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ID
1651018
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
FUB
Ano
2015
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

De acordo com a psicopatologia e a psicodinâmica do trabalho, julgue o item seguinte, acerca de saúde mental.

O sofrimento ético, assim como o criativo, auxilia na manutenção da saúde mental.

Alternativas
Comentários
  • Porque a resposta é Correta? Alguém sabe?

  • De acordo com a Psicodinâmica do Trabalho, teorizada por Christophe Dejours, pode-se caracterizar dois tipos de sofrimento: o patogênico e o criativo. Tendo em vista que esse teórico interessa-se em investigar como o sujeito é capaz de manter o equilíbrio psíquico e a saúde mental, apesar dos constrangimentos no trabalho, ele define o sofrimento criativo como o conjunto de soluções favoráveis que o trabalhador cria, na dimensão inconsciente, para que possa preservar sua saúde; sendo, portanto, o sofrimento patogênico o contrário do criativo – quando o indivíduo cria soluções desfavoráveis à saúde. Em outras palavras, o sofrimento patogênico emerge quando as possiblidades de adaptação (da organização do trabalho aos desejos do sujeito) se esgotam. Assim, os sujeitos vivem um equilíbrio instável e precário entre o sofrimento e defesas (Dejours e Abdouchelli).

    Quando as estratégias de defesa, sejam coletivas ou individuais falham, ocorre o adoecimento dos trabalhadores.O ideal seria que nas instituições existissem espaços para o sofrimento criativo, pois, é nesse domínio onde as perspectivas de modificação da organização do trabalho são possíveis.

    Por fim, reconhecemos as dificuldades de aplicar a noção de superego, seja na consciência individual ou cultural, dentro do âmbito privado das organizações. As transformações no mundo do trabalho criou modelos de funcionamento onde esses aspectos não são levados em consideração, os novos modelos oprimem as subjetividades não havendo espaço para sofrimentos e fracassos. Por isso, é necessário que os trabalhadores não desistam de resistir a essa relação de dominação, que eles busquem a criação de seus próprios espaços individuais e coletivos usando com uma ferramenta possível o aspecto crítico do superego, no qual a ‘lei’ e as normas são vistas como uma construção coletiva viva e por isso em permanente transformação.


    http://psicologiaeticaedh.blogspot.com.br/2015/01/sofrimento-etico-no-trabalho.html

  • Tb não entendi. O sofrimento ético auxilia na manutenção da saúde...

  • Será que esse "Sofrimento ético" quer dizer um sofrimento aceitável?? Ficou muito estranho essa questão... 

  • O sofrimento ético surge quando o sujeito chega ao ponto de executar ordens com as quais não concorda.

    "Necessárias à proteção da saúde mental contra os efeitos deletérios do sofrimento, as estratégias defensivas podem também funcionar como uma armadilha que insensibiliza contra aquilo que faz sofrer. Além disso, permitem às vezes tornar tolerável o sofrimento ético, e não mais apenas psíquico, entendendo-se por tal não o sofrimento que resulta de um mal padecido pelo sujeito, e sim o que ele pode experimentar ao cometer, por causa de seu trabalho, atos que condena moralmente. E se ele for capaz de construir defesas contra esse sofrimento, poderá manter seu equilíbrio psíquico"
    https://books.google.com.br/books?id=k7OhsrX1quIC&pg=PA36&lpg=PA36&dq=%22sofrimento+%C3%A9tico%22+dejours+%22sa%C3%BAde+mental%22&source=bl&ots=ql26CZA_dm&sig=RM0MByf4_5eX-eDpxg2BKJRJc0g&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjt6qTU1KnKAhVEE5AKHemmDegQ6AEIWjAJ#v=onepage&q=%22sofrimento%20%C3%A9tico%22%20dejours%20%22sa%C3%BAde%20mental%22&f=false
  • Galera, eu entendo que o sofrimento ético pode ser por exemplo, uma crise de identidade, e dessa crise pode trazer respostas positivas ao sujeito. Como no caso da construção da metáfora delirante do psicótico onde ele verbaliza sua crise e seu sofrimento e logo após podemos notar uma "melhora" em seu quadro, ou estabilização dos sintomas. 

  • Tambem nao entendi.
  • O sofrimento assume um papel de mediador entre o patológico e o saudável na medida em que mobiliza o sujeito à mudança da situação desencadeadora de desconforto e conflito. O sofrimento torna-se criativo quando é transformado e o trabalho é ressignificado por meio da criatividade, e patológico quando não existe possibilidade de negociação (liberdade) entre o sujeito e a organização do trabalho (Dejours, Abdouchelli & Jayet, 1994). 

    FONTE: http://bdm.unb.br/bitstream/10483/8409/6/2013_MariadoSocorrodosSantosdosReis.pdf 

  • Segundo o artigo: http://www.aojus.org.br/AOJUS/arquivos/artigo%20final%20Angelita%20de%20Carvalho.pdf

     

    "Mendes (2007) destaca três grupos de defesas que englobam várias outras da mesma categoria. São elas: defesa de proteção, de adaptação e exploração. As defesas de proteção decorrem da precarização do trabalho e se manifestam como formas de pensar e agir compensatórios. O trabalhador evita o adoecimento alienando-se das causas do sofrimento, porém a organização do trabalho se mantém inalterada. As defesas de adaptação e exploração se fundam na negação do sofrimento e na submissão ao desejo da produção. A organização age sobre o pensar, o sentir e o agir do trabalhador, sutilmente, de forma a conseguir excelência na produção ao preço do sofrimento do trabalhador. Assim, o trabalhador é explorado nas suas defesas, à medida que elas são postas a serviço da produção.

     

    Vários são os desdobramentos destas defesas. Entre elas, pode-se mencionar:cinismo, virilidade, dissimulação, hiperatividade, desesperança de ser reconhecido, desprezo e danos aos subordinados.

     

    A conclusão a que chega Mendes é que tanto o sofrimento quanto as defesas se prestam a preservar a saúde do trabalhador. No entanto as defesas podem levar à alienação se transformadas em ideologias defensivas e se excessivamente utilizadas, em patologias sociais."

     

     

  • RESPOSTA: CERTO

    "O sofrimento ético pode levar à mobilização do sujeito para o enfrentamento da situação que o causa. Ao deparar-se com o sofrimento e com ele indignar-se, o trabalhador está ativamente construindo formas de ação que podem levar a uma luta pela diminuição das causas do sofrimento e pela busca da normalidade, do prazer e da saúde. Assim, é por meio da indignação de alguém ou de um coletivo que causa ou testemunha uma violência ou injustiça que o sofrimento ético pode ser transformado, através da mobilização, em ação de modificação da situação que o originou" (Vasconcelos, 2013).

    Quanto ao segundo tipo, Dejours denomina de sofrimento criativo pelo fato de o indivíduo elaborar soluções originais que favorecem ou restituem sua saúde. O sofrimento criativo chega a adquirir um sentido, pois favorece ao indivíduo um reconhecimento de uma identidade. Neste contexto o indivíduo se propõe a ação criativa que promove descobertas, fazendo com que o este experimente e transforme, de maneira criativa, prática e astuciosa, soluções inéditas frente às situações móveis e cambiantes de seu trabalho. A competência e a astúcia, promovida pela inteligência coletiva ou individual, proporcionam o surgimento de estratégias defensivas, que aliviam ou combatem o sofrimento psíquico.