SóProvas


ID
1284265
Banca
FCC
Órgão
TRT - 1ª REGIÃO (RJ)
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                  Os direitos “nossos” e os “deles”

     Não é incomum que julguemos o que chamamos “nossos” direitos superiores aos direitos do “outro”. Tanto no nível mais pessoal das relações como nos fatos sociais costuma ocorrer essa discrepância, com as consequências de sempre: soluções injustas.

     Durante um júri, em que defendia um escravo que havia matado o seu senhor, Luís Gama (1830 - 1882), advogado, jornalista e escritor mestiço, abolicionista que chegou a ser escravo por alguns anos, proferiu uma frase que se tornou célebre, numa sessão de julgamento: "O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa". A frase causou tumulto e acabou por suspender a sessão do júri, despertando tremenda polêmica à época. Na verdade, continua provocando.      

     Dissesse alguém isso hoje, em alguma circunstância análoga, seria aplaudido por uns e acusado por outros de demonizar o “proprietário”. Como se vê, também a demonização tem duas mãos: os partidários de quem subjuga acabam por demonizar a reação do subjugado. Tais fatos e tais polêmicas, sobre tais direitos, nem deveriam existir, mas existem; será que terão fim? 

     O grande pensador e militante italiano Antonio Gramsci (1891-1937), que passou muitos anos na prisão por conta de suas ideias socialistas, propunha, em algum lugar de sua obra, que diante do dilema de uma escolha nossa conduta subsequente deve se reger pela avaliação objetiva das circunstâncias para então responder à seguinte pergunta: “Quem sofre?” Para Gramsci, o sofrimento humano é um parâmetro que não se pode perder de vista na avaliação das decisões pessoais ou políticas. 


                         (Abelardo Trancoso, inédito)

Ambos os verbos indicados entre parênteses deverão adotar uma forma do singular para preencherem de modo adequado a lacuna da frase:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA "C"

    Não se pode flexionar o verbo auxiliar "ter" para o plural uma vez que o verbo principal "haver" é impessoal.

  • alguém explica o erro da letra D?

  • d) Caso ............. a ocorrer tais fatos, ................. que se tomar providências.

    - casos tais fatos continuem a ocorrer,

    - providências hão que serem tomadas.

  • Alguém pode dizer porque o verbo "ter" da alternativa "C" não vai para o plural?

    Ele atrai a impessoalidade do "haver", é isso? 

  • haver no sentido de existir é impessoal e contamina (envenena) o TER

  • Exato, o verbo auxiliar, no caso, é conjugado da mesma forma que o principal. 

    Sendo assim, o verbo ter fica no singular.

  • Alguém pode trasncrever como fica a frase em C, por favor?

  • Para Karla Santana:

    É de se lamentar que tais ocorrências ainda tem havido.

  • A.Ao tempo de Luís Gama, a um proprietário jamais se ...... (aplicar) quaisquer penas por atos que ...... (haver) representado uma tortura a um escravo.
    o que está preposicionado não será sujeito, ou seja, não influenciará no verbo. 
    --> quaisquer penas (sujeito) se aplicam  a um proprietário 
    --> atos que hão representado uma tortura...
    Para Gramsci, os sofrimentos que para alguém ...... (advir) de uma decisão ...... (dever) ser levados em conta por quem viesse a tomá-la.
    os sofrimentos advém de uma decisão 
    os sofrimentos devem ser levados ...

    ...... (ser) de se lamentar que tais ocorrências ainda ...... (ter) havido.
    É de se lamentar
    tais ocorrências tenha havido (como o verbo principal é o verbo haver e este é impessoal, ou seja, não se flexiona, o auxiliar também não se flexionará)

    Caso ...... (continuar) a ocorrer tais fatos, ...... (haver) que se tomar providências.
    Caso tais fatos continuem a ocorrer 
    providências hão de se tomar. 
    ..... (ocorrer) a Luís Gama argumentos que jamais se ...... (ver) antes. 
    Argumentos ocorrem 
    Argumentos que jamais se viram antes 

  • ...... (ser) de se lamentar que tais ocorrências ainda ...... (ter) havido.

    É de se lamentar que tais ocorrências ainda tem havido. (o verbo haver transmite sua impessoalidade ao verbo ter, sendo assim, não recebe o acento indicativo de pluralização. 

  • Muito bom seu comentário, Fabiana. Não sei se estou equivocado, mas acredito que o verbo advir, na letra "B", deve ser conjugado com acento circunflexo, da seguinte forma:advêm. Confere?

  • só p tentar ajudar ao João Oliveira...

    Os verbos c/d/l/v (crer,dar, ler e ver) não recebem circunflexo quando no plural: creem,deem,leem,veem.

    Espero ter ajudado.

    Paz a todos.

  • Isso mesmo JOÃO OLIVEIRA.

    Os sofrimentos que para alguém  ADVÊM.

    PRESENTE DO INDICATIVO:

    eu advenho, tu advens, ele advem, nós advimos, vós advindes, eles advêm(os sofrimentos).


  • Verbo ''haver'' e suas diferentes construções

     “Haverão (errado) mudanças, mas creio que serão pequenas.”

    O verbo “haver”, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso quer dizer que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito.

    A confusão é frequente não só na hora de escrever mas também na hora de falar. Muita gente faz a flexão do verbo, como se seu objeto direto fosse seu sujeito. É possível que a origem do erro esteja na analogia com os verbos “existir” e “ocorrer”. Estes têm sujeito – e, portanto, as flexões de número e pessoa – e costumam antepor-se a ele. Assim:

    Ocorrerão mudanças.  Existirão mudanças.

    Com o verbo “haver”, a história é outra:Haverá mudanças.

    É importante observar que os verbos auxiliares assumem o comportamento dos verbos principais. Assim, temos o seguinte:

    Deverão ocorrer mudanças.

    Deverão existir mudanças.

    Deverá haver mudanças.

    Não se pode, no entanto, dizer que o verbo “haver” nunca vai para o plural, pois isso não é verdade. Ele pode, por exemplo, ser um verbo auxiliar (sinônimo de “ter” nos tempos compostos), situação em que pode ir para o plural. Assim:

    Eles haviam chegado cedo.

    Eles tinham chegado cedo.

    Como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”:

    Houveram do juiz a comutação da pena.

    Como sinônimo de “considerar”, também tem sujeito:

    Nós o havemos por honesto.


    Fique claro, portanto, que é no sentido de “existir” e de “ocorrer”, bem como na indicação de tempo decorrido (Há dois anos...), que o verbo “haver” permanece invariável. Assim:

    Haverá mudanças, mas creio que serão pequenas

  • a.Ao tempo de Luís Gama, a um proprietário jamais se ...... (aplicar) quaisquer penas por atos que ...... (haver) representado uma tortura a um escravo. 
    -->quaisquer penas (SUJEITO) jamais se APLICARÃO 
    --> atos (sujeito) que HAVERÃO representado (o verbo haver é mero auxiliar da locução verbal)

    b Para Gramsci, os sofrimentos que para alguém ...... (advir) de uma decisão ...... (dever) ser levados em conta por quem viesse a tomá-la. 
    --> os sofrimentos (sujeito) ADVÉM de uma decisão ... 
    --> os sofrimentos (sujeito) DEVEM ser levados...

    c ...... (ser) de se lamentar que tais ocorrências (objeto direto) ainda ...... (ter) havido. 
    -->É de se lamentar que tais ocorrências ainda TEM (auxiliar da locução terá de ficar impessoal já que o verbo principal "haver" está no sentido de existir) havido. (verbo haver não admite sujeito)

    d Caso ...... (continuar) a ocorrer tais fatos, ...... (haver) que se tomar providências. 
    -->tais fatos CONTINUEM a ocorrer. 
    --> providências HAVERÃO de ser tomadas (haver não está no sentido de existir, assim irá se flexionar)

    e ..... (ocorrer) a Luís Gama argumentos que jamais se ...... (ver) antes. 
    -->argumentos OCORREM a Luís Gama.. 
    --> argumentos que jamais se VIRAM antes.

  • Tudo sobre o verbo HAVER


    Um erro muito comum, observado principalmente na comunicação oral, é a flexão do verbo “haver”. Esse verbo, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso significa que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito. Portanto, é errônea a flexão do verbo no plural. É provável que a origem do erro seja a associação da conjugação do verbo “haver” com os verbos “existir” e “ocorrer”. Estes têm sujeito e, portanto, flexionam-se de acordo com o número e a pessoa.

    Exs.:

    Ocorrerãomudanças.

    Existirãomudanças.

    Com o verbo “haver”, a regra é diferente – permanece no singular:

    Ex.:

    Haverámudanças.

    Como sinônimo dos verbos “ocorrer” e “existir”, portanto, o verbo “haver” permanece invariável.

    Não se pode, no entanto, afirmar que o verbo “haver” nunca vai para o plural. Ele pode, por exemplo, desempenhar a função de verbo auxiliar (que indica pessoa, tempo e modo verbal; sinônimo de “ter” nos tempos compostos). Nesse caso, o verbo é conjugado no plural.

    Exs.:

    Eles haviam chegado cedo.

    Eles tinham chegado cedo.

    Além disso, como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”, “considerar”, “lidar”, ainda que esses usos sejam menos recorrentes:

    Houveram (= “obter”) do juiz a comutação da pena (sujeito: “comutação da pena”).

    Nós havemos (= “considerar”) por honesto. (sujeito: “nós”)

    Os alunos houveram-se (= “lidar”) muito bem nos exames. (sujeito: “os alunos”)

    O verbo “haver”, portanto, precisa ser usado com atenção (especialmente, quando ele é impessoal), para evitar erros gramaticais


    FONTE: http://escreverbem.com.br/como-flexionar-o-verbo-haver-2/

  • Errei só porque odeio Antonio Gramsci, tenho náuseas quando ouço alguém falar dele.

  • "c)...... (ser) de se lamentar que tais ocorrências ainda ...... (ter) havido."

    É de se lamentar que tais ocorrências ainda tenha havido.

    Passando a frase para outra ordem fica mais fácil perceber:
    É de se lamentar que ainda tenha havido tais ocorrências.
     

    - Haver no sentido de existir fica sempre na 3a pessoa do singular.
    - O verbo que acompanha haver no sentido de existir também fica no singular

  • a) ERRADO. Ao tempo de Luís Gama, a um proprietário jamais se aplicariam quaisquer penas por atos que haviam representado uma tortura a um escravo.

     

    b) ERRADO. Para Gramsci, os sofrimentos que para alguém advêm de uma decisão devem ser levados em conta por quem viesse a tomá-la.

     

    c) CERTO. É de se lamentar que tais ocorrências ainda tenha havido.

    Verbo haver (existir, ocorrer), é impessoal e “contamina” seu auxiliar, mantendo-o também impessoal (não é conjugado em número).

     

    d) ERRADO. Caso continuassem a ocorrer tais fatos, haveriam que se tomar providências.

    Neste caso, o verbo haver possui conotação (ter), diferente dos casos de impessoalidade.

     

    e) ERRADO. Ocorrem a Luís Gama argumentos que jamais se viram antes.