(...)o Serviço Social vai apropriar‐se a
partir dos anos 80 do pensamento de Antonio Gramsci e particularmente de suas
abordagens acerca do Estado, da sociedade civil, do mundo dos valores, da ideologia,
da hegemonia, da subjetividade e da cultura das classes subalternas. Vai chegar a
Agnes Heller e à sua problematização do cotidiano, à Georg Lukács e à sua ontologia
do ser social fundada no trabalho, à E.P. Thompson e à sua concepção acerca das
"experiências humanas", à Eric Hobsbawm um dos mais importantes historiadores
marxistas da contemporaneidade e a tantos outros cujos pensamentos começam a
permear nossas produções teóricas, nossas reflexões e posicionamentos
ideopolíticos. (....)este processo de construção da hegemonia de novos referenciais
teórico‐metodológicos e interventivos, a partir da tradição marxista, para a profissão
ocorre em um amplo debate em diferentes fóruns de natureza acadêmica e/ou
organizativa, além de permear a produção intelectual da área. Trata‐se de um debate
plural, que implica na convivência e no diálogo de diferentes tendências, mas que
supõe uma direção hegemonica. A questão do pluralismo, sem dúvida uma das
questões do tempo presente, desde aos anos 80 vem‐se constituindo objeto de
polêmicas e reflexões do Serviço Social (Os fundamentos históricos e teóricometodológicos do Serviço Social
brasileiro na contemporaneidade)
"Também no âmbito da organização e representação profissional o quadro que se observa no Serviço Social brasileiro é de maturação (NETTO, 1996, p. 108 ‐111). Maturação que expressa na passagem dos anos 80 para os anos 90 rupturas com o seu tradicional conservadorismo, embora como bem lembre o autor “essa ruptura não signifique que o conservadorismo (e com ele, o reacionarismo) foi superado no interior da categoria profissional" (p. 111). Pois, a herança conservadora e antimoderna, constitutiva da gênese da profissão atualiza‐se e permanece presente nos tempos de hoje. Essa maturidade profissional que avança no início do novo milênio, se expressa pela democratização da convivêncian de diferentes posicionamentos teórico‐metodológicos e ideopolíticos desde o final da década de 1980. Maturação que ganhou visibilidade na sociedade brasileira, entre outros aspectos, pela intervenção dos assistentes sociais, através de seus organismos representativos, nos processos de elaboração e implementação da Lei Orgânica da Assistência Social ‐ LOAS (dezembro de 1993)." YAZBEK, Maria Carmelita. Os fundamentos históricos e teóricometodológicos do Serviço Social brasileiro na contemporaneidade