SóProvas


ID
1348258
Banca
FGV
Órgão
COMPESA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Eu e ele

No vertiginoso mundo dos computadores o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco anos, já pode ser definido como uma carroça. Nosso convívio não tem sido muito confortável. Ele produz um texto limpo, e é só o que lhe peço. Desde que literalmente metíamos a mão no barro e depois gravávamos nossos símbolos primitivos com cunhas em tabletes até as laudas arrancadas da máquina de escrever para serem revisadas com esferográfica, não havia processo de escrever que não deixasse vestígio nos dedos. Nem o abnegado monge copiando escrituras na sua cela asséptica estava livre do tinteiro virado. Agora, não. Damos ordens ao computador, que faz o trabalho sujo por nós. Deixamos de ser trabalhadores braçais e viramos gerentes de texto. Ficamos pós-industriais. Com os dedos limpos.

Mas com um custo. Nosso trabalho ficou menos respeitável. O que ganhamos em asseio perdemos em autoridade. A um computador não se olha de cima, como se olhava uma máquina de escrever. Ele nos olha na cara. Tela no olho. A máquina de escrever fazia o que você queria, mesmo que fosse a tapa. Já o computador impõe certas regras. Se erramos, ele nos avisa. Não diz “Burro!”, mas está implícito na sua correção. Ele é mais inteligente do que você. Sabe mais coisas, e está subentendido que você jamais aproveitará metade do que ele sabe. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando estiver sendo programado por um igual. Isto é, outro computador. A máquina de escrever podia ter recursos que você também nunca usaria (abandonei a minha sem saber para o que servia “tabulador”, por exemplo), mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguenta os humanos por falta de coisa melhor, no momento.

Eu e o computador jamais seríamos íntimos. Nosso relacionamento é puramente profissional. Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo. E seu ar de reprovação cresce. Agora mesmo, pedi para ele enviar esta crônica para o jornal e ele perguntou: “Tem certeza?”

(Luís Fernando Veríssimo)

O computador é personificado no texto, atribuindo-se-lhe ações humanas.

Assinale o segmento que não comprova essa afirmativa.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: D


    Se o computador não diz "burro" realmente não há que se falar em personificação, porque, de fato,  nenhum computador diz burro.

  • Na letra E não tem atribuição de AÇÃO humana. Ser inteligente não é uma AÇÃO humana.

  • questão mal formulada.."Ele não diz burro", mas poderia dizer outra coisa. Na minha opinião esta frase não caracteriza a não personificação do computador. Marque a letra E, pois como o colega falou, SER inteligente não exprime uma ação e o enunciado pede atribuição de ações humanas...

  • Elaine, não concordo com sua explicação, se o fato do computador efetivamente não dizer "burro" descaracteriza a personificação, "olhar na cara",por exemplo, deveria seguir o mesmo conceito, pois computadores não olham para ninguém. Marquei letra E. A espera de um comentário mais elucidativo. 

  • Esta questão está confusa e deveria ser anulada. Eu marquei a E e nenhuma dessas explicações foram claras porque a D é a correta.

  • "Não diz Burro" é uma atribuição humana de falar, não concordo com esse gabarito.

  • Concordo Elaine.. de fato o computador nunca dira nao.

    ps: teclado louco.

  • Não diz "Burro"... O computador realmente não fala, então não está sendo personificado.

  • Eu marquei  a letra C, pois há essa função no computador de AVISO quando temos algum erro ao lidar com ele. A função de avisar pode ser PROGRAMADA nos computadores, o restante das alternativas acredito que não tem como.

  • Realmente, o computador não diz burro explicitamente, mas quando alguém comete algum erro que lhe cause algum problema, ele indiretamente chama de burro ao para de funcionar corretamente.

  • a) olhar (ação humana)

    b) impor (ação humana)

    c) avisar (ação humana)

    d) não dizer (negação de ação humana)

    e) saber (ação humana)

  • Gabarito: D

    Prosopopeia, personificação ou animismo: consiste em atribuir qualidades humanas a seres inanimados, irracionais, mortes ou abstatos.
    In: Interpretação de textos e semântica para concursos. Ed. Campus,2012, p.177.
    Pessoal,

    acredito que o "pulo de gato" da alternativa encontra-se no enunciado que diz: "Assinale o segmento que não comprova essa afirmativa". Como a questão pede para que se analise o segmento (ou seja, cada alternativa deve ser considerada em si mesma, sem referência ao texto), a letra D se mostra como a mais adequada, pois haveria ali a negação de uma ação humana, o que exclui a figura da personificação. No entanto, se considerarmos as alternativas tomando o texto, acredito que aí, nesse caso, haveria uma situação de personificação na letra D. Ou seja, parece que foi feita uma pegadinha para confundir, pois, na minha opinião, considerando o texto todas as alternativas trazem exemplos de personificação.]
    Bons estudos! 
  • Prosopopéia ou Personoficação ou animismo consiste em atribuir sentido humano a objetos, animais, coisas...
    A única opção que nega ação humana é a letra D e consequentemente o gabarito diz essa correta!
    Bons estudos!

  • Questão ridícula! "Não diz 'BURRO!"' dá a entender que fala outras coisas que não seja "Burro". Quase impossível não fazer tal inferência

  • Como eu me sinto nessas questões da FGV..

  • Segundo o professor do Estratégia Cursos, Décio Terror, a resposta correta é a que consta na letra "b". Já que não só pessoas podem impor algo, mas as leis e outras circunstâncias também podem impor algo.

    Impor, não é uma ação exclusivamente humana. O que faz bastante sentido.

    Fico com a resposta do professor!

  • Thafareu, mas se for partir deste raciocínio... tb não são só pessoas que nos avisa. Qualquer equipamento eletrônico nos avisa de alguma coisa. Até um relógio analógico pode nos avisar do horário (despertador). 

  • Gente... Só pode ser D... N sei praq tanta confusão!! Se ele não disse, ele não sofreu personificacao. É mais logica do que português.

  • Marquei D e não acreditei que no meu material estava a B como correta.

    Ainda bem que vim conferir, o professor do material que eu estava lendo disse que era a letra B, eu sei que a FGV inventa as próprias regras de português, mas tudo tem limite...

     

  • Em primeira análise, todas as alternativas parecem estar corretas, entretanto, percebam o segmento constante na letra "d" e o contexto em que está empregado no texto:

    "Não diz burro"..............mas está implícito na sua correção.

    OU SEJA: em todas as outras alternativas, o computador está sim personificado; a letra "d", por sua vez, apresenta a seguinte ideia: "APESAR DE ESTAR IMPLÍCITO NA CORREÇÃO FEITA PELO COMPUTADOR, ELE NÃO DIZ BURRO, ATÉ PORQUE NÃO É UM SER HUMANO PARA FAZÊ-LO".

    Portanto, está justamente se negando a propsopopeia nesse caso. QUESTÃO DIFÍCIL!!!

     

     

  • O simples fato de associar o verbo "dizer" ao computador já fica implícita a personificação. Marquei a letra E porque cita qualidades do computador e não ações humanas.

    Questão muito mal elaborada da FGV.

  • D. ele faz a função que é programado para fazer.

  • A letra D só e a resposta pq tem o não na frente ! Ridiculo .

  • Alô, alô!Arinildo...Por aonde tu anda meu filho!?Venha nos explicar essa!Não foste tu quem a fizeste?