SóProvas


ID
1836457
Banca
IBGP
Órgão
Prefeitura de Nova Ponte - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A crônica abaixo é do mineiro Otto Lara Resende, nascido em São João Del Rei.

Leia-a e responda à questão que se segue: 

                                Vista cansada (Otto Lara Resende)

      Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa ideia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

      Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

      Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

      Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

      Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Disponível em: http://contobrasileiro.com.br/vista-cansada-cronica-de-otto-lara-resende/ Acesso: 17 dez. 2015.

Assinale a alternativa que se encontra na voz passiva analítica CORRETAMENTE.

Alternativas
Comentários
  • VERBO SER + PARTICÍPIO!

    GABARITO LETRA D

  • Voz passiva analítica: Ela é formada normalmente pelo verbo auxiliar ser, seguido de um verbo no particípio, acompanhado ou não do agente da passiva.

     

    Como por exemplo:


    Os textos eram escritos por Leonardo.

    Os texto= sujeito paciente / eram escritos= verbo ser mais o verbo no particípio / por Leonardo= agente da passiva

    Analítico vem da palavra análise, que significa”exame, observação detalhada”.

    Voz passiva sintética: Que é formada por um verbo transitivo direto na 3º pessoa, acompanhado do pronome apassivador se e do sujeito paciente.

    Na passiva sintética, o agente da passiva nunca aparece, e o sujeito sempre vem depois do verbo. Como por exemplo:
    Criam-se códigos indecifráveis.


    Criam-se = Criam- VTD (3º pessoa) se= pronome apassivador / códigos indecifráveis= sujeito paciente.

     

    Sintético vem da palavra síntese, que significa “resumo”.

     

    https://caiobailly.wordpress.com/2010/04/21/voz-passiva-analitica-e-voz-passiva-sintetica/

  • O porteiro foi assolado pela morte sem motivo.

  • GABARITO: LETRA D

    COMPLEMENTANDO:

    Voz Passiva Analítica

    Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:

    A escola será pintada.

    O trabalho é feito por ele.

    Obs. : o agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de. Por exemplo:

    A casa ficou cercada de soldados.

    - Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja explícito na frase. Por exemplo:

    A exposição será aberta amanhã.

    Voz Passiva Sintética

    A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Por exemplo:

    Abriram-se as inscrições para o concurso.

    Destruiu-se o velho prédio da escola.

    Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.

    FONTE: WWW.SÓPORTUGUÊS.COM.BR

  • De forma prática:

     

    Voz Passiva Analítica (ou Ordem direta): Sujeito + Verbo + Complemento

     

    A- Todos os dias eu saio pela mesma porta.

     

    Sujeito: eu.

    Verbo: saio.

     

    Sujeito e verbo vieram no meio do complemento, portanto, ERRADA.

     

    B- Um dia o porteiro faleceu sem motivo algum.

     

    Sujeito: o porteiro

    Verbo: faleceu

    Complemento: sem motivo algum

     

    Sujeito e verbo vieram no meio do complemento, portanto, ERRADA.

     

    C- O hábito embaça as vistas.

     

    Sujeito: inexistente

    Verbo: embaça

    Complemento: as vistas

     

    Acredito que essa alternativa é uma pegadinha, pois, ‘‘O hábito’’ não é sujeito (porque se fosse a alternativa seria correta, juntamente com a D, e, havendo duas corretas, a questão deveria ser anulada). Portanto, ERRADA.

     

    D- O porteiro foi assolado pela morte sem motivo.

     

    Sujeito: ‘‘O porteiro’’

    Verbo: assolado

    Complemento: pela morte sem motivo.

     

    É a única alternativa que dá certo, portanto, CORRETA.

     

    Obs: caso tenha feito algum comentário equivocado, ou incompleto, aceito correções sem problema algum. Só erra quem tenta acertar.

    Não desista antes da hora e nem cante vitória antes do tempo.

  • Voz passiva analítica sempre tem verbo auxiliar SER.

  • voz passiva analítica verbos auxiliar+verbo da ação voz passiva sintética verbo da ação +partícula se