O excesso de intervenções e/ou avaliações técnicas é
prejudicial e pode causar dano psíquico. Todavia, há igual desrespeito ao
sujeito quando ele é obrigado a falar de um acontecimento traumático, como é o
caso do Depoimento sem Dano. Mais grave ainda quando este momento é gravado,
passando a constituir prova de um processo judicial. “Reconhecer a palavra da
criança e do adolescente, ou o direito de se expressarem, é diferente de
sacralizar a palavra destes” (MARLENE IUCKSH, 2007). O discurso de uma criança
ou de um adolescente, quer em uma inquirição, quer em uma avaliação
psicológica, precisa ser contextualizado e tratado conforme as vicissitudes de
cada caso, jamais analisado isoladamente. Esse assunto merece amplo debate com
todos os setores envolvidos, principalmente com os técnicos responsáveis pelo
atendimento de tais situações. Todo o esforço deve ser feito no sentido de não
expor crianças e adolescentes em situações de evidente constrangimento e
sofrimento. Não acreditamos que uma sala “especialmente projetada para esse
fim, a qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade e à etapa
evolutiva do depoente”, possa garantir a “diminuição de sofrimento e não causar
danos”. Questionamos: “em uma situação traumática, inúmeros sintomas podem se
colocar no universo infantil, dentre eles, o silêncio. Se a criança se cala, é
preciso respeitar o seu silêncio, pois é sinal que ainda não tem como falar
sobre isto.” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2007). http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2009/08/livro_escuta_FINAL.pdf
Falando sério sobre a escuta de crianças e adolescentes envolvidos
em situação de violência e a rede de proteção – Propostas do Conselho
Federal de Psicologia. – Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2009.
"Não acreditamos que uma sala “especialmente projetada para esse fim, a qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade e à etapa evolutiva do depoente”, possa garantir a “diminuição de sofrimento e não causar danos”.(...) “em uma situação traumática, inúmeros sintomas podem se colocar no universo infantil, dentre eles, o silêncio. Se a criança se cala, é preciso respeitar o seu silêncio, pois é sinal que ainda não tem como falar sobre isto.” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2007)"
Essa é a posição do Conselho Federal de Psicologia. Alegando que o depoimento especial não garante o respeito com a criança vítima de violência.