"Antes de abordar as técnicas de entrevista, precisamos destacar a questão imanente à entrevista, sem a qual ela não cumpre sua finalidade: a capacidade de escuta. Escutar implica ouvir; contudo, a recíproca não é verdadeira. Quem escuta ouve; mas quem ouve não necessariamente escuta. Daí o dito popular: “Entrou por um ouvido e saiu pelo outro”. Ouvir é uma capacidade biológica que não exige esforço do nosso cérebro, enquanto escutar decreta trabalho intelectual, pois após ouvir há que se interpretar, avaliar, analisar e ter uma atitude ativa. (...) A escuta, então, é o que torna possível a habilidade no uso das técnicas de acolhimento, questionamento, clarificação, reflexão, exploração e aprofundamento, silêncio sensível, apropriação do conhecimento e síntese integrativa entre tantas outras que existem e as que ainda serão criadas".
Texto: A entrevista nos processos de trabalho do assistente social
http://revistaseletronicas.pucrs.br/fass/ojs/index.php/fass/article/view/2315/3245
Bons estudos!
Boa tarde, companheiras (os).
Inicialmente, o ato de “parar para ouvir” significa atender ao desejo do usuário: ser ouvido. Ao longo da história do Serviço Social como profissão e como área de construção de conhecimento teórico-metodológico e técnico-operacional, a escuta do usuário aparece como prática no relacionamento, passando inicialmente pela afetividade, mas que, no avanço do debate, adentra ao campo da mediação e passa a incluir a totalidade das relações sociais, na qual estão envolvidas dimensões políticas e problematizadoras. (CHUPEL e MIOTO, 2010). Ser ouvido, de acordo com Souza (2008), não significa concordar com tudo o que o usuário diz; porém, implica estabelecer uma relação de respeito, pois se o usuário não é respeitado nesse direito básico, não apenas estaremos desrespeitando-o, como prejudicando o próprio processo de construção de um conhecimento sólido sobre a realidade social que ele está trazendo, comprometendo toda a intervenção. (SOUZA, 2008, p. 127).
No processo de acolhimento, trabalha-se com a visão da escuta qualificada como ferramenta essencial para que o usuário seja atendido e entendido numa perspectiva integral, possibilitando a construção de vínculos, o respeito à diversidade e à singularidade no encontro entre esse usuário e o assistente social enquanto profissional. A escuta qualificada abre espaço para o estabelecimento de um processo reflexivo, por meio do qual o profissional, embasado em seu compromisso ético-político, atua dentro de uma visão socioeducativa, tendo como objetivo a formação da consciência crítica. Para o alcance desse objetivo, faz-se necessário que sejam criadas as condições que irão permitir ao usuário a elaboração de forma consciente e crítica da sua própria concepção de mundo, fazendo-se sujeito do processo de construção de sua história, da história dos serviços e das instituições e da história da sociedade (MIOTO, 2014). A escuta e o diálogo que se estabelecem nesta relação criam as condições necessárias para a formação dessa consciência crítica.
https://www.uaberta.unisul.br/repositorio/recurso/14690/pdf/instrumental_tecnico_operativo_ss.pdf