SóProvas


ID
1787968
Banca
IDECAN
Órgão
PRODEB
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                      Juízes e advogados devem estudar neurociência

    A neurociência busca determinar como o cérebro afeta o comportamento, e o Direito se preocupa em regular o comportamento. Assim, é de se esperar que as descobertas dos neurocientistas tenham um peso cada vez maior nas leis. No Reino Unido, porém, existe uma enorme brecha entre os avanços dos laboratórios e o dia a dia dos tribunais. Não há fóruns de discussão para que cientistas e profissionais da Justiça explorem temas de interesse comum. Em países como o Brasil, não é diferente. E isso traz grandes consequências para a sociedade.
    Uma delas diz respeito à maioridade penal, que é de 10 anos no Reino Unido e de 18 no Brasil. A neurociência indica que os adolescentes não são indivíduos plenamente responsáveis, já que o cérebro continua a se desenvolver até a idade adulta. O córtex pré‐frontal, associado à tomada de decisão e ao controle de impulsos, é a última parte do cérebro que amadurece e isso só se completa ao redor dos 20 anos. É o que mostra o relatório Neurociência e a Lei, fruto de um grupo de trabalho que coordenei e publicado recentemente pela Royal Society [a academia nacional de ciências do Reino Unido]. O amadurecimento tardio do cérebro pode estar associado a comportamentos de risco na adolescência. Veja o caso dos protestos que sacudiram a Inglaterra no verão passado. Muitos manifestantes provocaram incêndios e outros atos criminosos, mas vários deles eram garotos que estavam só passando pelas ruas e se uniram ao vandalismo por impulso. A neurociência confirmou ainda que a taxa de maturação do córtex pré‐frontal varia muito de pessoa para pessoa. Do mesmo jeito que há enormes diferenças na inteligência medida em testes de QI.
    É por isso que os cursos de Direito deveriam incluir matérias sobre ciência – sobretudo psicologia, neurociência e genética. Advogados e juízes deveriam receber treinamento permanente nessas disciplinas como parte de seu desenvolvimento profissional. E também os cursos de graduação em neurociência deveriam incluir as aplicações sociais do que é estudado.
    Em alguns casos, as discrepâncias na função cerebral são levadas em conta pela Justiça. A Suprema Corte dos EUA, por exemplo, estabeleceu que uma pessoa só pode ser executada se tiver um QI acima de 70. Mas as leis ainda revelam anomalias de todo tipo. No Brasil, jovens de 16 anos não podem ser presos, mas podem votar. Na Inglaterra, é crime fazer sexo com menores de 16 anos – também a idade mínima para se casar. Ninguém pode dirigir nas vias públicas inglesas até os 17 anos (ou 14 em muitos estados americanos) e só vota quem tem mais de 18 – apesar da maioridade penal aos 10. Essas variações não são racionais. E as discrepâncias entre os países sugerem que algumas delas são bem arbitrárias. Não cabe a mim dizer se a maioridade penal deve subir ou baixar. Mas os legisladores deveriam se sentir obrigados a explicá‐la, em função do amadurecimento do cérebro: por que ela é de 10 anos na Inglaterra? E por que de 18 no Brasil?

(Nicholas Mackintosh – Professor emérito do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Cambrigde, no Reino Unido.)

“Uma delas diz respeito à maioridade penal,..." (2º§) Nessa frase o acento indicativo de crase resulta da união de uma preposição com um artigo, o mesmo que ocorre em:

Alternativas
Comentários
  • gab. C. Quem obedece...obedece a(preposição) as (artigo) : às

  • Concordo que o gabarito seja a letra "C". Mas a letra "B" não poderia estar correta também? se referiu (a este) preposição + art = àquele?

      

  • Gente, na questão pede claramente: o acento indicativo de crase resulta da união de uma preposição com um artigo. Como 'àquele' é um pronome, então n pode estar na mesma regra.

    Gab. C

    #BonsEstudos #Avante

  • Pessoal, desde quando "aquele" é artigo?

  • Detalhe: documento é palavra masculina.

  • "aquele" é um pronome, a questão deixa bem claro: "o acento indicativo de crase resulta da união de uma preposição com um artigo, o mesmo que ocorre em:"

  • preposição A + artigo A. na letra C

  • Obedecer a + a lei de trânsito Aquele : pronome demonstrativo
  • Alguém pode me dizer porque a A está errada? o primeiro "a" é preposição, o segundo não seria um artigo antes do pronome "dela"?

  • Mayla, "dela" é uma preposição mais um pronome que não aceita artigo. Veja:   de+ela = dela  ,ou seja, já existe até uma preposição antes.

  • Passível de anulação.

    Fui na letra C por ser a mais explícita, afinal há casos especiais.

    Ex.: Sua tese é semelhante à dela. ( ...semelhante à [tese] dela.);

    Outra situação: Vivi uma história similar à que desejava. ( ... similar à [história] que desejava);

    Ex.: Ele se referiu àquele documento. ( Quem se refere, se refere a + aquele);

    outra situação: Obedeci àquele homem. 

    Ex.: às vezes (locução adverbial) [regra obrigatória]

    Alfartanos, força!!

  • Acho que a letra 'A' se encaixa na regra em que o uso do acento grave é facultativo. Antes de pronomes possessivos femininos o artigo é facultativo . Assim: " ...semelhante a(prep.) + a(artigo facultativo) dela."     
    Alguém pode comentar isso?

  • Resposta: LETRA C.

    A questão é capciosa, mas perfeita! Em minha opinião, não caberia recurso.

    Alternativa A: A crase é resultado da união da preposição com pronome demonstrativo (não é artigo). Efetivamente, o termo à pode ser substituído por àquela, sem prejuízo de significado. Para mais informações sobre o tema, recomendo verificar: Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra. Em geral, a(s) e o(s) antes da preposição de ou do pronome relativo que são pronomes demonstrativos. Logo, a opção é FALSA.

    Alternativa B: A crase é resultado da união de preposição e do pronome possessivo aquele. Logo, a opção é FALSA.

    Alternativa C: A crase origina-se da junção da preposição com o artigo as. Essa é a única opção VERDADEIRA.

    Alternativa D: A crase compõe locução adverbial formada por palavra feminina. Consequentemente, a opção é FALSA.

    Abraços!

  • Acho que o Victor Silveira se equivocou quanto a justificativa da alternativa A, ou, então, não consigo visualizar a aplicação dela. Substituindo-se o "à" por "àquela" ficaria: Sua tese é semelhante àquela dela. Não tem muito sentido. Mas supondo que esteja certo e que a organizadora agiu de forma bastante capciosa (como de costume pela organizadora) ainda daria para tentar colocar o substantivo feminino "tese" entre o pronome demonstrativo "àquela" (justificada pelo Victor) e o possessivo "dela". Assim, ficaria: Sua tese é semelhante àquela tese dela. Ou seja, haveria, então, duas formas de se reescrever essa frase: a primeira, "Sua tese é semelhante à tese dela"; e a segunda, "Sua tese é semelhante àquela tese dela". A organizadora poderia, portanto, ter utilizado um recurso gramatical (zeugma) para brincar com o candidato. Ambas as frases são possíveis, mas na queda de braços quem ganha é quem manda nas regras. Fica a dica!!!


    Bons estudos, pessoal!!!

  • Oi, Danilo Torquato!

    Verifiquei, em sua análise, alguns equívocos, que podem complicar a resolução de questões similares. Peço licença, com todo o respeito, para comentá-los e desfazer alguns mal-entendidos.

    Primeiramente, o uso de a, o, as, os como pronome demonstrativo não é artifício criado pela Banca. Como disse, em comentário anterior, é encontrado em diversas gramáticas da língua portuguesa, como a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, ou a Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara. Além de amplamente difundido por estudiosos, esse recurso é tão explorado por diversas Bancas Examinadoras que os professores especializados em concursos sempre o comentam em suas aulas. Entre esses, destaco Isabel Vega, que atualmente leciona no QConcursos.

    Em segundo lugar, a sentença constituída com base em meu comentário tem sentido completo, embora sua formação seja estranha, especialmente por causa do eco causado pelo uso sucessivo de aquela e dela. Não obstante, para fins semânticos, de compreensão textual, sugiro que substitua o termo dela por uma oração subordinada adjetiva que expresse seu significado: Sua tese é igual à/àquela que ela apresentou ou Sua tese é igual à/àquela que foi criada por ela. Nesse caso, é óbvio que a frase original tem sentido.

    Em terceiro lugar, não se deve considerar a existência de zeugma na oração. Essa figura de linguagem consiste na omissão de termo anteriormente expresso. Na oração em análise, o termo tese não foi omitido, mas substituído pelo pronome demonstrativo a. Evidentemente, o zeugma constitui o fundamento para o uso de a, o, as, os como pronome demonstrativo: determinado substantivo é omitido da sentença e, uma vez que não pode apresentar-se sozinho na oração, o artigo torna-se pronome demonstrativo. No entanto, em sua análise, a presença desse recurso gera problemas, como demonstrarei a seguir.

    Por fim, para fins sintáticos, referentes à construção da oração (inclusive, ao emprego da crase), não se pode introduzir termos inexistentes na oração; esse artifício causa alterações morfossintáticas significativas. Por exemplo, na oração Os velhos estão sentados na praça, velhos é substantivo e núcleo do sujeito. Considerando existência de elipse, similarmente ao que você fez, afirmamos que a frase pode ser reescrita como Os homens velhos estão sentados na praça, e velhos torna-se adjetivo e adjunto adnominal. Do mesmo modo, a inclusão da palavra tese após à, transforma à na união da preposição a e do artigo a (em vez do pronome demonstrativo a), obrigando-nos a afirmar que a proposição está correta, o que efetivamente não ocorre.

    Por essas razões, reafirmo minha justifica e reafirmo que a Letra A está INCORRETA. Evidentemente, a Banca foi ardilosa, pois sabia que muitos candidatos não atentariam a esse detalhe pouco difundido. No entanto, esse tipo de questão tem aparecido em outras Bancas; conheçamo-la para que não percamos pontos gratuitamente.

    Espero ter contribuído...

    Abraços!

  • Muito legal ver esse debate, só agrega, ampliando nosso conhecimento, agradeço pelos comentários aqui exposto.

  • Muita gente com dúvida! Vamos em busca do profissional ... todo mundo clica em indica comentários, professor do QC precisa responder essa.

  • A colocação do acento grave está correta nas três alternativas (b, C e D), talvez por isso a confusão, mas o enunciado pediu a fusão do art. com a prep. caso que só ocorre na opção C.

    Bons Estudos!!!

  • Gente, para quem marcou a letra "A", assim como eu, leia o comentário do Victor. É bastante esclarecer. Não conhecia essa "pegadinha" ainda.

  • Resolvi assim:

    Primeiro analisei a frase da questão e notei que a crase aconteceu pela regência do verbo, então a crase seria obrigatória. Aí procurei uma alternativa que tinha acontecido a mesma coisa.

    A) Crase facultativa pq dela é pronome possessivo. 

    B) àquele pronome demonstrativo

    C) Obedecer exige preposição A. Quem obedece, obedece A alguém e sem seguida vem o artigo A no plural por se tratar de LeiS. MESMO CRITÉRIO DA FRASE DO ENUNCIADO

    D) Às vezes é uma locução adverbial feminina.

     

  • "Nessa frase o acento indicativo de crase resulta da união de uma preposição com um artigo", ou seja, busca-se a alternativa que resulta dessa união, no caso de ÀS VEZES, o uso da crase é obrigatorio, pois trata-se de uma locução adverbial de tempo, PORÉM, não é o que a questão pede.

  • Letra C quem obedece  a alguém  as leis  o artigo está no plural.

  • questão confusa....apesar de eu ter acertado

  • Essa questão te pede só para achar um verbo que pede preposição e um termo que seja específico para que possa, de forma obrigatória, pôr o artigo definido feminino.

    A população deve obedecer às leis de trânsito.

     

  •  a)

    Sua tese é semelhante à dela. (Tese dela) pronome possesivos com subetendido femenino.

     b)

    Ele se referiu àquele documento. pronome demostrativo 

     c)

    A população deve obedecer às leis de trânsito.

     d)

    As pessoas, às vezes, entendem essa questão. locução adverbial com núcleo femenino

     

     

    DEUS NOS DEFENDERAY

     

  • “Uma delas diz respeito à maioridade penal,..." (diz repeito a) + a maioridade penal

    a) Pronome demonstrativo "a" retomando o termo "tese". A (preposição) + A (pronome demonstrativo);

    b) Pronome demonstrativo aquela/-ilo/-ele posposto a preposição "a" admite o sinal indicativo de crase;

    c) Quem obedece, obedece a -> VTI. "A (preposição exigida pelo termo regente) + As (artigo definido admitido pelo substantivo); GABARITO

    d) locução adverbial;

  • GAB: LETRA C.

    A população deve obedecer às leis de trânsito.

  • Assertiva Correta: "C".

    a) Sua tese é semelhante à dela (Sua tese é semelhante a tese dela, ou seja, tem crase por motivo de omissão de termo já dito anteriormente, caso especial)

    b) Ele se referiu àquele documento (Quem se refere, se refere a + aquele = crase há)

    c) A população deve obedecer às leis de trânsito. (Quem obedece, obedece a + as leis = crase há). Portando, Gabarito.

    d) As pessoas, às vezes, entendem essa questão ("Às vezes" refere-se a uma locução adverbial, por isso a existência da crase.

    Obs: a questão diz: nessa frase o acento indicativo de crase resulta da união de uma preposição com um artigo, o mesmo que ocorre em "C", pois as demais assertivas possuem crase por motivos elencados a cima.

  • (C). Prof. respondeu em vídeo!

  • Gabarito: C

    Não é a B porque a crase resulta de uma junção de preposição com pronome demonstrativo, e a questão pede preposição a + artigo.

  • A no singular e nome posposto no plural = não haverá crase

  • AQUELE MOMENTO QUE VOCÊ SABE QUE NÃO SABE DE NADA.

  • Sua tese é semelhante à dela.

    Ele se referiu àquele documento.

    A letra "a" dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo regente exigir complemento regido da preposição "a"

    Entregamos a encomenda àquela menina.

    (preposição + pronome demonstrativo)

    Iremos àquela reunião.

    (preposição + pronome demonstrativo).

    Sua história é semelhante às que eu ouvia quando criança. (àquelas que eu ouvia quando criança) (preposição + pronome demonstrativo).

    A população deve obedecer às leis de trânsito.

    Na língua portuguesa, crase é a fusão de duas vogais idênticas, mas essa denominação visa a especificar principalmente a contração ou fusão da preposição a com os artigos definidos femininos (a, as) ou com os pronomes demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo, aquiloutro, aqueloutro

    As pessoas, às vezes, entendem essa questão.

    A letra "a" que acompanha locuções femininas (adverbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:

    - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pressas, à vontade...

    - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura de... 

    - locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que...

    • Cuidado: quando as expressões acima não exercerem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: 

    Eu adoro a noite!

    Adoro o quê? Adoro quem? O verbo "adoro" requer objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o "a" é artigo, não preposição.