SóProvas


ID
1817095
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
CRQ 2ª Região-MG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                           Agrotóxicos sem veneno

No bê-á-bá da Agronomia se aprende que um inseto somente pode ser considerado uma praga se causar danos econômicos às plantações. Isso porque, na natureza bruta, folhas e grãos são normalmente mastigados pelos bichinhos, que se reproduzem no limite estabelecido por seus predadores naturais. Quando, por qualquer motivo, se rompe o equilíbrio do ecossistema, altera-se a dinâmica das populações envolvidas naquela cadeia alimentar. Advêm problemas ecológicos.

[...]

Pois bem, nem o aumento dos humanos, que já ultrapassaram 7 bilhões de habitantes, nem a expansão rural, que já ocupa 37% da superfície da Terra, cessaram. Embora a tecnologia tenha conseguido notáveis sucessos, o vetor básico continua atuando: novas bocas para alimentar exigem mais alimentos, que pressionam o desmatamento, que aumenta o desequilíbrio dos ecossistemas, que favorece o surgimento de pragas e doenças. Trajetória da civilização.

A safra brasileira tem batido recordes, ampliando o uso de defensivos agrícolas. Além do mais, nos trópicos o calor e a umidade favorecem o surgimento de pragas e doenças nas lavouras. Graças, porém, ao desenvolvimento tecnológico, nos últimos 40 anos se observou forte redução, ao redor de 90%, nas doses médias dos inseticidas e fungicidas aplicados na roça. Quer dizer, se antes um agricultor despejava dez litros de um produto por hectare, hoje ele aplica apenas um litro. Menos mal.

Fórmulas menos tóxicas, uso do controle biológico e integrado, métodos de cultivo eficientes, inseticidas derivados de plantas, vários elementos fundamentam um caminho no rumo da sustentabilidade. Os agroquímicos são mais certeiros, menos agressivos ao meio ambiente e trazem menores riscos de aplicação aos trabalhadores rurais. Nada, felizmente, piorou nessa agenda.

Surge agora, nos laboratórios, uma geração de moléculas que atuam exclusivamente sobre o metabolismo dos insetos-praga, bloqueando sinais vitais. Funcionam de forma seletiva, combatendo-os sem aniquilar os predadores naturais, nem afetar insetos benéficos ou animais mamíferos. No sentido ambiental, configuram-se como pesticidas não venenosos, deixando de ser “agrotóxicos". Sensacional.

Existe, ainda, contaminação de alimentos por agrotóxicos tradicionais. O problema, contudo, difere do de outrora, quando resíduos cancerígenos dominavam as amostras coletadas. Hoje a grande desconformidade recai sobre o uso de produtos químicos não autorizados para aquela lavoura pesquisada, embora permitidos em outras. Raramente se apontam resíduos químicos acima dos limites mínimos de tolerância.

Isso ocorre por dois motivos. Primeiro, o governo tem sido extremamente lerdo no registro de novos defensivos agrícolas. Segundo, mostra-se muito onerosa, para as empresas, cada autorização de uso para lavouras distintas.

Resultado: inexistindo produto “oficial" para o canteiro de pimentão, por exemplo, o horticultor utiliza aquele outro vendido para tomate. O problema, como se percebe, é mais agronômico, menos de saúde.

Muita gente critica os defensivos químicos, considera agrotóxico um palavrão. Mesmo na agricultura orgânica, imaginada como solução milagrosa, todavia, se permite utilizar caldas químicas elaboradas com sulfato de cobre, hidróxido de cálcio e enxofre.

Resumo da história: na escala requerida pela população, as lavouras sempre exigirão pesticidas contra organismos que as atacam. Importa o alimento ser saudável.

GRAZIANO, Xico. Agrotóxicos sem veneno. Opinião. Estadão, São Paulo, 5 mar. 2013. Disponível em: <http://zipnet.met/bxR9nQ>  Acesso em: 7 out. 2015 (adaptado).

A função das aspas utilizadas nos parágrafos 5 e 8 (“agrotóxicos" e “oficial") é de:

Alternativas
Comentários
  • PARA OS Q MARCARAM LETRA D 
    As aspas são usadas para
    :

    citações

    destacar palavras pouco usadas (palavras estrangeiras incomuns[1] ou todas as palavras estrangeiras[2] , palavras com valor afectivo, palavras com sentido irónico.)

    representar texto exato em expressões regulares.

    representar a fala de uma pessoa e etc.

    ironia é uma forma de expressão literária ou uma figura de retórica que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância entre aquilo que dizemos e que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de zombar de alguém ou de alguma coisa, com um ponto de vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor.

  • LETRA C

  • GABA c)

    Questão clássica - ATENÇÃO

    acentuar o valor significativo VS. realçar o tom irônico

  • Os comentários falaram, falaram e não explicaram nada.

    Não consigo entender pq não é irônia "agrotóxico"

  • c) acentuar o valor significativo das palavras que foram marcadas. As aspas são utilizadas para amplificar o significado de certas palavras do texto.

    Em "no sentido ambiental, configuram-se como pesticidas não venenosos, deixando de ser “agrotóxicos".", as aspas indicam, com maior ênfase, que os pesticidas citados não são mais agrotóxicos.

    Já em "resultado: inexistindo produto “oficial" para o canteiro de pimentão" [...], as aspas fazem a ressalva de que não existe um produto oficial em si.

    Não se trata de ironia pelo próprio tom sério do texto. Mas, para averiguarmos isso, basta que imaginemos se tratar de ironia. No caso de "oficial", por exemplo, a ironia denotaria um produto ilegal ou algo que fizesse mal para a saúde do consumidor, algo diferente do expresso pelo período acima destacado.