SóProvas


ID
1756081
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
EBSERH
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                A CHAVE

                    Ela abre mais do que uma porta, inaugura um novo tempo

                                                                                                                   IVAN MARTINS

     Certos objetos dão a exata medida de um relacionamento. A chave, por exemplo. Embora caiba no bolso, ela tem importância gigantesca na vida dos casais. O momento em que você oferece a chave da sua casa é aquele em que você renuncia à sua privacidade, por amor. Quando pede a chave de volta - ou troca a fechadura da porta - está retomando aquilo que havia oferecido, por que o amor acabou. O primeiro momento é de exaltação e esperança. O segundo é sombrio.

      Quem já passou pela experiência sabe como é gostoso carregar no bolso - ou na bolsa - aquela cópia de cinco reais que vai dar início à nova vida. Carregada de expectativas e temores, a chave será entregue de forma tímida e casual, como se não fosse importante, ou pode vir embalada em vinho e flores, pondo violinos na ocasião. Qualquer que seja a cena, não cabe engano: foi dado um passo gigantesco. Alguém pôs na mão de outro alguém um totem de confiança.

      Não interessa se você dá ou ganha a chave, a sensação é a mesma. Ou quase.

      Quem a recebe se enche de orgulho. No auge da paixão, e a pessoa que provoca seus melhores sentimentos (a pessoa mais legal do mundo, evidentemente) põe no seu chaveiro a cópia discreta que abre a casa dela. Você só nota mais tarde, quando chega à sua própria casa e vai abrir a porta. Primeiro, estranha a cor e o formato da chave nova, mas logo entende a delicadeza da situação. Percebe, com um sorriso nos lábios, que suas emoções são compartilhadas. Compreende que está sendo convidado a participar de outra vida. Sente, com enorme alívio, que foi aceito, e que uma nova etapa tem início, mais intensa e mais profunda que anterior. Aquela chave abre mais do que uma porta. Abre um novo tempo.

      O momento de entregar a chave sempre foi para mim o momento de máximo otimismo.

      [...]

      Você tem certeza de que a outra pessoa ficará feliz e comovida, mas ao mesmo tempo teme, secretamente, ser recusado. Então vê nos olhos dela a alegria que havia antecipado e desejado. O rosto querido se abre num sorriso sem reservas, que você não ganharia se tivesse lhe dado uma joia ou uma aliança. (Uma não vale nada; para a outra ela não está pronta). Por isto ela esperava, e retribui com um olhar cheio de amor. Esse é um instante que viverá na sua alma para sempre. Nele, tudo parece perfeito. É como estar no início de um sonho em que nada pode dar errado. A gente se sente adulto e moderno, herdeiro dos melhores sonhos da adolescência, parte da espécie feliz dos adultos livres que são amados e correspondidos - os que acharam uma alma gêmea, aqueles que jamais estarão sozinhos.

      Se as chaves de despedida parecem a pior coisa do mundo, não são.

      [...]

      A gente sabe que essas coisas, às vezes, são efêmeras, mas é tão bonito.

      Pode ser que dentro de três meses ou três anos a chave inútil e esquecida seja encontrada no bolso de uma calça ou no fundo de uma bolsa. Ela já não abrirá porta alguma exceto a da memória, que poderá ser boa ou ruim. O mais provável é que o tato e a visão daquela ferramenta sem propósito provoquem um sorriso agridoce, grisalho de nostalgia. Essa chave do adeus não dói, ela constata e encerra.

      Nestes tempos de arrogante independência, em que a solidão virou estandarte exibido como prova de força, a doação de chaves ganhou uma solenidade inesperada. Com ela, homens e mulheres sinalizam a disposição de renunciar a um pedaço da sua sagrada liberdade pessoal. Sugerem ao outro que precisam dele e o desejam próximo. Cedem o seu terreno, correm o risco. É uma forma moderna e eloquente de dizer “eu te amo”. E, assim como a outra, dispensa “eu também”. Oferece a chave quem está pronto, aceita a chave quem a deseja, reciproca, oferecendo a sua, quem sente que é o caso, verdadeiramente. Nada mais triste que uma chave falsa. Ela parece abrir uma esperança, mas abre somente uma ilusão.

Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noticia/2015/04/chave.html

Em relação ao excerto: “O primeiro momento é de exaltação e esperança. O segundo é sombrio.”, é correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • Não seria um Zeugma na segunda oração?

  • A zeugma é um tipo de elipse, mas nem toda elipse é uma zeugma.

  • Também acredito que é um Zeugma na segunda oração, afinal, A Elipse ocorre na omissão de uma criatura que ainda não tinha aparecido no texto e a zeugma na omissão de uma criatura que já apareceu anteriormente no texto. Em: "O segundo é sombrio"  refere-se a momento e a palavra momento já tinha ocorrido na primeira oração. A única forma de entender é aceitar que a zeugma é um tipo de elipse.  

  • Isso e um zeugma. Tem banca que faz merda.

  • O primeiro momento é de exaltação e esperança. (Elípse) O segundo é sombrio.

        Sujeito                  |V.L|  Predicado nominal                       Sujeito    |V.L|  Predicado nominal        

     

    Gabarito:C

  • Fiquei na duvida com alternativa E, pois essa preposicao De me levou a pensar que havia um zeugma da palavra MOMENTO entre frase "e de exaltacao e esperanca. Sendo assim, E MOMENTO DE EXALTACAO E ESPERANCA.
  • Meus caros, esse examinador é doidiu. Elipse, nunca será! A saber:

     

    Elipse é igual homem fiel; você sabe que existe - mas não é esse que está na sua vida. ( Ex.: (Nós) Somos felizes!

    Já a Zeugma é seu atual, quando você pensa que não foi atrás de você - ele está. (Ex.: Eu prefiro ler, e João (prefere) música.)

  • Letra C
    O zeugma é apresentado, em algumas gramáticas, como um tipo especial de elipse.
    Comecei enxergar o zeugma como uma espécie do gênero elipse para facilitar minha vida!

  • Elipse

    Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo contexto. 

    Zeugma

    Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado anteriormente. 

    http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php

    Deveria ser uma zeugma, mas por eliminação das alternativas ficamos com a silepse

     

     

  • AOCP ama ELIPSE.

  • Gabarito: C

     

    A frase "O primeiro momento é de exaltação e esperança. O segundo é sombrio" está dividida em duas orações independentes. Portanto quando a questão afirma "ocorre uma elipse na segunda oração" pode-se entender como uma oração independente, logo o termo "momento" não havia sido citado anteriormente.

     

    Na frase completa ocorre uma zeugma, porém ao se considerar apenas a segunda oração ocorre uma elipse.

     

    Elipse: É uma figura de linguagem que acontece quando há a omissão de um termo que pode ser subentendido no texto. Neste caso, ocorre se uma palavra ou expressão for omitida e mesmo assim puder ser percebida como parte da oração. Vale acrescentar que esta palavra omitida não foi anteriormente citada e não torna a mensagem incompreensível.

     

    Exemplos:

     

    Na sala de aula, apenas cinco ou seis alunos. Neste caso foi omitido o verbo, mas ele está subentendido no texto. Compreende-se que “havia” na sala de aula apenas cinco ou seis alunos. Omissão do verbo haver.

     

    Peguei de volta meu casaco. Foi omitido o pronome "Eu", mas a frase é perfeitamente compreensível.

     

    A cidade dormia, ninguém na rua. Aqui faltou o verbo "estava" que deveria estar escrito após o pronome indefinido ninguém. Apesar desta ausência entende-se inteiramente a frase.

     

    A vida talvez fosse boa, não houvesse tanta tristeza. Observe a ausência da conjunção "se". Note que apesar disto, compreende-se a mensagem.

     

    Sobre a cama, vestidos, casacos e meias. Omissão do verbo "haver", sem elipse seria: Sobre a cama, havia vestidos, casacos e meias.

     

    Zeugma: É a omissão de um elemento que já está expresso na oração, sendo utilizada com o intuito de evitar a repetição desnecessária de alguns termos. Alguns gramáticos a consideram como uma forma de Elipse.

     

    Exemplos:

     

    Eu adoro flores, quero plantá-las. Observe que aqui também está omitido o pronome "eu', mas, este já está citado.

     

    Márcia é professora de Geografia, Joana de Inglês. Observe a omissão do verbo "ser" e do substantivo "professora", que já foram citados no texto.

     

    Eu gosto de Matemática, você de Português. Omissão do verbo "gostar".

     

    Vamos brincar juntos, você joga para mim e eu para você. Omissão do verbo "jogar", que já foi citado.

  • GABARITO C

     

    Resuminho das figuras de linguagem:

     

    METÁFORA: Comparação implícita

    SÍMILE: Comparação explícita

    ANTÍTESE: oposição lógica

    PARADOXO: oposição não lógica

    HIPÉRBOLE: exagero

    EUFEMISMO: suavização

    ELIPSE: Omissão de um termo subentendido

    ZEUGMA: omissão de um termo já dito.

    POLISSÍNDETO: Vários conectivos

    ASSÍNDETO: Nenhum conectivo

    ALITERAÇÃO: Repetição de consoantes

    ASSONÂNCIA: Repetição de vogais

    PLEONASMO ENFÁTICO: reforçar a ideia

    IRONIA: sarcasmo

    GRADAÇÃO: ascensão

    ONOMATOPEIA: é uma figura de linguagem que significa o emprego de uma palavra ou conjunto de palavras que sugerem algum ruido:

    HIPÉRBATO: inversão, ordem indireta da frase

    METONÍMIA: substituição do autor pela obra

    CATACRESE: ausência de termos especifica, pé da mesa

    SINÉDOQUE: subs. do todo pela parte

    SINESTESIA: mistura de sentidos

    PROSOPOPEIA: personificação de coisas

    PARONOMÉSIA: trocadilho

    APÓSTROFE: vocativo

    SILEPSE: concordância com a ideia

    PERÍFRASE: caracterizar por fatos

    ANÁFORA: repetição

    ANACOLUTO: interrupção

  • Pessoal, a dica é: ELIPSE (GÊNERO) - ZEUGMA (ESPÉCIE)

    Dessa forma, se nas alternativas aparecerem essas duas figuras, você saberá diferenciar cada um delas. Se aparecer apenas a elipse, mesmo sendo zeugma, marca elipse!

  • Alguém pode explicar o erro da E?

  • A banca aproveita os conceitos que confundem para jogar uma "casca de banana"

  • Elipse é a omissão de um termo que pode ser subentendido pelo contexto

  • Tsc... Em todos os textos q li, esse é um caso de zeugma. Vai p3ntear macac0, AOCP.