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ID
1659646
Banca
IDECAN
Órgão
Prefeitura de Rio Pomba - MG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                         Crônica da vida que passa

      Às vezes, quando penso nos homens célebres, sinto por eles toda a tristeza da celebridade.

      A celebridade é um plebeísmo. Por isso deve ferir uma alma delicada. É um plebeísmo porque estar em evidência, ser olhado por todos inflige a uma criatura delicada uma sensação de parentesco exterior com as criaturas que armam escândalo nas ruas, que gesticulam e falam alto nas praças. O homem que se torna célebre fica sem vida íntima: tornam‐se de vidro as paredes de sua vida doméstica; é sempre como se fosse excessivo o seu traje; e aquelas suas mínimas ações – ridiculamente humanas às vezes – que ele quereria invisíveis, côa‐as a lente da celebridade para espetaculosas pequenezes, com cuja evidência a sua alma se estraga ou se enfastia. É preciso ser muito grosseiro para se poder ser célebre à vontade.

      Depois, além dum plebeísmo, a celebridade é uma contradição. Parecendo que dá valor e força às criaturas, apenas as desvaloriza e as enfraquece. Um homem de gênio desconhecido pode gozar a volúpia suave do contraste entre a sua obscuridade e o seu gênio; e pode, pensando que seria célebre se quisesse, medir o seu valor com a sua melhor medida, que é ele próprio. Mas, uma vez conhecido, não está mais na sua mão reverter à obscuridade. A celebridade é irreparável. Dela como do tempo, ninguém torna atrás ou se desdiz.

      E é por isto que a celebridade é uma fraqueza também. Todo o homem que merece ser célebre sabe que não vale a pena sê‐lo. Deixar‐se ser célebre é uma fraqueza, uma concessão ao baixo‐instinto, feminino ou selvagem, de querer dar nas vistas e nos ouvidos.

      Penso às vezes nisto coloridamente. E aquela frase de que “homem de gênio desconhecido” é o mais belo de todos os destinos, torna‐se‐me inegável; parece‐me que esse é não só o mais belo, mas o maior dos destinos.

(PESSOA, Fernando. Páginas íntimas e de autointerpretação. Lisboa: Edições Ática, [s.d.]. p. 66‐67.)

Considerando a adequação da concordância à variedade padrão do idioma, indique a opção em que a substituição do termo em destaque pelo vocábulo indicado NÃO provoca alteração da forma verbal.

Alternativas
Comentários
  • O seu traje é sempre como se fosse excessivo. (ordem direta)

    A sua aparência é sempre como se fosse excessiva.

    Logo, a forma verbal não se altera.


    Deus no comando!


  • Resposta: Letra B.

    Nos casos apresentados, os termos substituídos são substantivos. A permuta de substantivos altera as formas verbais apenas em pessoa ou número, uma vez que o verbo, em regra, concorda com o sujeito. A única das alterações que não causa os tipos de mudanças mencionados é  a permuta de traje por aparência: ambos os termos referem-se a terceira pessoa do singular. Apesar de haver alteração de gênero, esse fator não transforma o verbo, que jamais se flexiona em gênero.

    Espero ter contribuído...

    Abraços!

  • A IDECAN não sabe fazer uma prova DIFíCIL e OBJETIVA. Eles filosofam demais, viajam nos argumentos. É muita marafa!

  • Muuuito mal elaborada! 

  • Para mim, a única mudança da forma verbal está na letra D
    Como ficam as formas verbais na A e na C, após a mudança do substantivo?

     

  • Questão muito mal elaborada, só entendi o que o enunciado queria depois de errar e ver o gabarito. 

  • Que zona essa banca!

  • Isaias de Cha Grande -PE.

  • Alternativa: B

    Questão extremamente mal elaborada!

    Os recortes de textos dados pela Idecan quase sempre são insuficientes para a resolução da questão. Eis seu maior problema, a meu ver.

    Nosso maior problema é saber disso e não recorrer à íntegra do texto. Fazendo isso, temos:

    a)  "E é por isto que a celebridade é uma fraqueza também. Todo o homem que merece ser célebre sabe que não vale a pena ‐lo." (esforços)

    b) "O homem que se torna célebre fica sem vida íntima: tornam‐se de vidro as paredes de sua vida doméstica; é sempre como se fosse excessivo o seu traje;" (aparência)

    c) "e aquelas suas mínimas ações – ridiculamente humanas às vezes – que ele quereria invisíveis, côa‐as a lente da celebridade para espetaculosas pequenezes, com cuja evidência a sua alma se estraga ou se enfastia." (olhares)

    d) "É um plebeísmo porque estar em evidência, ser olhado por todos inflige a uma criatura delicada uma sensação de parentesco exterior com as criaturas que armam escândalo nas ruas, que gesticulam e falam alto nas praças." (mais de uma pessoa)

    Inserindo os recortes em seus períodos ou, até mesmo, em um conjunto de períodos, fica mais fácil identificar a função sintática das formas destacadas.

    Assim, pena é o núcleodo sujeito do verbo "valer" em "vale". concordância no singular. Substituindo o termo por (esforços), o verbo "vale" DEVE  concordar em número, ficando "[...] valem os esforços [...]".

    Em relação a (B), traje é o sujeito do vebo "fosse". Permutando traje por (aparência), a concordância verbal permanece certa: "[...] é sempre como se fosse excessivo a sua aparência;"

    Em relação a (C), a lente é sujeito do verbo "coar". A lente côa-as... opronome átono "as" retoma "aquelas suas mínimas ações". Logo, permutando lente por (olhares), o verbo "coar" DEVE concordar com seu novo sujeito: "os olhares coam-nas (aquelas suas mínimas ações).

    Em relação a (D),"criaturas" ocorre como o sujeito do verbo "armar". Permutando "criaturas" por (mais de uma pessoa), o verbo "armar" PODE ficar no singular ou no plural, haja vista estarmos diante de xpressão partitiva (uma parte de, a metade de, a maioria de...) o verbo pode concordar, no singular, com o núcleo da expressão ou com o termo de referência que as acompanha, ou, ainda, com a ideia (concordância ideológica).

    OSS!

  • Difícil de entender o que a questão pede...

  • Para responder à questão é importante se atentar para  "NÃO provoca alteração da forma verbal."

    Assim, tem que identificar o trecho em que a mudança não provoca alteração na flexão do verbo.

  • Incompreensível.

    Teria que dizer mais ou menos assim: indique a opção em que a substituição do termo em destaque pelo vocábulo e realizando os devidos ajustes, NÃO provoca alteração da forma verbal.

  • Difícil entender o comando da questão. Parece que eles não sabem elaborar...