SóProvas


ID
1373692
Banca
FUNCAB
Órgão
SEPLAG-MG
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O recente interesse na regulamentação da astrologia como profissão oferece a oportunidade de refletir sobre questões que vão desde as raízes históricas da ciência até a percepção, infelizmente muito popular, de seu dogmatismo. Preocupa-me, e imagino que a muitos dos colegas cientistas, a rotulação do cientista como um sujeito inflexível, bitolado, que só sabe pensar dentro dos preceitos da ciência. Ela vem justamente do desconhecimento sobre como funciona a ciência. Talvez esteja aqui a raiz de tanta confusão e desentendimento.

Longe dos cientistas achar que a ciência é o único modo de conhecer o mundo e as pessoas, ou que a ciência está sempre certa. Muito ao contrário, seria absurdo não dar lugar às artes, aos mitos e às religiões como instrumentos complementares de conhecimento, expressões de como o mundo é visto por pessoas e culturas muito diversas entre si.

Um mundo sem esse tipo de conhecimento não científico seria um mundo menor e, na minha opinião, insuportável. O que existe é uma distinção entre as várias formas de conhecimento, distinção baseada no método pertinente a cada uma delas. A confusão começa quando uma tenta entrar no território da outra, e os métodos passam a ser usados fora de seus contexto.

Portanto, é (ou deveria ser) inútil criticar a astrologia por ela não ser ciência, pois ela não é. Ela é uma outra forma de conhecimento. [...]

Essa caracterização da astrologia como não ciência não é devida ao dogmatismo dos cientistas. É importante lembrar que, para a ciência progredir, dúvida e erro são fundamentais. Teorias não nascem prontas, mas são refinadas com o passar do tempo, a partir da comparação constante com dados. Erros são consertados, e, aos poucos, chega-se a um resultado aceito pela comunidade científica.

A ciência pode ser apresentada como um modelo de democracia: não existe o dono da verdade, ao menos a longo prazo. (Modismos, claro, existem sempre.) Todos podem ter uma opinião, que será sujeita ao escrutínio dos colegas e provada ou não. E isso tudo ocorre independentemente de raça, religião ou ideologia. Portanto, se cientistas vão contra alguma coisa, eles não vão como donos da ve rd ad e, mas com o mesmo ce t ic ism o que caracteriza a sua atitude com relação aos próprios colegas. Por outro lado, eles devem ir dispostos a mudar de opinião, caso as provas sejam irrefutáveis.

astrologia lida com questões de relevância imediata na vida de cada um, tendo um papel emocional que a astronomia jamais poderia (ou deveria) suprir.

A astrologia está conosco há 4.000 anos e não irá embora. E nem acho que deveria. Ela faz parte da história das ideias, foi fundamental no desenvolvimento da astronomia e é testemunha da necessidade coletiva de conhecer melhor a nós mesmos e os que nos cercam. De minha parte, acho que viver com a dúvida pode ser muito mais difícil, mas é muito mais gratificante. Se erramos por não saber, ao menos aprendemos com os nossos erros e, com isso, crescemos como indivíduos. Afinal, nós somos produtos de nossas escolhas, inspiradas ou não pelos astros.

(GLEISER, Marcelo. Folha de São Paulo, 22 set. 2002)

A instrução de reescrita que, uma vez observada, altera o sentido de: “Talvez esteja aqui a raiz de tanta confusão e desentendimento.” (§ 1) encontra-se proposta em:

Alternativas
Comentários
  • “Talvez esteja aqui a raiz de tanta confusão e desentendimento.” ( a raiz está no sentido de origem, começo, início) Logo, se substituirmos pela forma literal "o produto" ( a frase fica no sentido de resultado). 

    Observem:

    “Talvez esteja aqui o produto (o resultado) de tanta confusão e desentendimento.” E isso vai de encontro ao sentido do texto.


  • eu acertei, mas a D também mudaria o sentido, ou não?

  • GABARITO: letra A.


    Eu errei marcando a letra D. Mas ao analisar além do trecho exposto na pergunta da questão, tem-se: 

    "Ela [a ciência] vem justamente do desconhecimento sobre como funciona a ciência. Talvez esteja aqui [em tal desconhecimento] a raiz de tanta confusão e desentendimento". Realmente não muda o sentido da oração.

    Bons estudos!!!

  • A letra B também altera o sentido da frase. Fiquei na dúvida entre as duas alternativas (A e B), e chutei errado. Se você disser "Encontra-se aqui a raiz de tanta confusão e desentendimento."  também está alterando o sentido da frase, não? Mudando uma suposição do autor, para uma certeza.

  • Deh, a alternativa não diz para retirar o "talvez", somente o "esteja" ficando assim: encontra-se talvez aqui a raiz de tanta confusão e desentendimento.

    Bons estudos

  • Concordo com a Daniele Galvão !!

    Inclusive reforço que a alternativa "A" altera o sentido, justamente, pois raiz (= origem) e não o produto (=resultado)

  • Acabei escorregando na casca de banana. 

    Fui pela "metafísica" da questão e me ferrei! 

    Coloquei alternativa (b), pois entendi que fosse

    para apagar o "esteja" e iniciar com "Encontra-se" no 

    lugar do "Talvez". 

    Portanto, alterntiva certa (A)

    A raiz = origem

    Produto = Resultado

  • Alguém saberia me dizer o erro da alternativa "C" ?

  • messias a alternativa C não altera o sentido da oração ....ela está correta ... o enuciado quer saber a alternativa que  altera o sentido ou seja a errada....

  • Verdade, Ednelson. olhando rapidamente, nem tinha percebido o enunciado. Mas obrigado! 

  • Ola Messias! talvez consiga te ajudar. Veja a frase: Talvez esteja aqui a raiz de tanta confusão e desentendimento.

    Veja se colocar o: Porventura no local de talvez como fica o sentido da frase!!!! as duas situações estão duvidando  entretanto nenhuma afirma coisa alguma.
    observe também, que a questão deseja a que altera o sentido e não é o caso da letra C. espero ter ajudado na minha simples explicação e o senhor nos guie.
  • Funcab malandra, aqui não JOÃO KLEBER! uhehuehuhuehuehue

    Raiz = FONTE;

    Produto = RESULTADO;

    Gabarito letra A! vem PMSC.