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ID
1283344
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Ao cabo de uma palestra, perguntaram-me se concordo com a tese de que só é possível filosofar em alemão. Não foi a
primeira vez. Essa questão se popularizou a partir de versos da canção “Língua”, de Caetano Veloso (“Está provado que só é possível filosofar em alemão”).
      Ocorre que os versos que se encontram no interior de uma canção não estão necessariamente afirmando aquilo que
afirmariam fora do poema. O verso em questão possui carga irônica e provocativa: tanto mais quanto a afirmação é geralmente atribuída a Heidegger, filósofo cujo tema precípuo é o ser. Ora, logo no início de “Língua”, um verso (“Gosto de ser e de estar”) explora um privilégio poético-filosófico da língua portuguesa, que é a distinção entre ser e estar: privilégio não compartilhado pela língua alemã. Mas consideremos a tese de Heidegger. Para ele, a língua do pensamento por excelência é a alemã. Essa pretensão tem uma história. Os pensadores românticos da Alemanha inventaram a superioridade filosófica do seu idioma porque foram assombrados pela presunção, que lhes era opressiva, da superioridade do latim e do francês.
      O latim foi a língua da filosofia e da ciência na Europa desde o Império Romano até a segunda metade do século XVIII, enquanto o alemão era considerado uma língua bárbara. Entre os séculos XVII e XVIII, a França dominou culturalmente a Europa. Paris foi a nova Roma e o francês o novo latim. Não admira que os intelectuais alemães - de origem burguesa - tenham reagido violentamente contra o culto que a aristocracia do seu país dedicava a tudo o que era francês e o concomitante desprezo que reservava a tudo o que era alemão. Para eles, já que a França se portava como a herdeira de Roma, a Alemanha se identificaria com a Grécia. Se o léxico francês era descendente do latino, a morfologia e a sintaxe alemãs teriam afinidades com as gregas. Se modernamente o francês posava de língua da civilização universal, é que eram superficiais a civilização e a universalidade; o alemão seria, ao contrário, a língua da particularidade germânica: autêntica, profunda, e o equivalente moderno do grego.
      Levando isso em conta, estranha-se menos o fato de que Heidegger tenha sido capaz de querer crer que a superficialidade que atribui ao pensamento ocidental moderno tenha começado com a tradução dos termos filosóficos gregos para o latim; ou de afirmar que os franceses só consigam começar a pensar quando aprendem alemão.
      Estranho é que haja franceses ou brasileiros que acreditem nesses mitos germânicos, quando falam idiomas derivados da língua latina, cujo vocabulário é rico de 2000 anos de filosofia, e que tinha - ela sim - enorme afinidade com a língua grega.
(CICERO, A. A filosofia e a língua alemã. In: F. de São Paulo. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustradi/fq0505200726. htm. Acesso em: 8/06/2014)

De acordo com o contexto, o elemento que introduz uma oração em que se restringe o sentido do antecedente está grifado em:

Alternativas
Comentários
  • e) ... os versos que se encontram no interior de uma canção... 

    Oração subordinada adjetiva restritiva

    É introduzida por um pronome relativo e não possui vírgula

  • Da forma que a frase está construída há uma restrição, informando que "somente" àqueles versos que se encontram no interior de uma canção "é que" não estão necessariamente afirmando aquilo que afirmariam fora do poema.

    Caso a parte referida no texto estivesse entre vírgulas seria considerada explicativa:

    Ocorre que os versos, que se encontram no interior de uma canção, não estão necessariamente afirmando aquilo que 
    afirmariam fora do poema.


  • As Orações Subordinadas Adjetivas classificam-se em:

    1. RESTRITIVAS:

    Restringem, limitam a significão do seu antecedente ( substantivo ou pronome). São indispenveis ao sentido do período e não se separam da oração principal por vírgula. Ex: "Há alunos QUE PRATICAM ESPORTE."

    Observe

    que a oração que praticam esporte está restringindo o sentido do termo alunos, pois  nem todos praticam esportes.

    Outros exemplos:

    “O sol QUE SE FILTRA ATRAVÉS DAS FOLHAS desenha no ar colunas amarelas de poeira...”(J. Amado)

    “Mas pitangas são frutas QUE SE ESCONDEM...”(C. Lispector)

    2. EXPLICATIVAS.

    Não limitam o sentido do antecedente .Acrescentam uma informão que pode ser eliminada sem causar prejuízo para a compreeno lógica da frase. Vêm sempre separadas da oração principal por vírgula.

    Ex:

    “O Brasil,QUE É O MAIOR PAÍS DAAMÉRICA DO SUL, têm milhões de analfabetos.”

    A oração adjetiva explicativa que é o maior país da América do Sul pode ser eliminada sem que a compreensão lógica da frase fique prejudicada.

    Outros exemplos:

    “... recebi o pagamento das mãos de meu pai, QUE ME DEU UMA SOVA DE VARA DEMARMELO .”

    (M. Assis)

    “Durante a noite, NA QUAL ME FALTOU OSONO, meus pensamentos giravam em tornodela...”

    (M. Rubião)

    fonte: https://pt.scribd.com/doc/36478657/ORACOES-SUBORDINADAS-ADJETIVAS

  • Pronome relativo!!!

  • O difícil é entender o que a questão quer :(