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ID
1382020
Banca
FCC
Órgão
SEFAZ-SP
Ano
2006
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      A educação é uma função tão natural e universal da comunidade humana que, pela própria evidência, leva muito tempo a atingir a plena consciência aqueles que a recebem e praticam, sendo, por isso, relativamente tardio o seu primeiro vestígio na tradição literária. O seu conteúdo, aproximadamente o mesmo em todos os povos, é ao mesmo tempo moral e prático. Também entre os Gregos foi assim. Reveste, em parte, a forma de mandamentos, como honrar os deuses, honrar pai e mãe, respeitar os estrangeiros; consiste, por outro lado, numa série de preceitos sobre a moralidade externa e em regras de prudência para a vida, transmitidas oralmente pelos séculos afora; e apresenta-se ainda como comunicação de conhecimentos e aptidões profissionais a cujo conjunto, na medida em que é transmissível, os Gregos deram o nome de techné. Os preceitos elementares do procedimento correto para com os deuses, os pais e os estranhos foram mais tarde incorporados à lei escrita dos Estados. E o rico tesouro da sabedoria popular, mesclado de regras primitivas de conduta e preceitos de prudência enraizados em superstições populares, chegava pela primeira vez à luz do dia, através de uma antiqüíssima tradição oral, na poesia rural gnômica de Hesíodo. As regras das artes e ofícios resistiam naturalmente, em virtude da sua própria natureza, à exposição escrita dos seus segredos, como esclarece, no que se refere à profissão médica, a coleção dos escritos hipocráticos.
      Da educação, neste sentido, distingue-se a formação do Homem por meio da criação de um tipo ideal intimamente coerente e claramente definido. Essa formação não é possível sem se oferecer ao espírito uma imagem do homem tal como ele deve ser. A utilidade lhe é indiferente ou, pelo menos, não essencial. O que é fundamental nela é o kalón, isto é, a beleza, no sentido normativo da imagem desejada, do ideal. A formação manifesta-se na forma integral do Homem, na sua conduta e comportamento exterior e na sua atitude interior. Nem uma nem outra nasceram do acaso, mas são antes produtos de uma disciplina consciente. Já Platão a comparou ao adestramento de cães de raça. A princípio, esse adestramento limitava-se a uma reduzida classe social, a nobreza.

Obs: gnômico = sentencioso

(Adaptado de Werner Jaeger, Paidéia: a formação do homem grego. Trad. Artur M. Parreira, 4.ed., São Paulo: Martins Fontes,2001, p. 23-24)

Nem uma nem outra nasceram do acaso, mas são antes produtos de uma disciplina consciente. Já Platão a comparou ao adestramento de cães de raça. A princípio, esse adestramento limitava-se a uma reduzida classe social, a nobreza.

Considere as afirmações que seguem sobre o fragmento transcrito, respeitado sempre o contexto.

I.A conjunção mas pode ser substituída, sem prejuízo do sentido original, por “entretanto”.
II. O advérbio introduz a idéia de que mesmo Platão percebera a similaridade que o autor comenta, baseado na comparação feita pelo filósofo entre “cães de raça” e “nobreza”.
III. A expressão A princípio leva ao reconhecimento de duas informações distintas na frase, uma das quais está subentendida.

Está correto o que se afirma APENAS em

Alternativas
Comentários
  •  NO CONTEXTO     O         MAS = E

     

     

    ADITIVA:                                            BEM COMO

                                                                 NÃO APENAS

                                                                  TAMPOUCO     =      TAMBÉM NÃO

                                                                 NÃO SÓMAS TAMBÉM

     

  • Alguém para comentar por favor!

  • Pois não, Mário Magalhães.

    I. A conjunção mas pode ser substituída, sem prejuízo do sentido original, por “entretanto”. 
    Há prejuízo, pois o mas aqui não contrasta, mas adiciona uma informação. Ou seja, ele tem valor aditivo e não adversativo.
    II. O advérbio  introduz a ideia de que mesmo Platão percebera a similaridade que o autor comenta, baseado na comparação feita pelo filósofo entre “cães de raça” e “nobreza”. 
    Não, o  significa por sua vez, por outro lado. Aqui existe uma relação de oposição
    III. A expressão A princípio leva ao reconhecimento de duas informações distintas na frase, uma das quais está subentendida. 
    Sim, a princípio significa primeiramente. Primeiramente, o adestramento limitava-se a nobreza.

    Primeiramente isso. E o quê mais? Não falta alguma coisa? Essa coisa está subentendida, é o "segundamente" que deveria vir, que seria a ampliação para as outras classes sociais.

     

    Questão boa, né?!