SóProvas


ID
1348255
Banca
FGV
Órgão
COMPESA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Eu e ele

No vertiginoso mundo dos computadores o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco anos, já pode ser definido como uma carroça. Nosso convívio não tem sido muito confortável. Ele produz um texto limpo, e é só o que lhe peço. Desde que literalmente metíamos a mão no barro e depois gravávamos nossos símbolos primitivos com cunhas em tabletes até as laudas arrancadas da máquina de escrever para serem revisadas com esferográfica, não havia processo de escrever que não deixasse vestígio nos dedos. Nem o abnegado monge copiando escrituras na sua cela asséptica estava livre do tinteiro virado. Agora, não. Damos ordens ao computador, que faz o trabalho sujo por nós. Deixamos de ser trabalhadores braçais e viramos gerentes de texto. Ficamos pós-industriais. Com os dedos limpos.

Mas com um custo. Nosso trabalho ficou menos respeitável. O que ganhamos em asseio perdemos em autoridade. A um computador não se olha de cima, como se olhava uma máquina de escrever. Ele nos olha na cara. Tela no olho. A máquina de escrever fazia o que você queria, mesmo que fosse a tapa. Já o computador impõe certas regras. Se erramos, ele nos avisa. Não diz “Burro!”, mas está implícito na sua correção. Ele é mais inteligente do que você. Sabe mais coisas, e está subentendido que você jamais aproveitará metade do que ele sabe. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando estiver sendo programado por um igual. Isto é, outro computador. A máquina de escrever podia ter recursos que você também nunca usaria (abandonei a minha sem saber para o que servia “tabulador”, por exemplo), mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguenta os humanos por falta de coisa melhor, no momento.

Eu e o computador jamais seríamos íntimos. Nosso relacionamento é puramente profissional. Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo. E seu ar de reprovação cresce. Agora mesmo, pedi para ele enviar esta crônica para o jornal e ele perguntou: “Tem certeza?”

(Luís Fernando Veríssimo)

“No vertiginoso mundo dos computadores o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco anos, já pode ser definido como uma carroça.”

Está implícito nessa frase do texto que

Alternativas
Comentários
  • bom, eu discordo. O computador é chamado de carroça porque fica lento com o passar do tempo, isso se deve ao uso do mesmo, o que ocasiona ocupação da ROM, logo, com o passar do tempo, cada ciclo de recuperação de informação se torna mais vagaroso.
    Quando você compra um zero bala, você tem um "avião"  (porque é rápido, não porque é novo), logo, se vc tem um lento, tem uma carroça na mão.

  • Gabarito: A


    Está mais explícita a lentidão dos computadores, pela aparente contraposição das palavras "vertiginoso" e "carroça".

    Vertiginoso significa: excessivamente intenso e rápido.

    " (...) o meu, (...) já  pode  ser  definido  como  uma  carroça."

    Está mais implícito (como pede a questão) que o envelhecimento dos computadores é muito rápido. 

    " (...) o meu, que devo ter há  uns  quatro  ou  cinco  anos,  (...)"
  • a carroça nunca sera rapida.. por isso essa afirmativa nao se encaixa com o termo vertiginoso.

    Então nao se pode deduzir que o computador eh igual uma carroça/lenta, mas uma carroça/velha.

    Claro que de o termo velha vc tb pode associar como lenta... mas lento nao significar necessariamente algo velho.

  • Se o autor diz que o computador já deve ser uma carroça, metaforicamente falando, uma vez que já é um computador velho e desatualizado, consequentemente, só podemos afirmar que a letra A é a opção correta, pois está implícito nessa frase do texto que o envelhecimento de computador é muito rápido.

    Gabarito A.

  • Também não concordo com o gabarito. 

    No sentido literal, um  computador não envelhece mais rápido que qualquer outra coisa em cinco anos. Em cinco anos todas as coisas ficam cinco anos mais velhas. Não é o seu envelhecimento que é mais rápido e sim a sua obsolescência. O computador se torna lento com o passar do tempo, pois os softwares passam a exigir mais das máquinas. Para mim seria a letra D. Na falta da D eu marcaria a letra A.

  • Também não concordo com o gabarito da questão ser letra A. 

  • A explicação da Elaine Gomes mata a questão e acaba com as dúvidas. Não concordava até ver essa explicação. Obrigado!

  • também não marquei A.  Pra mim não está implícito a idéia de envelhecimento, visto que no trecho não há na da que possa remeter a isso.  Entretanto ao utilizar a palavra "carroça" o autor está claramente fazendo referência a lentidão.  Quando comparamos algo a uma carroça, não estamos querendo dizer que essa coisa é velha, estamos claramente, querendo dizer que essa coisa é lenta.  Por isso marquei letra D, ou seja, em quatro ou cinco anos o computador pode ser considerado uma carroça (lenta).  Se ele comparasse o computador dele a uma ferrari, entenderíamos claramente que seria um computador rápido.

  • Para quem entende de computadores, 4~5 anos não é nada "muito rapido", é o tempo certo rs realmente é uma questão difícil que temos que deixar de lado nossos conhecimentos rs

  • gabarito A

    ” Está implícito nessa frase do texto que

    (A) o envelhecimento de computadores é muito rápido. (implícito)

    D) os computadores tornam‐se lentos com o passar do tempo (explícito)

  • Questão ridícula e sem nexo.

    Não concordo com o gabarito.

  • O comentário da Elaine Gomes está excelente.