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ID
1823827
Banca
CEPERJ
Órgão
CEDERJ
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

MEIO SÉCULO DEPOIS...
Cristovam Buarque, O Globo, 07/09/2013

    A quase totalidade dos discursos de políticos é irrelevante. São logo esquecidos. Mas, nesta semana, comemora-se em todo o mundo os 50 anos do discurso do dr. Martin Luther King em que ele disse que tinha sonhos: de que seus quatro filhos não sofreriam preconceitos por causa da cor da pele; e de que os filhos dos ex-escravos e os filhos dos ex-donos de escravos seriam capazes de sentar juntos na mesma mesa, como irmãos.
   Meio século depois, nós também temos sonhos.
   Sonhamos que um dia nenhum dos filhos do Brasil será privado de uma educação de qualidade que lhes permita entender a lógica do mundo, deslumbrar-se com suas belezas, indignar-se com suas injustiças, falar e escrever seus idiomas, ter uma profissão que lhes permita usufruir e melhorar o mundo onde vivem.
    Para isso, sonhamos fazer com que a mais pobre criança tenha, desde sua primeira infância, uma escola com a qualidade das melhores do mundo, que um dia os filhos dos trabalhadores estudarão nas escolas dos filhos de seus patrões, os filhos das favelas nas escolas dos filhos dos condomínios e, em consequência, o Brasil terá pontes em lugar de muros entre suas classes e seus espaços urbanos.
      Sonhamos que não está distante o dia em que todos os brasileiros acreditarão que isso é preciso e é possível. Deixarão de considerar o sonho como um delírio de utopista ou demagogia de político. Olharão ao redor e verão que muitos outros países já fizeram esta revolução, que chegará tardia ao Brasil, como nos chegou tardiamente a libertação dos escravos. Lembrarão que até 1863, na terra do dr. King, e, por décadas mais no Brasil, a ideia de que os negros um dia seriam livres do cativeiro era vista como estupidez. E hoje o presidente da República deles é negro.
     Sonhamos também que, acreditando nos seus sonhos, o Brasil se levantará para realizá-los. Porque o sonho não se realiza quando ele é solitário, nem tampouco quando os sonhadores continuam deitados em berço esplêndido. Só quando é de todos e todos se levantam é que ele começa a ser realidade.

O título dado ao texto termina em reticência. A finalidade da presença desse sinal gráfico é a de:

Alternativas
Comentários
  • Está certo, porque o primeiro periodo do texto, que diz "A quase totalidade dos discursos de políticos é irrelevante." embora não pareça, é independente do título. 

  • Reticências = é um sinal de pontuação que marca uma interrupção, indicando uma suspensão na melodia frásica.

    No título ela foi usada para indicar a suspensão de um pensamento pra causar reflexão no leitor.

    Gabarito: D

  • GABARITO: LETRA C

    ACRESCENTANDO:

    Reticências ( ... )

    As reticências marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes a elementos de natureza emocional. Empregam-se:

    - Para indicar continuidade de uma ação ou fato.

    Por Exemplo:

    O tempo passa...- Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.

    Por Exemplo:

    Vim até aqui achando que...- Para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada.

    Exemplos:

    "Vamos jantar amanhã?

    – Vamos...Não...Pois vamos."

    Não quero sobremesa...porque...porque não estou com vontade.

    - Para realçar uma palavra ou expressão.

    Por Exemplo:

    Não há motivo para tanto...mistério.- Para realizar citações incompletas.

    Por Exemplo:

    O professor pediu que considerássemos esta passagem do hino brasileiro:

    "Deitado eternamente em berço esplêndido..."- Para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor.

    Por Exemplo:

    "Estou certo, disse ele, piscando o olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do nosso Bentinho se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Também, se não vier em um ano..." (Machado de Assis).

    FONTE: QC