SóProvas


ID
167383
Banca
FCC
Órgão
TJ-PI
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

"Guerra!", escreveu Thomas Mann em novembro de
1914. "Sentimo-nos purificados, libertos, sentimos uma
enorme esperança." Muitos artistas exultaram com o início
da Grande Guerra; era como se suas mais extravagantes
fantasias de violência e destruição houvessem se tornado
realidade.
Schoenberg foi acometido por aquilo que mais tarde
chamou de "psicose de guerra", e traçou comparações
entre os ataques do exército alemão à França e suas próprias
investidas contra os valores da burguesia decadente.
Em carta a Alma Mahler, datada de agosto de 1914,
demonstrou um entusiasmo extremado pela causa alemã,
atacando de um só golpe a música de Bizet, Stravinski
e Ravel. "É hora de acertar as contas!", disparou
Schoenberg. "Reduziremos, agora, esses defensores do
kitsch à escravidão e lhes ensinaremos a venerar o espírito
germânico e a adorar o Deus alemão." Durante parte
da guerra, manteve um diário meteorológico, acreditando
que determinadas formações de nuvens pressagiavam a
vitória ou a derrota alemã.
Berg também sucumbiu à histeria, pelo menos no
início. Ao terminar a marcha das Três Peças, escreveu ao
professor dizendo ser "muito vergonhoso acompanhar
esses importantes eventos como mero espectador".
O massacre de Dinant, o incêndio de Louvain e
outras atrocidades de agosto e setembro de 1914 não
foram apenas acidentes de guerra. Tais ações se
enquadravam no programa do estado-maior alemão,
visando à destruição "total dos recursos materiais e
intelectuais do inimigo". A noção de guerra total exibia um
desagradável grau de semelhança com a mentalidade
apocalíptica da arte austrogermânica recente.
Nem todos foram vítimas da "psicose de guerra".
Richard Strauss, por exemplo, se recusou a assinar um
manifesto no qual 93 intelectuais alemães negavam
qualquer ato ilícito do exército em Louvain. Em público,
declarava que, como artista, não queria se envolver em
confusões políticas, mas em particular sua posição
parecia claramente isenta de patriotismo. "É revoltante",
escreveu alguns meses depois a Hofmannsthal, "ler nos
jornais sobre a regeneração da arte alemã [...] sobre como
a juventude da Alemanha emergirá limpa e purificada
dessa guerra 'gloriosa', quando, na verdade, devemos
agradecer se pudermos ver esses infelizes livres de
piolhos e percevejos, curados de suas infecções e, uma
vez mais, afastados do hábito do assassinato!" A declaração
parece uma resposta à apologia da violência de
Mann. Da próxima vez que a Alemanha entrasse em
guerra, os dois trocariam de lugar; Strauss seria a figura
de proa, Mann, o dissidente.

(Alex Ross. O resto é ruído. Trad. de Claudio Carina e Ivan
Weisz Kuck. São Paulo: Cia. das Letras, 2009, p. 81-2)

Atente para as seguintes observações sobre a pontuação utilizada no texto.

I. Em Muitos artistas exultaram com o início da Grande Guerra; era como se suas mais extravagantes fantasias... (1º parágrafo), o ponto e vírgula poderia ser substituído por dois-pontos, sem prejuízo para o sentido e a coesão da frase.

II. Em Schoenberg foi acometido por aquilo que mais tarde chamou de "psicose de guerra", e traçou comparações entre os ataques... (2º parágrafo), a vírgula não poderia ser retirada sob pena de comprometimento do sentido e da coesão da frase.

III. Em Strauss seria a figura de proa, Mann, o dissidente (último parágrafo), a segunda vírgula indica a elipse do verbo seria da primeira das orações.

Está correto o que se afirma em

Alternativas
Comentários
  • Cadê os gramáticos aqui pra ajudar...... hahahahahahahaha
  • LETRA D
    I. Em Muitos artistas exultaram com o início da Grande Guerra; era como se suas mais extravagantes fantasias... (1º parágrafo), o ponto e vírgula poderia ser substituído por dois-pontos, sem prejuízo para o sentido e a coesão da frase. CORRETA
    O ponto-e-vírgula e os dois pontos têm uma finalidade em comum: a separação de orações coordenadas explicativas/conclusivas. Volta-e-meia a FCC cobra isso. Detalhe: se houvesse uma conjunção entre as orações, essa substituição não seria possível.
    II. Em Schoenberg foi acometido por aquilo que mais tarde chamou de "psicose de guerra", e traçou comparações entre os ataques... (2º parágrafo), a vírgula não poderia ser retirada sob pena de comprometimento do sentido e da coesão da frase. ERRADA
    Existem casos em que a vírgula antes da conjunção aditiva "e" é obrigatória (leia mais). Contudo, deve-se notar que aqui o "e" não é uma conjunção aditiva, como é mais comum de encontrá-lo. Há um encadeamento lógico entre essas orações e, nesse caso, a vírgula é obrigatória. (leia mais).
    III. Em Strauss seria a figura de proa, Mann, o dissidente (último parágrafo), a segunda vírgula indica a elipse do verbo seria da primeira das orações. CORRETA
    A elipse é uma figura de estilo que "consiste da omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto ou por elementos gramaticais presentes na frase com a intenção de tornar o texto mais conciso e elegante" (Wikipédia). Sem elipse, o trecho fica: "Strauss seria a figura de proa, Mann seria o dissidente".
  • Ainda não entendi o item "I", alguem poderia explicar?
  • Átila, desculpe-me, mas como o item II é errado não poderíamos concluir portanto que a vírgula é não obrigatória?

  • Eu acredito que o item II trata de uma CAUSA/CONSEQUÊNCIA(O. Sub. Adverbial Consecutiva) introduzida pelo conectivo "e".

    Logo, estando a oração na ordem direta, permitiria sua faculdade.

    Não consigo enxergar outra possibilidade! Alguem se habilita??



  • Atenção p/ o inciso II:


    a vírgula neste caso é facultativa, pois se trata de um mesmo sujeito:  


    "Schoenberg foi acometido por aquilo que mais tarde chamou de "psicose de guerra", e traçou comparações
    entre os ataques do exército alemão à França e suas próprias investidas contra os valores da burguesia decadente."

    Neste caso Schoenberg foi acometido e traçou comparações entre os ataques; ou seja ele pratica as duas ações da frase, e neste caso a virgula é usada somente para dar ênfase!!!


    Segue regrinha da aula da Prof. Flávia Rita:

    - mesmo sujeito: virgula facultativa (só para dar enfase). ex: o governo investe em educação e espera resultados; ou: o governo investe em educação, e espera resultados. (virgula facultativa)

    - sujeitos distintos: deve-se usar a virgula! ex: o governo investe em educação, e a população espera resultados

    - polissindoto: obrigatória! ex: ele chorava, e gritava, e pedia



    Fé em Jesus!

  • Na II dá a entender que esse ''e'' poderia ser substituído por ''mas'', por isso errei.