Elaborado nos anos 1950, o método Paulo Freire manteve os procedimentos técnicos  iniciais mas  incorporou novas  ideias ao  longo das décadas, vindo a se definir como uma “Pedagogia da Autonomia”, com ênfase na dialogicidade,  na autonomia do sujeito e sua  inserção na cultura. Sobre essa temática, julgue os  itens a seguir:
I.  Tanto  na  abordagem  de  Freire  quanto  na  construtivista,  o  educando  é  um  ser  integral,  para  quem  cognição,  afeto  e  sociabilidade  estão  entrelaçados.  Compreender  e  interpretar  o  mundo  são  processos  que  envolvem  as  dimensões  sócio-cognitiva e sócio-afetiva.  Esta concepção se beneficiaria da  relação com  a  psicologia  social,  justamente pela  sua  vinculação aos processos comunicacionais e grupais. Se  letramento é uma prática social, e cognição e  interpretação são  processos sociais, é necessário compreender como o vínculo social pode facilitar e  impulsionar a aprendizagem.
II.  O método Paulo Freire visa uma habilidade formal  (leitura) e busca a compreensão crítica do sujeito sobre seu  contexto  (leitura  do  mundo)  e  de  si-mesmo  nesse  contexto.  Apesar  dessas  características,  não  figura  um  método  dialógico  propriamente  dito,  uma  vez  baseado  na  linguagem  e  na  cultura  dos  educadores. A simetria  de  poder no  aprendizado  é questionada:  o saber não é algo que alguém  dê a  alguém,  é  produzido em  interação dentro de  um  contexto  (Freire,  1976;  1977;  1980;  1993;  1994;  2003).  Para  Freire  (1976),  a  relação  dialógica  é  o  selo  do  ato  cognoscitivo,  em  que  o  objeto cognoscível, mediatizando os sujeitos cognoscentes, se entrega a seu desvelamento crítico. Este enfoque reflexivo  associa-se à compreensão da dialética, mas não enfrenta diretamente a questão da heteronomia do sujeito no contexto.
III. Será em  Pedagogia da Autonomia que Freire enfatizará a  reciprocidade entre educador e educando,  envolvidos em  um  processo dialético que transforma a ambos. O que se ensina é mais que um conteúdo. É um jeito de ser, uma abordagem  crítica,  a  abertura  para  o  conhecimento  e  para  o  outro. Aqui  a  dialogicidade  emerge  como  noção  básica  do  processo  educativo. Não é mera aceitação mas é postura democrática de escutar, problematizar e viver juntos o “risco” de produzir  o conhecimento. A autonomia está presente desde o  início no processo educativo, precisa ser reconhecida e  incentivada  (Freire, 2003).
São corretas as afirmativas: