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ID
1455328
Banca
FGV
Órgão
TJ-SC
Ano
2015
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Ao desenvolver o complexo de Édipo e situar a bissexualidade nos fundamentos da libido, Freud organiza a posição sexuada, homem e mulher, de acordo com a dialética daquilo que Lacan chama de significante da falta, a saber:

Alternativas
Comentários
  • A questão assusta porque menciona LACAN. Mas é tranquila de resolver: falo!

  • "Segundo Freud, o elemento organizador da sexualidade é o falo. Não podemos esquecer que ele não o confunde com o órgão sexual masculino, mas sim com a representação que se constitui com base nesta parte anatômica."


    Ao descrever as principais teorias sexuais formuladas pelas crianças, Freud afirma que a primeira teoria sexual elaborada pelas crianças decorre do desconhecimento da diferença entre os sexos. As crianças atribuem um pênis a todas as pessoas, inclusive à sua mãe. Ao se depararem com os órgãos genitais femininos, o menino conclui que o pênis da menina ainda é pequeno já que ela também é pequena, mas quando ela crescer, seu órgão também será grande. Freud esclarece que a ideia da universalidade do pênis leva ao desconhecimento da existência da vagina.

    Como a vagina ainda não foi descoberta por ambos os sexos, não existe, portanto, a antítese masculino-feminino. Não sendo ainda considerado o sexo feminino, o que existe é a antítese castrado – não castrado. O menino compreende o sexo feminino como falta de pênis, pois a anatomia feminina nada dá a perceber (Freud, 1923, p. 161).

    É importante ressaltar que a formulação freudiana sobre a primazia do falo é essencial para compreender o feminino, visto que permite compreender o falo de duas maneiras: como presença (nos meninos) ou ausência (nas meninas). Assim, ao atentar para aquilo que indica a diferença do feminino frente ao masculino, o feminino seria remetido a uma falta. Não se trata da falta de um órgão, o pênis, mas de um símbolo do sexo feminino.

    É importante ter em mente que a teoria da sexualidade em Freud não tem nada de desenvolvimentista, ao contrário, ele rompeu com qualquer perspectiva de desenvolvimento. A noção de sexualidade proposta por ele é articulada no inconsciente e, portanto, não é fundamentada pela biologia ou tampouco pelo instinto, mas pela pulsão (Elia, 2004, p. 62). 

  • A criança irá construir imaginariamente sua realidade psíquica que pressupõe que ali onde não tem, falta alguma coisa. A noção de falta de um objeto é, pois, fruto de uma elaboração psíquica da criança diante da diferença anatômica entre os sexos. O falo é, portanto, o objeto que falta.

    A leitura lacaniana deixa claro que o falo não designa uma fase, e sim um ponto de articulação. Trata-se de um significante ordenador. O falo é um significante2 (Lacan, 1958, p, 693). Ele permite ao sujeito o acesso a um ponto para o qual não há qualquer significante, ponto este em que o sexual como tal é representado no inconsciente. Não foi à toa que “Freud chamou de castração, o ponto em que o próprio falo, como significante, incide como faltoso” (Elia, 2004, p. 66).

    Segundo Lacan, o complexo da castração inconsciente, em sua vinculação fundamental com o falo, tem uma função de nó. Esta está ligada na estruturação dos sintomas quanto ao que é analisável nas neuroses, perversões e psicoses, e na regulação que “instala no sujeito uma posição no inconsciente sem a qual ele não poderia identificar-se com o tipo ideal de seu sexo, nem como responder às necessidades de seu parceiro na relação sexual” (1958, p. 692).

    Lacan esclarece essa questão justamente por situar o falo não como um mero órgão do corpo, tampouco como um objeto imaginário, nem mesmo como uma fantasia, mas como um significante, um operador simbólico que possibilita o sujeito se situar frente a seu desejo. “E de saída, porque falar de falo e não de pênis? É que não se trata de uma forma ou de uma imagem ou de uma fantasia, mas de um significante, o significante do desejo” (Lacan, 1958, p. 696). 

  • De maneira objetiva:

     

    Se a falta é a castração, logo o significante da falta é o falo.

     

    Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa

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    Gabarito: E