- ID
- 1506796
- Banca
- FCC
- Órgão
- TRT - 15ª Região (SP)
- Ano
- 2015
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
    Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber  que a prática foi uma das maiores vergonhas da humanidade. Mas  é preciso corrigir o tempo do verbo. Foi? Melhor escrever a frase  no presente. A escravidão ainda é uma das maiores vergonhas da  humanidade. E o fato de o Ocidente não ocupar mais o topo da  lista como responsável pelo crime não deve ser motivo para  esquecermos ou escondermos a infâmia.
    
Anos atrás, lembro-me de um livro aterrador de Benjamin  Skinner que ficou gravado nos meus neurônios. Seu título era A  Crime So Monstrous (Um crime tão monstruoso)  e Skinner  ocupava-se da escravidão moderna para chegar à conclusão  aterradora: existem hoje mais escravos do que em qualquer outra  época da história humana.
    Skinner não falava apenas de novas formas de escravidão,  como o tráfico de mulheres na Europa ou nos Estados Unidos. A  escravidão que denunciava com dureza era a velha escravidão  clássica - a exploração braçal e brutal de milhares ou milhões de  seres humanos trabalhando em plantações ou pedreiras ao som do  chicote. [...] 
    
Pois bem: o livro de Skinner  tem novos desenvolvimentos  com o maior estudo jamais feito sobre a escravidão atual.  Promovido pela Associação Walk Free, o Global Slavery Index é  um belo retrato da nossa miséria contemporânea. [...]
    A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava,  continua a espantar o mundo em termos absolutos com um número  que hoje oscila entre os 13 milhões e os 14 milhões de escravos.  Falamos, na grande maioria, de gente que continua a trabalhar  uma vida inteira para pagar as chamadas "dívidas transgeracionais" em condições semelhantes às dos escravos do Brasil nas  roças.
    
Conclusões principais do estudo?  Pessoalmente,  interessam-me duas. A primeira, segundo o Global Slavery Index, é  que a escravidão é residual, para não dizer praticamente  inexistente, no Ocidente branco e "imperialista".  
    De fato, a grande originalidade da Europa não foi a escravidão; foi, pelo contrário, a existência de movimentos abolicionistas  que terminaram com ela. A escravidão sempre existiu antes de  portugueses ou espanhóis comprarem negros na África rumo ao  Novo Mundo. Sempre existiu e, pelo visto, continua a existir.
    Mas é possível retirar uma segunda conclusão: o ruidoso  silêncio que a escravidão moderna merece da intelectualidade  progressista. Quem fala, hoje, dos 30 milhões de escravos que  continuam acorrentados na África, na Ásia e até na América  Latina? [...]
    
O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode  relembrar ao mundo algumas vergonhas passadas. Mas confesso  que espero pelo dia em que Hollywood também irá filmar as  vergonhas presentes: as vidas anônimas dos infelizes da  Mauritânia ou do Haiti que, ao contrário do escravo do filme, não  têm final feliz. 
                                                 (Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. "Os Escravos".  Disponível em:
                                                                                                                   http://www1.folha.uol.com.br) 
Mas é possível retirar uma segunda conclusão...(8 o parágrafo) 
... pode relembrar ao mundo algumas vergonhas...(último parágrafo)  
... não têm final feliz. (último parágrafo)   
Os segmentos sublinhados acima são corretamente substituídos por pronomes em: