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ID
1419250
Banca
VUNESP
Órgão
PM-SP
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    A língua frouxa

      O poeta Ezra Pound dizia que era preciso manter a língua eficiente. Palavras corrompidas, usadas fora de contexto, e a substituição arbitrária e compulsória de umas por outras tornam a língua pobre, imprecisa, ineficiente. Com isso, produzem pensamentos frouxos, e a vida vai para o beleléu.
      Ao agradecer, por exemplo, quase ninguém mais diz “Obrigado”. O gato comeu o primeiro “o”. Milhões agora gorgolejam um excruciante “Brigado”. Não que isso seja novidade – apenas tornou­se uma regra não escrita. Naturalmente, o mesmo empobrecimento que produz o “brigado” impede que, se for uma mulher, ela diga “Obrigada”.
      Da mesma forma, quando alguém hoje nos lisonjeia com um “Obrigado” (ou seu correspondente “Obrigada”), abandonamos a resposta clássica, sóbria e elegante, “De nada” ou “Por nada”. Em vez disso, cacarejamos “Imagina!” – como se ficássemos sinceramente ofendidos por alguém estar nos agradecendo. Há casos em que, não contente, a pessoa solta: “Magina!”. Pro ponho o seguinte: se alguém nos diz “Brigado!”, fica liberado o uso de “Magina!” – uma elocução merece a outra.
      E o que dizer do “Com certeza!”? Há anos, mandou para o limbo uma variedade de opções, como “Claro!”, “Sem dúvida!”, “Evidente!” ou “Certo!”, além do melhor e tão mais simples “Sim!”. Jogadores de futebol, nas torturantes entrevistas que concedem ao fim da partida, são os grandes abonadores do “Com
certeza!”. Quase sempre, sem saber o que significa.
      O locutor pergunta: “Fulaninho, vocês perderam por 10 a 0. Como será o próximo jogo?”. O craque responde: “Com certeza. Agora é levantar a cabeça e trabalhar duro para vencer o próximo jogo e conquistar nossos objetivos”. O locutor só pode agradecer: “Brigado!”.
      E o craque, retrucar: “Magina!”.

                                                            (Ruy Castro, Folha de S.Paulo, 01.11.2008. Adaptado)

Em – Há anos, mandou para o limbo uma variedade de opções… –, o verbo haver contribui para marcar a passagem do tempo.

Assinale a alternativa em que o verbo em destaque exerce a mesma função e foi empregado de acordo com a norma-­ ­padrão.

Alternativas
Comentários
  • D

  • , vão-SE a vírgula antes já demonstra que o pronome oblíquo está empregado certo, pq não pode usar pronome obliquo precedido de vírgula, logo ele só poderia estar depois do verbo VÃO É uma ênclise.
  • @Dyovanna Sheeran

    É uma questão de concordância verbal... Não de colocação pronominal!

  • A

    Foi uma alegria quando se encontraram, pois faziam anos que não se viam.

    correção: ,pois FAZ anos que não se viam. Verbo fazer no sentido de tempo é impessoal.

    B

    Passou-se meses antes que ele tivesse coragem para fazer a cirurgia.

    correção: Passaram-se meses.

    C

    Os policiais procuravam o grupo de turistas perdido na mata já haviam dias.

    correção: Havia dias. Verbo haver no sentido de existir é impessoal.

    D

    De janeiro até hoje, vão-­se meses e a reforma do edifício não avança.

    E

    Têm décadas que esta comunidade espera por saneamento básico para a região

    correção: Tem décadas.