SóProvas


ID
1545223
Banca
FCC
Órgão
MANAUSPREV
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    O primeiro... problema que as árvores parecem propor-nos é o de nos conformarmos com a sua mudez. Desejaríamos que falassem, como falam os animais, como falamos nós mesmos. Entretanto, elas e as pedras reservam-se o privilégio do silêncio, num mundo em que todos os seres têm pressa de se desnudar. Fiéis a si mesmas, decididas a guardar um silêncio que não está à mercê dos botânicos, procuram as árvores ignorar tudo de uma composição social que talvez se lhes afigure monstruosamente indiscreta, fundada que está na linguagem articulada, no jogo de transmissão do mais íntimo pelo mais coletivo.
    Grave e solitário, o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som, a que os humanos só atingem por alguns instantes e através da tragédia clássica. Não logramos comovê-lo, comunicar-lhe nossa intemperança. Então, incapazes de trazê-lo à nossa domesticidade, consideramo-lo um elemento da paisagem, e pintamo-lo. Ele pende, lápis ou óleo, de nossa parede, mas esse artifício não nos ilude, não incorpora a árvore à atmosfera de nossos cuidados. O fumo dos cigarros, subindo até o quadro, parece vagamente aborrecê-la, e certas árvores de Van Gogh, na sua crispação, têm algo de protesto.
    De resto, o homem vai renunciando a esse processo de captura da árvore através da arte. Uma revista de vanguarda reúne algumas dessas representações, desde uma tapeçaria persa do século IV, onde aparece a palmeira heráldica, até Chirico, o criador da árvore genealógica do sonho, e dá a tudo isso o título: Decadência da Árvore. Vemos através desse documentário que num Claude Lorrain da Pinacoteca de Munique, Paisagem com Caça, a árvore colossal domina todo o quadro, e a confusão de homens, cães e animal acuado constitui um incidente mínimo, decorativo. Já em Picasso a árvore se torna raríssima, e a aventura humana seduz mais o pintor do que o fundo natural em que ela se desenvolve.
    O que será talvez um traço da arte moderna, assinalado por Apollinaire, ao escrever: "Os pintores, se ainda observam a natureza, já não a imitam, evitando cuidadosamente a reprodução de cenas naturais observadas ou reconstituídas pelo estudo... Se o fim da pintura continua a ser, como sempre foi, o prazer dos olhos, hoje pedimos ao amador que procure tirar dela um prazer diferente do proporcionado pelo espetáculo das coisas naturais". Renunciamos assim às árvores, ou nos permitimos fabricá-las à feição dos nossos sonhos, que elas, polidamente, se permitem ignorar.


                                                (Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. "A árvore e o homem", em
                                                                           Passeios na Ilha, Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, p. 7-8)

Desempenha a mesma função que o segmento através da tragédia clássica (2o parágrafo), o que está sublinhado em:

Alternativas
Comentários
  • O comando da questão traz um advérbio. Para visualizá-lo com mais facilidade, vamos transpassar o perídio para a ordem direta do discurso:

    O estado de impermeabilidade do som [só] atinge aos humanos por alguns instantes, através da tragédia grega (advérbio de modo)


    Letra a) advérbio (fiquei na dúvida sobre ser advérbio de modo ou de lugar, mas seria o único adevérbio da questão)

    Letra b) Objeto Indireto

    Letra c) complemento nominal

    Letra d) Objeto

    Letra e) Objeto



  • eu não entendi pq a letra D) é objeto direto....achei que fosse complemento... alguém pode explicar?

  • LETRA A


    Acredito que a letra C seja Adjunto Adnominal e não CN , pois "é um traço da arte moderna" tem sentido de posse 

  • Gabarito A.

    Exatamente meu amigo, letra C é um adjunto adnominal.

  • EU CONSEGUI LOGRAR SUCESSO NO CONCURSO ATRAVES DO QC --> POSICAO FCCIANA.


    ATRAVAS DO QC, EU CONSEGUI LOGRAR SUCESSO NO CONCURSO -->POSICAO ORDINARIA.


    Veja que o ADJUNTO ADVERBIAL (TRAVAS DO QC) eh colocado com virgulas no comecço e nao no final



    ons etuods

  • nossa gente nao entendi muito bem, se alguém tiver uma explicação legalzinha aí pra clarerar melhor a mente, eu soube que era adverbio, mas achei que a c fosse adverbio tb 

     

  • D não é objeto. O verbo Pender ali é intransitivo, creio eu. E mais me parece ser um ADV do que um objeto

  • já notaram que quando a questão é difícil são 7 comentários e quando é fácil  200 pessoas querem dizer  a mesma coiosa?

  • O comando da questão traz um advérbio. Para visualizá-lo com mais facilidade, vamos transpassar o perídio para a ordem direta do discurso:

    O estado de impermeabilidade do som [só] atinge aos humanos por alguns instantes, através da tragédia grega(advérbio de modo)

    Letra a) advérbio (fiquei na dúvida sobre ser advérbio de modo ou de lugar, mas seria o único adevérbio da questão)

    Letra b) Objeto Indireto

    Letra c) complemento nominal

    Letra d) Objeto

    Letra e) Objeto

  • A FRASE: Grave e solitário, o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som,| a que os humanos só atingem por alguns instantes e através da tragédia clássica..

    Atingem como? Através da tragédia clássisa = advérbio de modo

    .

    A) ...certas árvores de Van Gogh, na sua crispação, têm algo de protesto.

    Certas ásvores de Van Gogh têm algo de protesto na sua crispação = advérbio de modo

    Crispação vem de crispar, o modo como estão frisadas

    .

    B) ...e dá a tudo isso o título...

    Dar algo a alguém = OBJETO INDIRETO

    .

    C) O que será talvez um traço da arte moderna...

    Ideia de posse = COMPLEMENTO NOMINAL

    (Exemplo: o medo dos moradores era de que... - o medo que os moradores tinham)

    .

    D) Ele pende, lápis ou óleo, de nossa parede...

    Pender é transitivo direto e indireto = OBJETO INDIRETO

    .

    E) ...o homem vai renunciando a esse processo de captura da árvore...

    Renunciar a algo = OBJETO INDIRETO