- ID
- 1754647
- Banca
- FCC
- Órgão
- DPE-SP
- Ano
- 2015
- Provas
-
- FCC - 2015 - DPE-SP - Administrador
- FCC - 2015 - DPE-SP - Administrador de Banco de Dados
- FCC - 2015 - DPE-SP - Administrador de Redes
- FCC - 2015 - DPE-SP - Analista de Sistemas
- FCC - 2015 - DPE-SP - Analista de Suporte
- FCC - 2015 - DPE-SP - Arquiteto
- FCC - 2015 - DPE-SP - Arquivista
- FCC - 2015 - DPE-SP - Assistente Social
- FCC - 2015 - DPE-SP - Biblioteconomista
- FCC - 2015 - DPE-SP - Cientista Social
- FCC - 2015 - DPE-SP - Comunicação Social
- FCC - 2015 - DPE-SP - Contador
- FCC - 2015 - DPE-SP - Design Gráfico
- FCC - 2015 - DPE-SP - Engenheiro Civil
- FCC - 2015 - DPE-SP - Engenheiro de Redes
- FCC - 2015 - DPE-SP - Engenheiro de Telecomunicação
- FCC - 2015 - DPE-SP - Engenheiro Elétrico
- FCC - 2015 - DPE-SP - Engenheiro Mecânico
- FCC - 2015 - DPE-SP - Estatístico
- FCC - 2015 - DPE-SP - Pedagogo
- FCC - 2015 - DPE-SP - Programador
- FCC - 2015 - DPE-SP - Psicólogo
- FCC - 2015 - DPE-SP - Relações Públicas
- FCC - 2015 - DPE-SP - Secretário Executivo Bilíngue
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Em defesa da dúvida
Numa época em que tantos parecem ter tanta certeza sobre tudo, vale a pena pensar no prestígio que a dúvida já teve. Nos
diálogos de Platão, seu amigo Sócrates pulveriza a certeza absoluta de seus contendores abalando-a por meio de sucessivas
perguntas, que os acabam convencendo da fragilidade de suas convicções. Séculos mais tarde, o filósofo Descartes ponderou que o
maior estímulo para se instituir um método de conhecimento é considerar a presença desafiadora da dúvida, como um primeiro passo.
Lendo os jornais e revistas de hoje, assistindo na TV a entrevistas de personalidades, o que não falta são especialistas
infalíveis em todos os assuntos, na política, na ciência, na economia, nas artes. Todos têm receitas imediatas e seguras para a
solução de todos os problemas. A hesitação, a dúvida, o tempo para reflexão são interpretados como incompetência, passividade,
absenteísmo. É como se a velocidade tecnológica, que dá o ritmo aos nossos novos hábitos, também ditasse a urgência de
constituirmos nossas certezas.
A dúvida corresponde ao nosso direito de suspender a verdade ilusória das aparências e buscar a verdade funda daquilo que
não aparece. Julgar um fato pelo que dele diz um jornal, avaliar um problema pelo ângulo estrito dos que nele estão envolvidos é
submeter-se à força de valores já estabelecidos, que deixamos de investigar. A dúvida supõe a necessidade que tem a consciência de
se afastar dos julgamentos já produzidos, permitindo-se, assim, o tempo necessário para o exame mais detido da matéria a ser
analisada. A dúvida pode ser o primeiro passo para o caminho das afirmações que acabam sendo as mais seguras, porque mais
refletidas e devidamente questionadas.
(Cássio da Silveira, inédito)
Diferentemente da maneira pela qual Sócrates e Descartes qualificavam a dúvida, o texto nos lembra que há