existem...”, pode ficar após o verbo. Para mim existe uma diferença entre PODER e DEVER, no caso, DEVERIA estar após o verbo.

    D) Em “...imagina ter também a liberdade...”, indica acréscimo. OK

    E) Em “...são feitas inconscientemente, sem nosso controle...”, expressa modo. OK

    Para aprender mais sobre Complemento nominal e Adjunto Adnominal, recomendo essa aula completíssima do professor Victor Linard:

    https://www.youtube.com/watch?v=DjU6QC_Cv0w