Enquanto Sócrates debatia sobre a justiça e a injustiça com outra pessoa, Trasímaco entra na conversa berrando a frase: "Justiça é simplesmente o interesse do mais forte!" e contra isso tenta rebater Sócrates.
Trasímaco levanta uma questão muito atual porque ele diz que "o homem justo é, em todos os lugares, inferior aos injustos", ou seja, se você rouba e não é descoberto, então você é sábio, esperto, e é vantajoso para você, enquanto que o justo paga mais impostos, é enganado, etc.
Trasímaco argumentou que os governos são tiranos ao dominarem outros povos; e que aqueles que governam fazem as leis aos seus interesses e que os súditos têm de seguir estas leis. Afinal a justiça é o interesse do mais forte.
"Sócrates — A justiça é um vício?
Trasímaco — Não, mas uma nobre simplicidade de caráter.
Sócrates — Então a injustiça é perversidade de caráter?
Trasímaco — Não, é prudência."
Nesse trecho se nota a atualidade do tema. O justo se passa por ingênuo e o injusto aquele que tem de se adequar as convenções da sociedade. Não que o injusto seja uma característica inata da pessoa, mas é uma atitude necessária para "se viver", afinal as leis são feitas pelos injustos. (Imagino que Trasímaco diria algo assim)
O debate acontece e no fim Sócrates não consegue chegar a uma conclusão para dizer se a justiça é virtuosa ou vício, se é sabedoria ou ignorância, se quem a tem é feliz ou infeliz, mas pôde concluir pelas suas análises que "a vida injusta jamais seria mais vantajosa do que a vista justa" e deixa aos avessos os argumentos de Trasímaco.
"Sócrates — Portanto, Trasímaco, a injustiça faz nascer entre os homens dissensões, ódios e brigas, enquanto a justiça alimenta a concórdia e a amizade. Concordas?"
Fonte: A República. Platão. Livro I.