- ID
- 1397419
- Banca
- FUNCAB
- Órgão
- SEDS-TO
- Ano
- 2014
- Provas
-
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Educação Física
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista em Defesa Social - Pedagogia
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista em Defesa Social - Psicologia
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista em Defesa Social - Serviço Social
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Direito
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Enfermagem
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Medicina Clínica
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Nutrição
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Odontologia
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Pedagogia
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Psicologia
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Serviço Social
- FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador - Terapia Ocupacional
- Disciplina
- Português
- Assuntos
O Segredo da Propaganda é
a Propaganda do Segredo
Depois de tantos anos vendo televisão diariamente, chego a uma conclusão definitiva: é muito mais divertido e mais prático ver os anúncios. Enquanto as outras pessoas ficam aflitas tentando decorar os horários das novelas, das paradas de sucesso e dos chamados programas humorísticos, eu não tenho problema: ligo a televisão em qualquer canal e vejo os anúncios sem preocupação de horário. Vocês talvez achem que é loucura ver os mesmos anúncios diversas vezes, mas posso garantir que os anúncios variam muito mais que as piadas e as músicas que são servidas todos os dias. Pelomenos os anúncios são bembolados, alguns até inteligentes. A técnica é chatear tanto até ficarem em nosso subconsciente – se é que alguém consegue ter subconsciente assistindo televisão.
Os refrigerantes, por exemplo: quase todos fazem as garrafas dançar na nossa frente e tocam uma musiquinha que chega a dar sede. Aí a gente não resiste: vai à geladeira e bebe um copo de água.
Mas bom mesmo é anúncio de sabonete: aparece cada moça bonita que vou te contar. E com uma grande vantagem, as moças não falam, só aparecem, ligam o chuveiro e ficam noivas dentro da espuma. Por mais que a gente saiba que aquilo é anúncio de sabonete, fica sempre aquela dúvida se um dia eles não vão resolver dar o nome daquele chuveiro ou, quem sabe, o telefone da moça.
Geniais mesmo são as geladeiras que duram toda a vida. Mas muito mais geniais são os textos garantindo que cabe tudinho dentro delas, mas acho que não têm tanta certeza, pois fazem questão de botar uma moça bem bonita pra mostrar a geladeira – e a gente tem é vontade de comprar a moça, mesmo semo “certificado de garantia".
[...]
Existe anúncio de todo tipo: tecidos que não amarrotam, tecidos que dão prêmios, tecidos que dão desconto, tecidos coloridos que são apresentados em preto e branco, tecidos brancos que ficam cada vez mais brancos à medida que vai surgindo um novo sabão em pó. Mas é o que eles pensam: o branco deles, lá em casa, todo mundo tá vendo que é cinza.
O mais engraçado são os anúncios de inseticidas que matam todos os insetos, menos as moscas do estúdio.
Anuncia-se também muita banha, muito pneu, muito perfume, muito sapato, muito automóvel, muita calça, muita bebida e muita pílula pra dor de cabeça. Parece até que um anúncio depende do outro – é como se fosse uma novela, com a vantagem de a gente sempre saber qual o final de cada anúncio. E não pensem que sou o único a achar os anúncios mais interessantes que os programas: os donos das emissoras também acham – senão não ocupavam a maior parte do tempo com anúncios. Nos intervalos é que colocam alguns programinhas – por absoluta falta demais anúncios.
Reparem só: os programas de humor mostram o lado negativo das pessoas, os personagens são quase todos fossilizados, gagos, surdos, cegos, velhos borocochôs ou sem sexo definido. As novelas exploram seres anormais dentro de um mundo de misérias e lágrimas. Já os anúncios apresentam um mundo de otimismo, onde tudo é bom e saudável, não quebra, dura toda a vida e qualquer um pode adquirir quase de graça, pagando como
puder, no endereço mais próximo da sua casa. O único detalhe que nos deixa um pouco frustrados é que a moça que dá os endereços fala tão preocupada em não errar que a gente não consegue decorar nenhum endereço. Em compensação, sabe de cor a moça todinha.
ELIACHAR, Leon. O Homem ao Zero. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1968, p. 47.)
“... qualquer um pode adquirir quase de graça, pagando como puder...” (§ 8)
Das alterações feitas a seguir na redação do fragmento acima, pode-se afirmar que a flexão do verbo “poder” está em desacordo com as normas da língua culta em: