SóProvas


ID
1269865
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFS
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

           Homenagem ao fracasso

Marcelo Gleiser

      Numa sociedade em que o sucesso é almejado e festejado acima de tudo, onde estrelas, milionários e campeões são os ídolos de todos, o fracasso é visto como algo embaraçoso e constrangedor, que a gente evita a todo custo e, quando não tem jeito, esconde dos outros. Talvez não devesse ser assim.
      Semana passada, li um ensaio sobre o fracasso no “New York Times” de autoria de Costica Bradatan, que ensina religião comparada em uma universidade nos EUA. Inspirado por Bradatan, resolvi apresentar minha própria homenagem ao fracasso.
      Fracassamos quando tentamos fazer algo. Só isso já mostra o valor do fracasso, representando nosso esforço. Não fracassar é bem pior, pois representa a inércia ou, pior, o medo de tentar. Na ciência ou nas artes, não fracassar significa não criar. Todo poeta, todo pintor, todo cientista coleciona um número bem maior de fracassos do que de sucessos. São frases que não funcionam, traços que não convencem, hipóteses que falham. O físico Richard Feynman famosamente disse que cientistas passam a maior parte de seu tempo enchendo a lata de lixo com ideias erradas. Pois é. Mas sem os erros não vamos em frente. O sucesso é filho do fracasso.
      Tem gente que acha que gênio é aquele cara que nunca fracassa, para quem tudo dá certo, meio que magicamente. Nada disso. Todo gênio passa pelas dores do processo criativo, pelos inevitáveis fracassos e becos sem saída, até chegar a uma solução que funcione. Talvez seja por isso que o autor Irving Stone tenha chamado seu romance sobre a vida de Michelangelo de “A Agonia e o Êxtase”. Ambos são partes do processo criativo, a agonia vinda do fracasso, o êxtase do senso de alcançar um objetivo, de ter criado algo que ninguém criou, algo de novo.
      O fracasso garante nossa humildade ao confrontarmos os desafios da vida. Se tivéssemos sempre sucesso, como entender os que fracassam? Nisso, o fracasso é essencial para a empatia, tão importante na convivência social.
      Gosto sempre de dizer que os melhores professores são os que tiveram que trabalhar mais quando alunos. Esse esforço extra dimensiona a dificuldade que as pessoas podem ter quando tentam aprender algo de novo, fazendo do professor uma pessoa mais empática e, assim, mais eficiente. Sem o fracasso, teríamos apenas os vencedores, impacientes em ensinar os menos habilidosos o que para eles foi tão fácil de entender ou atingir.
      Claro, sendo os humanos do jeito que são, a vaidade pessoal muitas vezes obscurece a memória dos fracassos passados; isso é típico daqueles mais arrogantes, que escondem seus fracassos e dificuldades por trás de uma máscara de sucesso. Se o fracasso fosse mais aceito socialmente, existiriam menos pessoas arrogantes no mundo.
      Não poderia terminar sem mencionar o fracasso final a que todos nos submetemos, a falha do nosso corpo ao encontrarmos a morte. Desse fracasso ninguém escapa, mesmo que existam muitos que acreditem numa espécie de permanência incorpórea após a morte. De minha parte, sabendo desse fracasso inevitável, me apego ao seu irmão mais palatável, o que vem das várias tentativas de viver a vida o mais intensamente possível. O fracasso tem gosto de vida.

     http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2013/12/ 1388789-homenagem-ao-fracasso.shtml

Assinale a alternativa INCORRETA quanto à função sintática das expressões em destaque.

Alternativas
Comentários
  • Sem o fracasso: sujeito

    Lembrando que: adjunto adnominal atua como complemento do nome.

    Gabarito: C

  • A expressão "Sem o fracasso" não é sujeito de nenhum verbo, Loiane.

    Colocando na ordem direta, o mais provável é que "Sem o fracasso" seja um Adj. Adv. de condição.
    Me corrijam se eu estiver errado.
  • c)“Sem o fracasso, teríamos apenas...” é adjunto adverbial e nao adnominal

  • Acredito que não seja adjunto Adverbial.

    colocando em ordem direta ficaria: Nós teriamos apenas os vencedores sem o fracasso

    Vencedores é um adjetivo e o termo que completa o sentido de uma adjetivo é complemnto nominal.

    Questão errada.

     

  • Sem o fracasso não é sujeito, pois o sujeito não pode estar separado do seu predicado.

    Coloquem na ordem direta e verão que é adj. adv.

    Pela regra da pontuação dá pra perceber isso, pois emprega-se a vírgula sempre que há adj adv deslocado, justamente o que ocorre na questão. 

     

     

    Gab. C

  • c)

    Sem o fracasso, teríamos apenas...” (adjunto adnominal)

     

    Adjunto Adverbial de Modo;

    modo como tériamos apenas ficado.

  • Gab. C

     

    Ordem direta:

     

    Nós teríamos apenas os vencedores, impacientes em ensinar os menos habilidosos o que para eles foi tão fácil de entender ou atingir, sem o fracasso

     

    Sem o fracasso, funciona como um adj. ADVERBIAL, pois impõe uma CIRCUNSTÂNCIA

     

    adjunto adverbial tem com função indicar uma circunstância de: lugar, tempo, modo, meio, causa, finalidade, intensidade, frequência, companhia...

  • GABARITO LETRA C.

     

    Adjunto adverbial deslocado e acompanhado com vírgula, logo NÃO É ADJUNTO ADNOMINAL.

  • Alguém pra explicar a D?

  • A letra D: Desse fracasso, ninguém escapa. Mudando a ordem : Ninguém escapa desse fracasso.

    Escapa: escapa de quê? (exige preposição), logo Verbo Transitivo Indireto

    Desse: de+esse é possível verificar que para a construção deste termo foi necessária a preposição, logo desse fracasso é Objeto Indireto

  • . Sem o fracasso, teríamos apenas os vencedores

    Reescrevendo o trecho, temos: Teríamos (futuro do pretérito do indicativo, indica uma circunstância que depende de outra para acontecer, isto é, que uma outra condição seja atendida) apenas os vencedores, se não tivéssemos o fracasso (adverbial de condição).