SóProvas


ID
1274356
Banca
FCC
Órgão
HEMOBRÁS
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Mercado fecha portas para jovens com pouco ensino
Nem nem” pouco escolarizado preocupa

Érica Fraga

De cada 10 jovens entre 17 e 22 anos que não comple- taram o ensino fundamental, 3 continuam longe da escola e sem emprego. Essa situação piorou nos últimos anos e preocupa especialistas e o governo.

O maior temor é que essa fatia da população se torne mais vulnerável a riscos como os de inserção precária no mercado de trabalho e envolvimento com crime.

“Eles estão cada vez mais distantes da escola e, para entrar no mercado de trabalho, enfrentam a concorrência dos jovens que estão se tornando mais escolarizados”, diz Naercio Menezes, do Insper.

Os jovens que não trabalham nem estudam, conhecidos como “nem nem” (do espanhol “ni ni”), despertaram a atenção de pesquisadores brasileiros nos últimos anos. Menezes constatou, por exemplo, em 2010, que a proporção de jovens brasileiros com esse perfil estava crescendo de forma geral.

Em estudo, ele concluiu que essa expansão ocorreu em todas as faixas de escolaridade, mas foi maior entre os jovens com menos anos de estudo.

Para Menezes e outros pesquisadores que estudam os “nem nem”, como a economista Joana Monteiro, da FGV/Rio, a expansão da fatia desse grupo como um todo em relação ao total de jovens não é motivo para alarme. Menezes ressalta que essa situação, entre os jovens, é normalmente transitória.

Monteiro enfatiza em estudo sobre o tema que, entre os “nem nem” com mais de 19 anos, há uma fatia grande de mulheres que trabalham em casa e têm filhos. Mas os dois demonstram preocupação com a parcela significativa de jovens com poucos anos de estudo que têm ficado à margem da expansão da escolaridade e do mercado de trabalho.

“Esse grupo merece atenção especial porque sua situação pode virar um problema social, à medida que sua volta para a escola ou inserção no mercado de trabalho vão ficando mais difíceis”, afirma Monteiro.

O estudo do Insper mostra que, além do maior ritmo de entrada, os jovens com baixa escolaridade ficam mais tempo fora da escola e do mercado de trabalho. Mas há muitos casos de jovens que deixam de ser “nem nem” e, depois, voltam a essa condição.

Para a pesquisadora Ana Lúcia Kassouf, da USP, é preciso tornar a escola mais atraente para evitar a evasão dos jovens. Ela diz que o abandono dos estudos aumenta riscos como o de envolvimento com o crime. “Os jovens que estão fora da escola e sem trabalhar vêm em maior escala de famílias com renda baixa e se tornam mais vulneráveis a riscos como o da criminalidade”, diz. “É preciso mostrar a eles que a escola traz um retorno no futuro”.

(Adaptado de: Caderno “Mercado”, do jornal Folha de S.Paulo. Domingo, 25 de agosto de 2013, p. B10)

O uso da expressão nem nem, de origem espanhola, ganha um toque de humor crítico no texto em português, quando as duas conjunções aditivas juntas assumem o valor de substantivo. A graça deriva do recurso de, assim, somar-se à caracterização dos jovens que não estudam ou trabalham um sentido de:

Alternativas
Comentários
  • “Nem nem” é imaturo e independente.

    Gabarito d

  • Japa, apenas corrigindo-o:
    "nem nem", nem estuda nem trabalha. 
    > Primeiro,imaturidade. É correto dizer que nos dias atuais, optar por não estudar e muito menos trabalhar, trata-se de uma atitude imatura por parte desses jovens. Esse conceito é bem mais abrangente, e utilizado muitas vezes no sentido de "ser infantil". O imaturo, não responde pelos seus atos, vê o mundo ou a sociedade como a causa dos seus problemas e não associa que o fator determinante é ele mesmo. Prefere manter-se inflexível e estático em um mundo turbulento de constantes mudanças, o imaturo não consegue perceber que esforços realizados no presente ensejarão benefícios para o futuro.
    > Segundo, dependência. Corrigindo nosso amigo Japa, os "nem nem" são dependentes. Claro, pois, se não estudam nem trabalham, dependem de algo ou alguém, necessariamente para se sustentarem. Isso gera comodismo,parasitismo e pouca vontade de mudar o cenário,já que, mesmo sem esforçar-se estudando ou trabalhando é capaz de ser sustentado. Ou, pressionado muitas vezes e frustados com a falta de oportunidades de trabalho recorrem ao "mundo do crime" como o caminho mais rápido  fácil para conseguir dinheiro.