SóProvas


ID
1540906
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFES
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                        A ciência, o bem e o mal

                                                                                                                              Marcelo Gleiser

            Em 1818, com apenas 21 anos, Mary Shelley publicou o grande clássico da literatura gótica, “Frankenstein ou o Prometeu Moderno". O romance conta a história de um doutor genial e enlouquecido, que queria usar a ciência de ponta de sua época, a relação entre a eletricidade e a atividade muscular, para trazer mortos de volta à vida.
            Duas décadas antes, Luigi Galvani havia demonstrado que a eletricidade produzia movimentos em músculos mortos, no caso em pernas de rãs. Se vida é movimento, e se eletricidade pode causá-lo, por que não juntar os dois e tentar a ressuscitação por meio da ciência e não da religião, transformando a implausibilidade do sobrenatural em um mero fato científico?
            Todos sabem como termina a história, tragicamente. A “criatura" exige uma companheira de seu criador, espelhando Adão pedindo uma companheira a Deus. Horrorizado com sua própria criação, Victor Frankenstein recusou. Não queria iniciar uma raça de monstros, mais poderosos do que os humanos, que pudesse nos extinguir.
            O romance examina a questão dos limites éticos da ciência: será que cientistas podem ter liberdade total em suas atividades? Ou será que existem certos temas que são tabu, que devem ser bloqueados, limitando as pesquisas dos cientistas? Em caso afirmativo, que limites são esses? Quem os determina?
            Essas são questões centrais da relação entre a ética e a ciência. Existem inúmeras complicações: como definir quais assuntos não devem ser alvo de pesquisa? Dou um exemplo: será que devemos tratar a velhice como doença? Se sim, e se conseguíssemos uma “cura" ou, ao menos, um prolongamento substancial da longevidade, quem teria direito a tal? Se a “cura" fosse cara, apenas uma pequena fração da sociedade teria acesso a ela. Nesse caso, criaríamos uma divisão artificial, na qual os que pudessem viveriam mais. E como lidar com a perda? Se uns vivem mais que outros, os que vivem mais veriam seus amigos e familiares perecerem. Será que isso é uma melhoria na qualidade de vida? Talvez, mas só se fosse igualmente distribuída pela população, e não apenas a parte dela.
            Outro exemplo é a clonagem humana. Qual o propósito de tal feito? Se um casal não pode ter filhos, existem outros métodos bem mais razoáveis. Por outro lado, a clonagem pode estar relacionada com a questão da longevidade e, em princípio ao menos, até da imortalidade. Imagine que nosso corpo e nossa memória possam ser reproduzidos indefinidamente; com isso, poderíamos viver por um tempo indefinido. No momento, não sabemos se isso é possível, pois não temos ideia de como armazenar memórias e passá- las adiante. Mas a ciência cria caminhos inesperados, e dizer “nunca" é arriscado.
            Toquei apenas em dois exemplos, mas o ponto é óbvio: existem áreas de atuação científica que estão diretamente relacionadas com escolhas éticas. O impulso inicial da maioria das pessoas é apoiar algum tipo de censura ou restrição, achando que esse tipo de ciência é feito a caixa de Pandora.
            Mas essa atitude é ingênua. Não é a ciência que cria o bem ou o mal. A ciência cria conhecimento. Quem cria o bem ou o mal somos nós, a partir das escolhas que fazemos.

Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloglei-ser/2013/09/1348909-a-ciencia-o-bem-e-o-mal.shtml.  Acesso 24 nov 2013.



Em “Se a “cura” fosse cara, apenas uma pequena fração da sociedade teria acesso a ela.”, a expressão em destaque funciona como

Alternativas
Comentários
  • Se eu estiver errada, corrijam-me, por favor, porém acredito que "a ela"se refere a cura e a cura é substantivo abstrato.

    Acredito que é esse o motivo do gabarito.

  • "A ela' se relaciona com acesso e acesso é um nome. 

  • c) complemento nominal. Quem tem acesso, tem acesso a algo. A regencia nominal exige preposicao assim como verbo transtitivo indireto a exige. CN é termo intergrante, necessario para completar o sentido do nome, enquanto AA nao é essencial, podendo ser removido sem prejudicar a oração

  • --> Principais diferenças entre o complemento nominal e o adjunto adnominal.

     


    1.ª diferença:

    O adjunto adnominal: referem-se aos substantivos (tanto concretos como abstratos).

    O complemento nominal: referem-se aos substantivos (só abstratos), a adjetivos e a advérbios.
     

     

    2.ª diferença:

    O adjunto adnominal: pratica a ação expressa pelo nome a que se refere.

    O complemento nominal: recebe a ação expressa pelo nome a que se refere.
     

     

    3.ª diferença:

    O adjunto adnominal: pode indicar posse.

    O complemento nominal: nunca indica posse.
     

     

    --> Exemplos de aplicação dos critérios acima:

     


    Ex 1.: As críticas ao diretor eram infundadas.

    CRÍTICAS: nome (substantivo)

    AO DIRETOR: complemento nominal ou adjunto adnominal?

    Observe que CRÍTICAS expressa uma ação (ação de criticar). O termo AO DIRETOR é que recebe as críticas (o diretor é criticado). Usando o segundo critério, podemos concluir que AO DIRETOR é um complemento nominal.
     

     

     

    Ex 2.: As críticas do diretor eram infundadas.

    CRÍTICAS: nome (substantivo)

    Agora, o termo DO DIRETOR é adjunto adnominal, pois ele pratica a ação expressa pelo nome CRÍTICAS.

     

     

    http://www.akashalioncourt.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=234240

    GABARITO: C

  • acesso a algo

  • Por ser "ACESSO" Subst Abstrato estamos falando de Complemento Nominal

  • "...da sociedade teria acesso a ela"

    Ela acessaria ou seria acessada?

    Seria acessada pela sociedade, portanto, sofre ação verbal

    CN