SóProvas


ID
1392295
Banca
CONSULPLAN
Órgão
CBTU
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A reconstrução da democracia 

    A sociedade brasileira acorda para os 50 anos de um trauma que viveu em sua história democrática.
    O golpe de 1964 atrasou a consolidação das bases da democracia brasileira e o alargamento de suas vias de desenvolvimento político, socioeconômico e cultural. É extremamente oportuno trazer à memória os eventos arbitrários que levaram à destituição do presidente João Goulart, que cumpria legítimo mandato democrático. Tais eventos abriram ao país os terríveis anos de chumbo, fechando as portas da liberdade com a instalação de 21 anos de ditadura.
    Todos os desdobramentos, danos e reflexos daquele fatídico 31 de março devem ser lembrados como aprendizado, como antídoto a eliminar, de pronto, eventuais sinais de ameaça que venham a pairar sobre o Estado democrático de Direito. 
    Regimes de exceção perpetuam privilégios, disseminam a injustiça, atrasam o desenvolvimento, comprometem as perspectivas de emancipação do povo e fecham as janelas do futuro de uma nação. 
    As sociedades atuais encontraram nas legislações de caráter democrático a referência para estabilizar a convivência entre os homens, sob a base ampla de direitos e deveres comuns a todos. Nesse contexto está a advocacia, profissão com status constitucional que defende os direitos dos cidadãos junto ao Estado, exercendo extraordinária função de caráter social. Na moldura arbitrária e sombria imposta aos brasileiros entre 1964 e 1985, a advocacia emergiu como principal defensora da cidadania, a despeito de pressões, prisões, ameaças e abusos de toda a espécie que se abateram sobre seus quadros. 
    A seccional paulista e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enfrentaram corajosamente os governos militares pela salvaguarda das prerrogativas dos advogados em seu papel de defesa dos presos e perseguidos políticos, procurando-os em delegacias, quartéis e em centros clandestinos de detenção e tortura. Pesava aí não apenas a demanda pela legalidade processual, mas a urgência da preservação da vida. É sabido que centenas de brasileiros, vítimas de prisões arbitrárias, acabaram mortos sob tortura. 
    A advocacia emergiu na linha de frente pela reconstrução da ordem democrática, mesmo nos anos mais duros da repressão. Conduziu as bandeiras libertárias a um Congresso que atuava com direitos mínimos e controlados, aos representantes do Judiciário, à imprensa, às entidades organizadas da sociedade civil, às praças. Viveu-se nesse tempo sob a imposição de atos institucionais, como o AI-5, que estabeleceu o estado de sítio, suspendeu direitos políticos e cassou o habeas corpus daqueles acusados de crimes contra a Lei de Segurança Nacional. 
    Momento digno de nota, porque memorável, foi a leitura da “Carta aos Brasileiros” pelo jurista Goffredo Telles Júnior. Em 8 de agosto de 1977, sob as arcadas da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, ele conclamou a volta da democracia, do “Estado de Direito, já”. Goffredo justifica o brado dizendo-se representante da família do Direito, uma “família indestrutível, espalhada por todos os rincões da pátria”.
    Nos duros anos do regime militar, os advogados, em todos os espaços do país, assumiram com destemor seu papel em defesa dos cidadãos e da normalidade institucional. Alguns desses nomes ainda permanecem à frente de ações que, hoje, buscam promover o resgate da memória nacional e da verdade, em uma demonstração de que o caminho mais viável para o Brasil superar seus imensos desafios passa, necessariamente, pela democracia. 

(Marcos da Costa. Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/04/1434430-marcos-da-costa-a- reconstrucao-da-democracia.shtml. Adaptado.) 

No trecho “É sabido que centenas de brasileiros, vítimas de prisões arbitrárias, acabaram mortos sob tortura.” (6º§), nota-se a presença de voz passiva analítica que, se transformada em voz passiva sintética, deveria ser estruturada da seguinte forma:

Alternativas
Comentários
  • Gostaria de saber o porque da mudança do tempo verbal na letra d : acabariam (futuro do pretérito). Se na frase o verbo está conjugado no pretérito perfeito (acabaram). Neste caso, não teria que ser mantido o tempo verbal?

    Alguém sabe me explicar?

  • Voz passiva sintética – Formada por um verbo transitivo direto (ou direto e indireto) na terceira pessoa (do singular ou plural) mais o pronome “se” (apassivador).

    Voz passiva analítica – Formada pelo verbo auxiliar (ser ou estar) mais o particípio de um verbo transitivo direto (ou direto e indireto).


  • Eu tive o mesmo raciocínio da Thaise. Não ficou muito claro.

  • Essa questão deveria ser anulada, pois no gabarito houve mudança do tempo verbal, mudando o sentido da frase!

  • Ao meu ver, essa questão teria que ser anulada, mudou-se o tempo verbal do verbo "acabar" da alternativa "d" sem necessidade. Há muitas formas inteligentes de confundir um candidato, mas essa realmente não foi uma delas.

  • Na letra "D", apesar de ter mudado o sentido (acabaram > acabariam), a frase continua gramaticalmente correta, pois mantem-se a correlação verbal na frase. Percebam que no comando da questão o examinador em NADA pede sobre alteração de sentido. Infere-se, portanto, que somente a correção gramatical é suficiente para justificar o gabarito da questão.

    Deixo-vós essa minha humilde ponderação.

  • Apesar do verbo ter mudado o tempo, por eliminação letra D

    Reescrevendo a frase: É sabido "isso" ou "Isso" é sabido (VOZ PASSIVA ANALITICA)

    Passando para voz passiva sintetica: Sabe-se "isso"

  • Vídeo bom pra ajudar a glr: https://www.youtube.com/watch?v=5vU2SHT1JXI

  • matei essa pois a voz sintetica é caracterizada pelo pronome apassivadador que no caso é o sabe-se.

  • É sabido que centenas de brasileiros, vítimas de prisões arbitrárias, acabaram mortos sob tortura.”  SER+ PARTICIPIO = VOZ PASSIVA ANALITICA

     

    Sabe-se que centenas de brasileiros, vítimas de prisões arbitrárias, acabariam mortos sob tortura.  VTD + SE+ SUJEITO PACIENTE.

  • Já ía marcar a letra 'D', porque sei que a voz sintética de é sabido = sabe-se.

    Ocorre que a assertiva mudou o tempo verbal acabaram para acabariam....

    sei lá! Tudo bem que a baca quer desbancar o máximo de candidato, mas achei sacanagem das sacanagens.

    Fazendo as questões como treino, está válido! Mas na hora da prova bate aquela insegurança e 'nego' erra chorando....

    vivendo e aprendendo. Só posso dizer que lamento ser obrigada a fazer concurso dessa banca estranha. É cada questão de português que dá até mdeo!

    Sou muito mais FCC e CESPE

  • letra D

    A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.

    Por exemplo:

    Abriram-se as inscrições para o concurso.
    Destruiu-se o velho prédio da escola.

  • Marquei a letra "D" por causa do "sabe-se", forma correta de se fazer a conversão da Voz Passiva Analítica para a Voz Passiva Sintética. Todavia, indiquei para comentário do professor, pois a tempo verbal deveria ter sido mantido e não foi. 

  • DESCOMPLICA:

     

     

    Transformar para VOZ PASSIVA ANALÍTICA:

     

    REGRA:        ATIVA COM UM VERBO =   NA PASSIVA VAI TER DOIS

     

     

    -     VOZ ATIVA            Os revestimentos das paredes isolam o calor 

                                     Sujeito                          VTD        OD

     

     

        PROCURAR O VERBO:    SER      +      PARTICÍPIO             Q778074                    Q778014                     

     

    -      VOZ PASSIVA     O calor         é       +       isolado                         pelos revestimentos das paredes.

                                         Sujeito     VL          (locução verbal)                     Agente da passiva 

     

     

     Q795122    É produzido com matérias primas da própria região.

    Q822883  No caso do de cobre, esse controle é repetido por nós após a primeira menstruação depois da colocação

     

    Q795598      Verificar onde NÃO   há AGENTE DA PASSIVA

    Alternativa em que a PASSIVA ANALÍTICA poderia ser convertida em PASSIVA SINTÉTICA

     

                                       TRANSFORMAR DA PASSIVA ANALÍTICA PARA PASSIVA SINTÉTICA

     

    -    VOZ PASSIVA ANALÍTICA:  O caderno  foi (ser)  comprado (particípio) por João (Agente da Passiva)

     

    É sabido que centenas de brasileiros acabaram mortos

     

    Voz passiva SINTÉTICA:   COMPROU-SE (PA – VTD)  o caderno

     

    Sabe (VTD) -se (PA) que centenas de brasileiros acabariam mortos

     

    QUEM SABE, SABE ALGO

     

     

  • é sabido - sabe-se

  • Voz Passiva: quando o sujeito recebe a ação expressa pelo verbo.

    Voz passiva analítica: verbo SER + participio do verbo principal.

    Voz passiva sintética:  verbo + particula se (pronome apassivador)

    Nesse caso da questao, "é sabido" está na forma passiva analítica. Passando para a passiva sintética temos: "Sabe-se."

     

     

     

  • TEM QUE SER ANULADA!

    Aff perdi uns 5 minutos pensando aqui para ver que esse lixo de banca mudou o tempo verbal e quase forçou um erro, sendo que eles estão errados! 

  •  

    Gabarito D

    Particula SE 

  • De fato Luana e Thaise, "acabaram" é pretérito perfeito simples enquanto "acabariam" é, nesse caso,  o que chamamos de presente histórico, caracterizado no presente do indicativo.

     

    - Presente histórico é a narração de um fato do passado no presente, aproximando o texto e o leitor.

     

    Mudaram o tempo verbal, mas isso não mudou em nada o significado.