SóProvas


ID
1687879
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
COHAB MINAS
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                           Um programa mínimo

Um dos principais problemas escolares (e talvez culturais) do Brasil é o ensino de língua na escola. Exames mostram que se lê e se escreve com alguma precariedade. Testes não cessam de mostrar uma série de problemas. Às vezes, são problemas falsos, ou menores, como certos desvios de grafia e de gramática que até os profissionais da escrita cometem (e que os revisores limpam). A ênfase nesses detalhes ajuda a emperrar projetos interessantes. Tais problemas às vezes são considerados graves por ignorância do que são os problemas graves. Mas, como são os únicos conhecidos...

Em diversas áreas, como a agricultura e a indústria, todos sabem que o desenvolvimento científico é crucial para seu sucesso (basta ver o que a Embrapa fez e faz). 

No entanto, na área do ensino de língua, não só o que se sabe sobre línguas e sobre seu aprendizado é pouco levado em conta, como chega a ocorrer o contrário: as informações científicas são consideradas uma ameaça.

Levando em conta o que se sabe, poder-se-ia desenhar um programa mínimo para a escola brasileira, no qual eu esboçaria o seguinte plano:

1. Uma decisão não ligada à questão do ensino de português, mas que é condição essencial de seu sucesso é que os alunos permaneçam na escola pelo menos durante oito anos.

2. A segunda preliminar é não lamentar que a realidade seja como é. É provavelmente verdade que seria bom que fosse outra, mas nada é mais prejudicial a um projeto do que escamotear problemas. Explicitando: não adianta lamentar que os alunos falem como falam e, portanto, que seu saber linguístico esteja mais ou menos distanciado do padrão que se quer atingir.

3. Uma consequência desse item é que a escola precisa conhecer como fala sua clientela. Em termos práticos, isso significa que é necessário elaborar (os professores podem perfeitamente fazer isso) uma descrição mínima do português tal como é falado em cada circunscrição escolar: descrever os traços mais salientes da fonologia e/ou da pronúncia local (por exemplo, se há variações como “bicicleta / bicicreta", “alho / aio", “menino / mininu", “louro / loro", “feito / feitcho" etc.), da morfologia (qual é a flexão verbal realmente empregada, por exemplo) e de alguns aspectos da sintaxe (há ou não variações como “os meninos / os menino", “viu-me / me viu / viu eu" etc.) e de léxico (em que medida regionalismos ou gírias caracterizam de fato – insisto nisso: de fato – a fala da região). Em suma: saber de onde a escola pode partir. Nem se devem esconder os fatos, por vergonha e preconceito, nem se devem inventar falsos problemas – o que é muito frequente.

Claro, não mencionei as duas tarefas mais fundamentais da escola: ler muito e escrever muito. O que foi dito acima é apenas para limpar o terreno, cheio de preconceitos e de desinformação.

                                             POSSENTI, Sírio. Um programa mínimo. Instituto Ciência Hoje. Disponível em:

                                                     <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/um-programa-minimo> .

                                                                                                               Acesso em: 11 ago. 2015. Adaptado.



Com base nos exemplos presentes no texto, “Os meninos/os menino" é um exemplo de desvio sintático porque

Alternativas
Comentários
  • Erro de concordância Nominal

  • Concordo que seja um erro de concordância, mas a letra D também não estaria correta, qual o erro dela?

  • O enunciado diz que se trata de desvio sintático,  então entendo que seja a letra A porque explicita uma relação entre os dois elementos, uma implicação,  dizendo que ambos deveriam estar no plural. 

  • LETRA A) apresenta uma concordância inadequada entre o artigo e o substantivo ao qual ele se refere.

     

    Polly R. o erro da letra (D) é dizer que pode ser aplicada, o certo seria que DEVE SER APLICADO. NESSE CASO SEMPRE ARTIGO E SUBSTANTIVO VAO CONCORDAR EM FLEXÃO DE NÚMERO.

     

    D) ignora a flexão de número, a qual pode ser aplicada ao substantivo “menino" para dar a ideia de plural.

  • Nossa questão boa, mas maldosa.

    Acho que ambos comentários dos colegas então corretos: 1) pediu erro sintático e, 2) a letra d não caberia pelo motivo 1, embora sirva de alerta: pode é diferente de deve. 

  • CONCORDÂNCIA