SóProvas


ID
1361200
Banca
IBFC
Órgão
PC-RJ
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                        Notícia de Jornal
                                                                  (Fernando Sabino)
       Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, 30 anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome.
       Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
      Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
      O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele,senão que morreu de fome.
       Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária,um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa - não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.
       Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.
      E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome,pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens.Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.
       E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, um homem morreu de fome.


                     (Disponível em http://www.fotolog.com.br/spokesman_/70276847/: Acesso em 10/09/14)

No fragmento “Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, (...)“ (6º §), o termo em destaque poderia ser substituído, mantendo a equivalência de sentido, por todas as palavras abaixo, com EXCEÇÃO de:

Alternativas
Comentários
  • (al.ça.da)

    sf.

    1. Jur. Limite de competência de um juiz ou tribunal para conduzir uma causa sem recorrer a órgãos ou competências externas.

    2. Campo ou limite de atuação de qualquer pessoa ou órgão (por determinação legal ou administrativa, ou por competência ou disponibilidade de meios): Esse assunto não é da sua alçada.



    Leia mais: http://www.aulete.com.br/al%C3%A7ada#ixzz3MlmsiiB7

  • Gabarito: E

    R: Todas as respostas se referem a campos ou limites de atuação de determinadas pessoas, exceto a palavra "representação" que tem haver com exibição, exposição etc. Por mais que jurisdição e circunscrição não sejam sinônimas, ambas se referem a áreas de atuação. (Eu não concordo, acredito que jurisdição signifique dizer de quem é o direito)


  • Esta questão é muito discutível, pois o termo jurisdição em sua origem etmológica significa dizer o direito. Logo, o comissario não teria jurisdição e sim circunscrição ou atribuição. Somente os jurisdicionados são dotados de jurisdição e não vejo outro valor semantico para aplicação da palavra.

  • Sei não henn kkkk meio dividosa essa questão ai kkkk

  • não prestei atenção na palavra "exceto" e marquei errada.

  • Foro é sinônimo de jurisdição, é necessário interpretar a questão e escolher a mais errada!