SóProvas


ID
1754647
Banca
FCC
Órgão
DPE-SP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                     Em defesa da dúvida

      Numa época em que tantos parecem ter tanta certeza sobre tudo, vale a pena pensar no prestígio que a dúvida já teve. Nos diálogos de Platão, seu amigo Sócrates pulveriza a certeza absoluta de seus contendores abalando-a por meio de sucessivas perguntas, que os acabam convencendo da fragilidade de suas convicções. Séculos mais tarde, o filósofo Descartes ponderou que o maior estímulo para se instituir um método de conhecimento é considerar a presença desafiadora da dúvida, como um primeiro passo.

      Lendo os jornais e revistas de hoje, assistindo na TV a entrevistas de personalidades, o que não falta são especialistas infalíveis em todos os assuntos, na política, na ciência, na economia, nas artes. Todos têm receitas imediatas e seguras para a solução de todos os problemas. A hesitação, a dúvida, o tempo para reflexão são interpretados como incompetência, passividade, absenteísmo. É como se a velocidade tecnológica, que dá o ritmo aos nossos novos hábitos, também ditasse a urgência de constituirmos nossas certezas.

      A dúvida corresponde ao nosso direito de suspender a verdade ilusória das aparências e buscar a verdade funda daquilo que não aparece. Julgar um fato pelo que dele diz um jornal, avaliar um problema pelo ângulo estrito dos que nele estão envolvidos é submeter-se à força de valores já estabelecidos, que deixamos de investigar. A dúvida supõe a necessidade que tem a consciência de se afastar dos julgamentos já produzidos, permitindo-se, assim, o tempo necessário para o exame mais detido da matéria a ser analisada. A dúvida pode ser o primeiro passo para o caminho das afirmações que acabam sendo as mais seguras, porque mais refletidas e devidamente questionadas.

                                                                                      (Cássio da Silveira, inédito)

Diferentemente da maneira pela qual Sócrates e Descartes qualificavam a dúvida, o texto nos lembra que há

Alternativas
Comentários
  • No primeiro parágrafo do texto, explica-se a maneira pela qual Sócrates e Descartes qualificavam a dúvida.


    Em contraponto à maneira utilizada por eles, o segundo parágrafo já inicia dizendo que hoje "o que não falta são especialistas infalíveis em todos os assuntos, na política, na ciência, na economia, nas artes". 


    Gabarito, portanto, letra B.

  • Dá pra ir pela lógica. 

    todas as altenativas exceto a (B) qualificam a dúvida, justamente o que Sócrates e Descartes fizeram.

    a B é a única que fala sobre pessoas "que não duvidam de nada"

  • GABARITO: B

    SÃO OS CARAS DO CONTRA:

    "Lendo os jornais e revistas de hoje, assistindo na TV a entrevistas de personalidades, o que não falta são especialistas infalíveis em todos os assuntos, na política, na ciência, na economia, nas artes. Todos têm receitas imediatas e seguras para a solução de todos os problemas". 

    BONS ESTUDOS!