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ID
1265197
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFGD
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                        Pensando livremente sobre o livre arbítrio 

                                                                                                Marcelo Gleiser

      Todo mundo quer ser livre; ou, ao menos, ter alguma liberdade de escolha na vida. Não há dúvida de que todos temos nossos compromissos, nossos vínculos familiares, sociais e profissionais. Por outro lado, a maioria das pessoas imagina ter também a liberdade de escolher o que fazer, do mais simples ao mais complexo: tomo café com açúcar ou adoçante? Ponho dinheiro na poupança ou gasto tudo? Em quem vou votar na próxima eleição? Caso com a Maria ou não?
      A questão do livre arbítrio, ligada na sua essência ao controle que temos sobre nossas vidas, é tradicionalmente debatida por filósofos e teólogos. Mas avanços nas neurociências estão mudando isso de forma radical, questionando a própria existência de nossa liberdade de escolha. Muitos neurocientistas consideram o livre arbítrio uma ilusão. Nos últimos anos, uma série de experimentos detectou algo surpreendente: nossos cérebros tomam decisões antes de termos consciência delas. Aparentemente, a atividade neuronal relacionada com alguma escolha (em geral, apertar um botão) ocorre antes de estarmos cientes dela. Em outras palavras, o cérebro escolhe antes de a mente se dar conta disso.
      Se este for mesmo o caso, as escolhas que achamos fazer, expressões da nossa liberdade, são feitas inconscientemente, sem nosso controle explícito.
      A situação é complicada por várias razões. Uma delas é que não existe uma definição universalmente aceita de livre arbítrio. Alguns filósofos definem livre arbítrio como sendo a habilidade de tomar decisões racionais na ausência de coerção. Outros consideram que o livre arbítrio não é exatamente livre, sendo condicionado por uma série de fatores, desde a genética do indivíduo até sua história pessoal, situação pessoal, afinidade política etc.
      Existe uma óbvia barreira disciplinar, já que filósofos e neurocientistas tendem a pensar de forma bem diferente sobre a questão. O cerne do problema parece estar ligado com o que significa estar ciente ou ter consciência de um estado mental. Filósofos que criticam as conclusões que os neurocientistas estão tirando de seus resultados afirmam que a atividade neuronal medida por eletroencefalogramas, ressonância magnética funcional ou mesmo com o implante de eletrodos em neurônios não mede a complexidade do que é uma escolha, apenas o início do processo mental que leva a ela.
      Por outro lado, é possível que algumas de nossas decisões sejam tomadas a um nível profundo de consciência que antecede o estado mental que associamos com estarmos cientes do que escolhemos. Por exemplo, se, num futuro distante, cientistas puderem mapear a atividade cerebral com tal precisão a ponto de prever o que uma pessoa decidirá antes de ela ter consciência da sua decisão, a questão do livre arbítrio terá que ser repensada pelos filósofos.
      Mesmo assim, me parece que existem níveis diferentes de complexidade relacionados com decisões diferentes, e que, ao aumentar a complexidade da escolha, fica muito difícil atribuí-la a um processo totalmente inconsciente. Casar com alguém, cometer um crime e escolher uma profissão são ponderações longas, que envolvem muitas escolhas parciais no caminho que requerem um diálogo com nós mesmos. Talvez a confusão sobre o livre arbítrio seja, no fundo, uma confusão sobre o que é a consciência humana. 

                        http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2014/01/ 1396284-pensando-livremente-sobre-o-livre-arbitrio.shtml.


Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao que se afirma a seguir.

Alternativas
Comentários
  • Foi respondido na questão Q365360 (é a mesma).

    Bons estudos!!
  • Em “...tomo café com açúcar...” funciona como complemento nominal? Não, pois CAFÉ é substantivo concreto seguido de preposição + substantivo, com açúcar, portanto, com açúcar funciona como adjunto adnominal.

    A letra C não está totalmente certa pois onde fala  "pode ficar após o verbo" deveria estar escrito: DEVE ficar após o verbo, pois a vírgula expulsa o pronome oblíquo.

  • Tomo café com açúcar    (ERRADO)   OBS. Cuidado com o verbo, pois ele é VTDI, logo com açúcar é OI e Café OD.

  • Gente, cuidado com as explicações sem fundamento! as pessoas colocam o que acham e tem muita gente aprendendo errado...

    Segue a explicação mais completa, que não foi minha e sim da colega: JESSICA NUNES na questão igual de numero Q365360:

    Gabarito - Letra B

    b) Em “...tomo café com açúcar...” funciona como complemento nominal.

           Café - subst. concreto, logo com açúcar é adj. adnominal.

     

     - Identificou o termo antecedente como subst. abstrato pode ser C.N. ou A.A., mas sendo subst. concreto só pode ser A.A.;

    - Para identificar no caso de abstrato verificar se o termo antecedente tem natureza passiva (C.N.) ou agente (A.A.);

    - C.N sempre preposicionado, o A. A. ocasionalmente preposicionado;

    - C.N completa subst. abstratos, adjetivos ou advérbios; A.A. acompanha subst. abstrato e concreto.

  • Com açucar é adjunto adnominal, pois o subst. açucar é "concreto". 

  • Tenho acompanhado muitos comentários equivocados de alguns colegas :/ 

  • Café é um substantivo concreto e não abstrato termo preposicionado completando sentido de substantivo concreto  logo adjunto adnominal e não complemento 

  • "Pode ficar após o verbo" dá ideia de discricionariedade, ou seja, também pode ficar antes do verbo. E isso está COMPLETAMENTE incorreto. No caso da assertiva C, o "me" DEVE estar posicionado após o verbo, e não uma mera faculdade.

  • Hierarquicamente temos os termos: ESSENCIAIS, INTEGRANTES e ACESSÓRIOS.

    O complemento nominal faz parte do termo integrante.

    O adjunto adnominal faz parte do termo acessório, que se retirado da oração não trás prejuízo sintático ele é relevante para a semântica.

    Obs: o complemento nominal nunca está presente em verbos de ligação apenas naqueles que tenham por marca a transitividade: VTD, VTI, VTDI ...