Através das pesquisas de Dejours (1994, 1996) fica evidenciado que a organização do trabalho é a maior responsável pelas consequências favoráveis ou penosas para os processos psíquicos desenvolvidos pelo trabalhador. “A organização do trabalho exerce sobre o homem uma ação específica, cujo impacto é o [...] choque entre uma história individual, portadora de projetos, de esperanças e de desejos e uma organização do trabalho que os ignora." (DEJOURS, apud MENDES, 1995, p. 34). A organização do trabalho compreende a divisão do conteúdo das tarefas, as normas, os controles e os ritmos do trabalho; em contrapartida, como condições de trabalho encontramos a qualidade do ambiente físico, dos postos de trabalho, equipamentos e materiais disponíveis para a execução do trabalho. Os estudos do autor destacam o paradoxo existente na vida do trabalhador, pois o trabalho, componente essencial para sua sobrevivência, passa também a pôr em risco sua existência. As consequências desse sofrimento são devastadoras para o indivíduo. Martins e Oliveira (p. 123, 2006,) apontam que “suas estratégias de defesa para o enfrentamento [do sofrimento] não conseguem evitar o adoecimento e preservar seu equilíbrio. As consequências do sofrimento podem afetar a vida do trabalhador, porque o trabalho invade toda a existência do ser humano”.