SóProvas


ID
1723570
Banca
FGV
Órgão
Prefeitura de Osasco - SP
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                              FESTA

Uma explicação simples para a proliferação nas favelas e nos subúrbios de campinhos de terra batida: o futebol, no Brasil, é esse fenômeno que leva à gloria e à fortuna um menino pobre, quase sempre negro ou mulato, o que já o situa em um país que aboliu a escravidão mas não a sua herança.

Pelé ou Neymar, esse menino serve de espelho às esperanças de um povo inteiro a quem o futebol oferece uma oportunidade — rara, quase única — de se sentir o melhor do mundo. A centralidade do futebol na vida dos brasileiros é razão de sobra para vivermos este mês em estado de euforia como se na Copa do Mundo estivesse em jogo a nossa identidade. (...)

A Copa do Mundo revela ambiguidades de nosso tempo. Um bilhão e meio de pessoas assistem às mesmas imagens confirmando o avanço da globalização. Mas o conteúdo das imagens a que todos assistem afirma os pertencimentos nacionais, expressos com símbolos ancestrais, bandeiras, emblemas, hinos entoados com lágrimas nos olhos. O nosso é cantado a capela pelos jogadores e uma multidão em verde e amarelo desafiando o regulamento da FIFA, entidade sem pertencimento que salpica no espetáculo, em poucas notas mal tocadas, o que para cada povo é a evocação emocionada de sua história. No mundo de hoje comunicação e mobilidade se fazem em escala global, mas os sentimentos continuam tingidos pelas cores da infância.

O respeito às regras, saber ganhar e saber perder, são conquistas de um pacto civilizatório cuja validade se testa a cada jogo. (...)

O futebol é useiro e vezeiro em contrariar cenários previsíveis. O acaso pode ser um desmancha-prazeres. A multidão que se identifica com os craques e que conta com eles para realizar o gesto de grandeza que em vidas sem aventuras nunca acontece, essa massa habitada pela nostalgia da glória deifica os jogadores e esquece — e por isso não perdoa — que deuses às vezes tropeçam nos próprios pés, na angústia e no medo.

É essa irrupção do acaso que faz do futebol mais do que um esporte, um jogo, cuja emoção nasce de sua indisfarçada semelhança com a própria vida, onde sucesso ou fracasso depende tanto do imponderável. Não falo de destino porque a palavra tem a nobreza das tragédias gregas, do que estava escrito e fatalmente se cumprirá. O acaso é banal, é próximo do absurdo. É, como poderia não ter sido. Se o acaso é infeliz chamamos de fatalidade. Feliz, de sorte. O acaso decide um jogo. Nem sempre a vida é justa, é o que o futebol ensina.

(...)

A melhor técnica, o treino mais cuidadoso estão sujeitos aos deslizes humanos.

(...)

O melhor do futebol é a alegria de torcer. Essa Copa do Mundo vem sendo uma festa vivida nos estádios, nas ruas e em cada casa onde se reúnem os amigos para misturar ansiedades. A cada gol da seleção há um grito que vem das entranhas da cidade. A cidade grita. Nunca tinha ouvido o Rio gritar de alegria. Um bairro ou outro, talvez, em decisões de campeonato. Nunca a cidade inteira, um país inteiro. Em tempos de justificado desencanto e legítimo mau humor, precisamos muito dessa alegria que se estende noite adentro nas celebrações e na confraternização das torcidas. 

Passada a Copa, na retomada do cotidiano, é provável que encontremos intactos o desencanto e o mau humor, já que não há, à vista, sinais de mudança no que os causou. Uma razão a mais para valorizar esse tempo de alegria na vida de uma população que, no jogo da vida, sofre tantas faltas.

                                    (OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Festa. Seção: Opinião. O Globo, 21.6.2014, p. 20). 

O pronome relativo sublinhado exerce a função de objeto direto (e não de sujeito) em:

Alternativas
Comentários
  • Letra D.  É o que o futebol ensina → O futebol ensina aquilo. O relativo "que" retoma o demonstrativo "o" (=aquilo) com função de objeto direto.

    Nas demais, o pronome relativo exerce a função de sujeito:

    - Letra A: Aquilo é a evocação para cada povo.

    - Letra B: Multidão se identifica com os craques.

    - Letra C: Irrupção faz do futebol...

    - Letra E: Aquilo causou desencanto e mau humor.


  • Faltou você dizer que não há preposição por conta do valor "que" na frase. Eu tive dúvida, pois para encontrar o valor na retomada da frase anterior, pensei que este fosse um sujeito e não o objeto direto. Esses exemplos são mais difíceis entender, pois quando existe uma frase simples, qualquer um que tenha a base vai acertar. A frase: "É essa irrupção do acaso que faz do futebol", o "que" neste momento está assumindo qual forma? Sujeito. E quando for retomada é bom estar atento porque não me pareceu correto mesmo e foi por isso que gerou a confusão.

  • Resposta letra d) - nem sempre a vida é justa. É o que o futebol ensina - Nesse caso, o pronome relativo "que" está retomando o pronome demonstrativo "o" que é objeto direto do verbo ensinar cujo sujeito é "futebol".

  • Substitual o "que"(pronome relativo) por "da qual" que estará retomando o termo anterior (sujeito).
    Substitua o "que" (conjução integrante)  por "isso" que se referirá a termo sucessor. Todas as vezes que a conjunção integrante "que" for substituída por "isso" será uma oração subordinada substantiva.

  • O que o futebol nos ensina? Nem sempre a vida é justa.

    Complemento sem preposição ao verbo transitivo direto. Quem ensina, ensina algo.

    Gabarito: D

    #avagaéminha

  • Quem tentar responder sem ler o texto vai errar, pois a banca mudou a estrutura das frases nas opções A e D. Sacanagem.

  • Kd o comentário do professor??

  • nem sempre a vida é justa. É o que o futebol ensina

    o que o futebol ensina ? que nem sempre a vida é justa.

    veja que o complemento não é preposicionado, logo se trata de um objeto direto.

    exemplificando: o futebol ensina que nem sempre a vida é justa.

    quem que ensina ? o futebol. logo o sujeito é futebol e seu completento não preposicionado( objeto direto) é: que nem sempre a vida é justa.

  • Em "nem sempre a vida é justa. É o que o futebol ensina", a oração subordinada adjetiva restritiva "que o futebol ensina" começa com o pronome relativo "que", que substitui o "o", pronome indefinido, que, por sua vez, substitui a ideia de que "nem sempre a vida é justa". Enfim, a ordem seria "o futebol ensina que" (que=nem sempre a vida é justa. pois se refere ao "o").

    Lucas Gonçalves Lemos

  • questão mais dificil pra mim de todas que já vi em relação a pronome..

    vc precisa achar uma oração onde POSSUA SUJEITO na ORAÇÃO PRINCIPAL, e possua um COMPLEMENTO PRO VERBO (sem preposição, pq daí seria objeto indireto)

  • Cadê o comentário do professor?

  • Comentário do professor...?

  • Gaba. D

    Sabendo que o Pronome relativo tem a mesma função sintática do termo a que ele se refere:

    " é o que o futebol ensina "

    é (aquilo) que o futebol ensina

    Vrb.Ensinar: VTD 

    -Ensina o que? 

    R: Aquilo ( OD )

    PMCE 2021

  • Gente é só fazer a análise sintática que dá certo. Achem primeiro o Suj, depois os complementos verbais
  • O futebol ensina que nem sempre a vida é justa.

    o que está se referindo ao termo:"a vida é justa".

  • Só vem PM CE!!

  • que = S/ sujeito e 3 PS

    só concurseiro vai acertar essa

  • Eu encontrei a resposta mudando o objeto por ISSO, "nem sempre a vida é justa, é o que o futebol ensina".

    O que o futebol ensina?

    Ele ensina isso...Que a vida nem sempre é justa.

    Logo se pode trocar por ISSO é objeto direto!

    Gabarito letra D

    Espero ter ajudado, se algo estiver errado por favor me avise.

    Alexandre soares, Alfacon