OBESIDADE PRÉ-NATAL
por Drauzio Varella — publicado 09/07/2015 02h20
Não é só a gestante que corre riscos futuros quando
acumula peso a mais durante a gravidez. O bebê também
pode ser afetado.
No Brasil, mais da metade da população está acima do
peso. A obesidade é uma epidemia mundial que se
dissemina rapidamente.
Diabetes do tipo 2 caminha na esteira do excesso de
peso; a seguir nesse passo haverá 500 milhões de casos
no mundo, em 2030.
Os estudos mostram que a prevenção à obesidade deve
começar cedo. Mulheres obesas ao engravidar tendem a
ganhar mais peso ainda, a ter dificuldade de emagrecer
depois do parto e a engordar em gestações futuras. O
feto também sofre as consequências do excesso de peso
materno. Entre elas:
1. Ganho excessivo de peso na gravidez aumenta o risco
de diabetes gestacional, que afeta o crescimento, o
metabolismo e a adiposidade fetal.
2. Se o bebê for do sexo feminino, ao crescer com
tendência à obesidade repetirá o ciclo ao engravidar.
3. O período pré-natal e o primeiro ano depois de dar à
luz são cruciais para reduzir a obesidade entre as
mulheres e preveni-la nas crianças. Em animais,
perturbações dietéticas, hormonais e mecânicas nessas
fases induzem a distúrbios irreversíveis na adiposidade e
no metabolismo da vida adulta.
4. Estudos epidemiológicos identificaram os seguintes
fatores pré-natais associados ao risco de obesidade na
infância e na vida adulta: mães que fumaram durante a
gravidez, depressão antes do parto, diabetes gestacional,
estresse psicológico (como reflexo da exposição fetal
aos glucocorticoides) e até alterações do DNA do cordão
umbilical.
5. Ganho rápido de peso nos primeiros 3 a 6 meses de
vida aumenta o risco de obesidade e de doença
cardiovascular na vida adulta. A lactação não explica
inteiramente essas alterações, já que os bebês
amamentados no peito materno tendem a ganhar mais
peso do que os demais.
6. Bebês alimentados com leite em pó, que começam a
comer sólidos antes dos 4 meses, apresentam risco 6
vezes mais alto de se tornar obesos aos 3 anos. A idade ideal para introdução de sólidos parece estar entre os 4 e
os 6 meses.
7. Nosso corpo contém dez vezes mais bactérias do que
células. O intestino do feto é estéril, mas ao nascer é
colonizado na passagem pelo canal de parto. Crianças
nascidas de cesariana correm risco mais alto de se
tornar obesas.
8. Está bem documentado que dois fatores pré-natais
(ganho de peso materno e fumo durante a gravidez) e
dois pós-natais (período mais curto de amamentação e
menos horas de sono) estão associados à obesidade
infantil.
Um estudo com crianças em idade escolar mostrou que
filhos de mães que não fumaram ou ganharam peso
excessivo durante a gravidez, amamentados no peito por
pelo menos 12 meses, período no qual dormiam por 12
ou mais horas por dia, apresentavam 6% de prevalência
de obesidade, ante 29% nas crianças em que os quatro
fatores estavam na condição oposta.
9. Fatores raciais e socioeconômicos alteram o risco de
obesidade na criança. Nos filhos de negros e brancos
mais pobres o risco é mais alto. A prevenção da
obesidade deve começar no período pré-natal e nos
primeiros meses de vida, muito mais cedo do que
imaginávamos.
In http://www.cartacapital.com.br/revista/857/obesidade-pre-natal-9981.html
Na passagem “Diabetes do tipo 2 caminha na esteira do excesso de peso; a seguir nesse passo haverá 500 milhões de casos no mundo, em 2030", o termo em destaque estabelece, em relação à oração anterior, ideia de: