SóProvas


ID
1796392
Banca
FUNCAB
Órgão
CRF-RO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                          Você sabe com quem está falando?

      Não nos parece uma tarefa fácil conciliar desejos (que geralmente são ilimitados e odeiam controles) e a questão fundamental de cumprir regras, seguir leis e construir espaços públicos seguros e igualitários, válidos para todos, numa sociedade que também tem o seu lado claramente aristocrático e hierárquico. Um sistema que ama a democracia, mas também gosta de usar o “Você sabe com quem está falando?”. O nosso amor simultâneo pela igualdade e, a seu lado, o nosso afeto pelo familismo e pelo partidarismo governados pela ética de condescendência tão nossa conhecida, que diz: nós somos diferentes e temos biografia; para os amigos tudo, aos inimigos (e estranhos, os que não conhecemos) a lei!

      O resultado dessa tomada de posição, básica numa democracia, é simples, mas muitas vezes ignorado entre nós: a minha liberdade teoricamente ilimitada tem de se ajustar à sua, e as duas acabam promovendo uma conformidade voluntária com limites, com fronteiras cívicas que não podem ser ultrapassadas, como a de furar a fila ou a de dar uma carteirada.

      Na sua simplicidade, a fila é um dos melhores, se não for o melhor, exemplos de como operam os limites numa democracia. Seus princípios são simples e reveladores: quem chega primeiro é atendido em primeiro lugar. Numa fila, portanto, não vale o oculto. Ou temos uma clara linha de pessoas, umas atrás das outras, ou a vaca vai para o brejo. Quando eu era menino, lembro-me bem de como era impossível ter uma fila no Brasil.As velhas senhoras e as pessoas importantes (sobretudo os políticos) não se conformavam com suas regras e traziam como argumento para serem atendidos, passando na frente dos outros, ou a idade, ou o cargo, ou conhecimento com quem estava atendendo, ou algum laço de família. Hoje, sabemos que idosos e deficientes não entram em fila. Mas estamos igualmente alertas para o fato de que um cargo ou um laço de amizade não faz de alguém um supercidadão com poderes ilimitados junto aos que estão penando numa fila por algumas horas.

      Do mesmo modo e pela mesma lógica, ninguém pode ser sempre o primeiro da fila (e nem o último), como ninguém pode ser campeão para sempre. Se isso acontece, ou seja, se um time campeão mudar as regras para ser campeão para sempre, então o futebol vai pros quintos dos infernos. Ele simplesmente acaba com o jogo como uma disputa. Na disputa, o adversário não é um inimigo; numa fila, quem está na frente não é um superior. O poder ilimitado e congelado ou fixo em pessoas ou partidos, como ocorre nas ditaduras, liquida a democracia justamente porque ele usurpa os limites nos quais se baseia a fila.

                                                                                                                               DA MATTA, Roberto

                                                                                                      (Adaptado de revistatrip.uol.com.br.)

A respeito do trecho “Quando eu era menino, lembro-me bem de como era impossível ter uma fila no Brasil.", quanto aos aspectos gramatical, sintático e semântico, analise as afirmativas a seguir.

I. Os verbos usados são significativos, por isso fundamentais à ideia do predicado nas orações.

II. ME é pronome pessoal oblíquo.

III. NO BRASIL atribui ideia de lugar ao trecho a que se refere.

Está correto apenas o que se afirma em: 

Alternativas
Comentários
  • Verbos significativos são VTD, VTI ou VI. Na frase em questão, há verbo de ligação "era"(ser), que não é um verbo significativo, por isso a afirmação I está errada.

  • Analisando as questões temos:

    1 - Antes de resolvermos cabe citar que existem duas categorias de verbos: significativos (expressam ação) e de ligação (expressam estado). Exemplo: Eu corri no parque. 'Corri' aqui é um VERBO SIGNIFICATIVO. Eu era feliz. 'ERA' é um verbo de ligação, indicando o estado de ser feliz.

    Na oração temos verbos signficativos: lembro, ter. E também verbos de ligação: era. Portanto nem todos os verbos são significativos. QUESTÃO ERRADO.

    2 - CORRETO. Outros exemplos: covosco, ti, me, nos, vos, se, comigo.

    3 - CORRETO.

    d) ALTERNATIVO CORRETA.

  • A título de complementação, esta informação foi extraída da gramática do mestre Fernando Pestana:
    "Por outro lado, cuidado com os verbos esquecer e lembrar, pois, dentre outros, eles podem ser acidentalmente pronominais. Ou seja, quando são transitivos indiretos, normalmente, passam a ser conjugados com a presença da parte integrante do verbo. Ok? Veja o que quero dizer com isso: “Ela esqueceu a informação (VTD).” ou “Ela esqueceu-se da informação (VTI).”. Quando esses dois verbos (lembrar e esquecer) forem pronominais, exigirão um complemento preposicionado; percebe?".

  • Entendi que o ME era pronome reflexivo. 

    Alguém ppode explicar?

     

  • driana Cunha

    relmente assim parece ser o pronome ME, porém a gramática diz que o pronome ME é parte integrante do verbo lembra, assim sendo esse verbo pronominal