SóProvas


ID
1712680
Banca
FCC
Órgão
MPE-PB
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Considere o texto abaixo e responda.
    O que me moveu, inicialmente, a fazer este texto foi uma sensação produzida por uma viagem ao Havaí. Sensação de que se é parte de um cenário. Na praia de Waikiki, os hotéis têm lobbies que se comunicam, pontuados por belíssimos (mas falsos) jardins tropicais, sem uma folha no chão, lagos com peixes coloridos, tochas, belos gramados e, evidentemente, muitas lojas. Um filme de Elvis Presley.
    Honolulu é um dos milhares de exemplos a que podemos recorrer. A indústria do turismo cria um mundo fictício de lazer, onde o espaço se transforma em cenário e, desse modo, o real é transfigurado para seduzir e fascinar.
    O espaço produzido pela indústria do turismo é o presente sem espessura, sem história, sem identidade. O lugar é, em sua essência, produção humana, visto que se transforma na relação entre espaço e sociedade. O sujeito pertence ao lugar como este a ele. A indústria turística produz simulacros de lugares.
    Mas também se produzem modos de apropriação dos lugares. A indústria do turismo produz um modo de estar em Nova York, Paris, Roma, Buenos Aires... É evidente que não se pode dizer que essas cidades sejam simulacros, pois é claro que não o são; entretanto, o pacote turístico ignora a identidade do lugar, sua história e modo de vida, banalizando-os.
    Os pacotes turísticos tratam o turista como mero consumidor, delimitando o que deve ou não ser visto, além do tempo destinado a cada atração, num incessante "veja tudo depressa".
    Essa rapidez impede que os olhos desfrutem da paisagem. Passa-se em segundos por séculos de civilização, faz-se tábula rasa da história de gerações que se inscrevem no tempo e no espaço. Num autêntico tour de force consentido, pouco espaço é destinado à criatividade. Por sua vez, o turista vê sufocar um desejo que nem se esboçou, o de experimentar. 
    No fim do caminho, o cansaço; o olhar e os passos medidos em tempo produtivo, que aqui se impõe sem que disso as pessoas se deem conta. Não cabem passos lentos, olhares perdidos. O lazer produz a mesma rotina massacrante, controlada e vigiada que o trabalho.
    Como indústria, o turismo não parece criar a perspectiva do lazer como possibilidade de superação das alienações do cotidiano. Só a viagem como descoberta, busca do novo, abre a perspectiva de recomposição do passo do flâneur, daquele que se perde e que, por isso, observa. Walter Benjamin lembra que "saber orientar-se em uma cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução".
    (Adaptado de Ana Fani Alessandri Carlos. Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/lourdes/turismoproducaonaolugar.html)

Considerando o contexto, afirma-se corretamente:

Alternativas
Comentários
  • Fui de "A" e errei -.-

    Acredito que o problema da mesma esteja no uso da palavra "apologia".

    Apologia: discurso ou texto em que se defende, justifica ou elogia (alguma doutrina, ação, obra).

    Ela não defendia nada no cenário Hollywoodiano do Havaí, pelo contrário, fazia era criticar o q a industria turística vem fazendo com os locais de eleição dos viajantes, e tomou isso como ponto de partida para sua critica.

    Acho q é isso.

  • Analisando as alternativas temos:A- ) Conforme explicado pelo Samy Witt, apologia tem a ver com texto a ser defendido. No primeiro paragrafo a autora descreve o lugar e suas sensações e no começo do segundo parágrafo exprime sua opinião " 

    A indústria do turismo cria um mundo fictício de lazer, onde o espaço se transforma em cenário e, desse modo, o real é transfigurado para seduzir e fascinar. 

    O espaço produzido pela indústria do turismo é o presente sem espessura, sem história, sem identidade." - Errado

    B- ) Achei que poderia ser esta a primeira vez que li a questão. No entanto enquanto a autora afirma "Só a viagem como descoberta, busca do novo, abre a perspectiva de recomposição do passo do flâneur, daquele que se perde e que, por isso, observa." o Walter diz outra coisa " No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução". Logo eles não concordam. - ErradoC-) A visão da autora acerca da indústria do turismo fica clara na passagem "Os pacotes turísticos tratam o turista como mero consumidor, delimitando o que deve ou não ser visto, além do tempo destinado a cada atração, num incessante "veja tudo depressa".No último parágrafo a autora cita o flâneur justamente como alguém sem pressa, que aprecia a jornada, ou seja não viaja conforme os "pacotes turísticos" "Só a viagem como descoberta, busca do novo, abre a perspectiva de recomposição do passo do flâneur, daquele que se perde e que, por isso, observa. Walter Benjamin lembra que "saber orientar-se em uma cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução".

    CorretaD-) No texto está negando essa afirmação " A indústria do turismo produz um modo de estar em Nova York, Paris, Roma, Buenos Aires... É evidente que não se pode dizer que essas cidades sejam simulacros, pois é claro que não o são; entretanto, o pacote turístico ignora a identidade do lugar, sua história e modo de vida, banalizando-os." - ErradoE-) Ao utilizar expressões como "sem espessura, vazios" a autora se refere aos pacotes turísticos nos quais as pessoas possuem rotas pré-determinadas e perdem a chance de "descobrir o lugar". A parte da essência está nos parágrafos finais!=)Espero ter ajudado!Obs - análise feita por mim
  • Gabarito letra C.

    Só pra elucidar o erro da alternativa B:

    De encontro a: tem significado de “contra”, “em oposição a”, “para chocar-se com”.

    Ao encontro de é uma expressão usada para indicar concordância.

    Logo, a alternativa está errada porque não estão indo de encontro, não estão em oposição. Os dois estão de acordo, tanto é que ela usa essa frase final dele no fechamento do texto como argumento de autoridade pra validar tudo o que ela estava dizendo até então.

    Bons estudos.