SóProvas


ID
1283350
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Ao cabo de uma palestra, perguntaram-me se concordo com a tese de que só é possível filosofar em alemão. Não foi a
primeira vez. Essa questão se popularizou a partir de versos da canção “Língua”, de Caetano Veloso (“Está provado que só é possível filosofar em alemão”).
      Ocorre que os versos que se encontram no interior de uma canção não estão necessariamente afirmando aquilo que
afirmariam fora do poema. O verso em questão possui carga irônica e provocativa: tanto mais quanto a afirmação é geralmente atribuída a Heidegger, filósofo cujo tema precípuo é o ser. Ora, logo no início de “Língua”, um verso (“Gosto de ser e de estar”) explora um privilégio poético-filosófico da língua portuguesa, que é a distinção entre ser e estar: privilégio não compartilhado pela língua alemã. Mas consideremos a tese de Heidegger. Para ele, a língua do pensamento por excelência é a alemã. Essa pretensão tem uma história. Os pensadores românticos da Alemanha inventaram a superioridade filosófica do seu idioma porque foram assombrados pela presunção, que lhes era opressiva, da superioridade do latim e do francês.
      O latim foi a língua da filosofia e da ciência na Europa desde o Império Romano até a segunda metade do século XVIII, enquanto o alemão era considerado uma língua bárbara. Entre os séculos XVII e XVIII, a França dominou culturalmente a Europa. Paris foi a nova Roma e o francês o novo latim. Não admira que os intelectuais alemães - de origem burguesa - tenham reagido violentamente contra o culto que a aristocracia do seu país dedicava a tudo o que era francês e o concomitante desprezo que reservava a tudo o que era alemão. Para eles, já que a França se portava como a herdeira de Roma, a Alemanha se identificaria com a Grécia. Se o léxico francês era descendente do latino, a morfologia e a sintaxe alemãs teriam afinidades com as gregas. Se modernamente o francês posava de língua da civilização universal, é que eram superficiais a civilização e a universalidade; o alemão seria, ao contrário, a língua da particularidade germânica: autêntica, profunda, e o equivalente moderno do grego.
      Levando isso em conta, estranha-se menos o fato de que Heidegger tenha sido capaz de querer crer que a superficialidade que atribui ao pensamento ocidental moderno tenha começado com a tradução dos termos filosóficos gregos para o latim; ou de afirmar que os franceses só consigam começar a pensar quando aprendem alemão.
      Estranho é que haja franceses ou brasileiros que acreditem nesses mitos germânicos, quando falam idiomas derivados da língua latina, cujo vocabulário é rico de 2000 anos de filosofia, e que tinha - ela sim - enorme afinidade com a língua grega.
(CICERO, A. A filosofia e a língua alemã. In: F. de São Paulo. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustradi/fq0505200726. htm. Acesso em: 8/06/2014)

... o culto que a aristocracia do seu país dedicava a tudo o que era francês... (3º parágrafo)

O segmento que possui a mesma função sintática do grifado acima está também grifado em:

Alternativas
Comentários
  • Não entendi a questão, gabarito letra C. Alguém explica?

  • Boa noite!

    ... o culto que a aristocracia do seu país dedicava a tudo o que era francês ...

    o "que" na frase é um pronome relativo, pois refere-se ao culto e pode ser substituído por o qual.

    Portanto, para sabermos a sua função sintática basta substituir "que" por "culto" na frase.

    - fica assim, ... a aristocracia do seu país dedicava culto a tudo o que era francês ... logo, culto exerce a função sintática de objeto direto.

    Letra c: Estranho é que haja franceses ou brasileiros ... o verbo haver na frase é impessoal e transitivo direto. Assim, franceses ou brasileiros é o objeto direto do verbo haver.

    Bons estudos!!!!

    Gabarito: c

  • Carolina, essa questão trata da função sintática do pronome "que". É muito simples, para descobrir essa função basta seguir os seguintes passos:

    1º  Separe a frase que contém o pronome relativo "que" de maneira que faça algum sentido: "o culto que a aristocracia do seu país dedicava" 

    2º Verifique qual termo na sentença o pronome relativo está retomando. Feito isso, substitua esse termo na sentença de maneira que faça sentido: (o pronome retoma o vacábulo "culto") então ficaria assim >> o aristocracia do seu país dedicava o culto.

    3º Agora é só verificar qual a função sintática do termo na nova frase: o aristocracia do seu país dedicava o culto.(quem dedica dedica alguma coisa a alguém. Portanto, Culto é Objeto direto. Agora é só escolher a alternativa que possui um objeto direto destacado. 

    Letra C.

  • felipe valeu irmão!!!

  • PRIMEIRAMENTE, coloque a frase na ordem direta:

     o culto que a aristocracia do seu país dedicava a tudo o que era francês...( que - pronome relativo - refere-se ao termo que o antecede logo terá a função sintática dele)

    A aristocracia do seu pais  dedicava o culto a tudo o que era francês  (que = o culto = objeto direto)

    letra c:Estranho é que haja franceses ou brasileiros... (devido o verbo haver ser impessoal, não há sujeito na frase até porque o termo sublinhado está no plural e o verbo haver no singular, e como não está preposicionado será objeto direto)


  • Creio que a dúvida esteja entre a alternativa "C" e a alternativa "D". 


    Depois de uma breve análise verifica-se o seguinte: 

    Alternativa "C": Estranho é que haja franceses ou brasileiros...

    Aqui o verbo "haja" é o verbo haver conjugado na terceira pessoa do presente do subjuntivo. 

    Logo este verbo está no sentido de "existir", tornando-se um verbo impessoal, portanto a oração DO VERBO "HAJA" não tem sujeito. 

    Fazendo a pergunta ao verbo: "haja o quê?" R: "franceses ou brasileiros", logo é objeto direto. 

    Alternativa "D": O latim foi a língua da filosofia e da ciência na Europa...

    Aqui há somente um verbo "foi" que é verbo de ligação, dando à proposição "a língua da filosofia e da ciência" a função sintática de predicativo do sujeito = O latim. 


    DICA: Esqueçam o verbo "ser" da alternativa "C", e concentrem-se no verbo "haver" que conseguirão entender a alternativa. 

  • o culto que a aristocracia do seu país dedicava a tudo o que era francês... (3º parágrafo)

  • LETRA C

    PRIMEIRAMENTE, coloque a frase na ordem direta: 
    o culto que a aristocracia do seu país dedicava a tudo o que era francês...( que - pronome relativo - refere-se ao termo que o antecede logo terá a função sintática dele) 
    A aristocracia do seu pais dedicava o culto a tudo o que era francês (que = o culto = objeto direto)

    a) ... a morfologia e a sintaxe alemãs teriam afinidades com as gregas. (sujeito composto) 
    b) ... a afirmação é geralmente atribuída a Heidegger, filósofo cujo tema precípuo é o ser. (aposto) 
    c) Estranho é que haja franceses ou brasileiros... (o verbo haver por ser impessoal quando está no sentido de existir, não tem sujeito, assim o termo sublinhado é OBJETO DIRETO).

    d) O latim foi a língua da filosofia e da ciência na Europa... (predicativo ) 
    e) ... a superficialidade que atribui ao pensamento ocidental moderno... (objeto indireto )

  • Essa tal de ordem indireta está fritando meus neurônios...

  • cuestón massacration!

  • Carai meu olhos cairam da cara nessa.,

  • Só pra ajudar a galera, o QUE é: PRONOME RELATIVO e funciona como Objeto Direto.

  • Explicação sobre como encontrar a função sintática do Pronome Relativo:

    https://www.youtube.com/watch?v=_DTHMI7_6mY

     

    Abraços, e bons estudos!

  • Depois de acertar uma questão com 67% de erros, chego a conclusão de que: já cumpri minha missão do dia, portanto, vou descançar porque já estudei português demais hoje.

    Está tudo muito bem esclarecido pelos colegas, show!

  • Vamos lá!

    Devemos ter a ciência de que o QUE nesta questão se trata de um pronome relativo, logo ele faz referência ao termo antercedente CULTO. Devemos subtituir o QUE pelo CULTO

    Colocando em ordem direta a frase fica " A aristocracia do seu país dedicava o culto a tudo o que era francês"

    O verbo dedicar é TDI / ora, quem dedica... dedica algo(o culto) a alguém (a todos)

    O QUE seria objeto direto, assim como franceses ou brasileiros, que precede o verbo HAVER, que no sentido de existir SEMPRE terá valor de trasativo direto exigindo seu complemento igual.

    Valeu pessoa.

  • Não consigo entender o erro na alternativa "D".

  • O latim foi a língua da filosofia e da ciência na Europa. '' FOI'' é verbo de ligacão, então o termo seguinte não é objeto direto, é se não tiver errado predicativo do sujeito. A letra C que é a correta apresenta o verbo haver que é sem sujeito quando tem o sentido de existir. então o termo seguinde é o objeto direto do verbo haver. se não fosse no sentido de exister o termo seguinte seria sujeito