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ID
1853437
Banca
FCC
Órgão
TRT - 14ª Região (RO e AC)
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Revolução
     Notícias de homens processados nos Estados Unidos por assédio sexual quando só o que fizeram foi uma gracinha ou um gesto são vistas aqui como muito escândalo por pouca coisa e mais uma prova da hipocrisia americana em matéria de sexo. A hipocrisia existe, mas o aparente exagero tem a ver com a luta da mulher americana para mudar um quadro de pressupostos e tabus tão machistas lá quanto em qualquer país latino, e que só nos parece exagerada porque ainda não chegou aqui com a mesma força. As mulheres americanas não estão mais para brincadeira, em nenhum sentido. 
        A definição de estupro é a grande questão atual. Discute-se, por exemplo, o que chamam de date rape, que não é o ataque sexual de um estranho ou sexo à força, mas o programa entre namorados ou conhecidos que acaba em sexo com o consentimento relutante da mulher. Ou seja, sedução também pode ser estupro. Isso não é apenas uma novidade, é uma revolução. O homem que se criou convencido de que a mulher resiste apenas para não parecer “fácil" não está preparado para aceitar que a insistência, a promessa e a chantagem sentimental ou profissional são etapas numa escalada em que o uso da força, se tudo o mais falhar, está implícito. E que muitas vezes ele está estuprando quem pensava estar convencionalmente conquistando. No dia em que o homem brasileiro aceitar isso, a revolução estará feita e só teremos de dar graças a Deus por ela não ser retroativa. 
     A verdadeira questão para as mulheres americanas é que o homem pode recorrer a tudo na sociedade − desde a moral dominante até as estruturas corporativas e de poder − para seduzi-las, que toda essa civilização é no fundo um álibi montado para o estupro, e que elas só contam com um “não" desacreditado para se defender. Estão certas. 
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(VERISSIMO, Luis Fernando. Sexo na cabeça. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 143) 

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

Alternativas
Comentários
  • Vamos ver os erros das demais:

    Letra b: São abomináveis os conceitos e valores de que os homens acreditam e põem em prática [no que diz respeito às mulheres] sem ter consciência disso. (quem acredita, acredita EM alguma coisa. Preposição errada! Além do mais, o termo entre chaves deveria ter vindo entre vírgulas para que a frase fosse compreendida);

    Letra c: As mulheres são vítimas dos preconceitos e valores abomináveis com que os homens cultivam e interiorizam a seu respeito em suas práticas. (outro erro de regência! quem cultiva, cultiva alguma coisa, não COM alguma coisa. o COM deve sair);

    Letra d: Conceitos e valores preconceituosos no que dizem respeito à mulher são cultivados pelos homens que nem sequer ao menos parecem ter consciência por este fato abominável. (no que DIZ respeito - naquilo que diz respeito - confesso que fiquei um pouco na dúvida se o 'dizem' poderia ter concordado com 'conceitos e valores', mas acredito que não, já que 'no que diz respeito à mulher' é um termo deslocado, e concorda com o 'no', que corresponde à 'aquilo'. De qualquer forma, a frase tem outro erro, e é de regência: quem tem consciência, tem consciência DE alguma coisa, não por alguma coisa);

    Letra e: São abomináveis os preconceitos onde os homens praticam contra as mulheres sob a forma de conceitos e valores que só fazem desacreditá-las. (onde= só pra lugar!)

  • Essa foi suave para responder, mas fiquei com um pouco de receio ao ler primeiro a letra A e não ter achado nenhum erro. Fui p as outras torcendo p encontrar. Por um momento achei q eu tava ruim em detectar erros. Mas foi mero susto e azar da resposta ta na primeira alternativa
  • A questão pediu a alternativa "clara e correta", o que vai exigir mais do que só Interpretação.

  • AVALIAR :

     

     

    CRASE

    CONCORDÂNCIA 

    REGÊNCIA 

    COLOCAÇÃO PRON. OBLÍQUO

    SENTIDO

    USO CORRETO DO PRONOME RELATIVO

  • Dúvida na letra "a":

     

    Os homens interiorizam conceitos e valores referentes à mulher sem acreditarem que estão cultivando e pondo em prática os mais abomináveis preconceitos.

     

    Quem acredita, acredita EM alguma coisa. Por que a ausência da preposição "no" depois do verbo acreditar está correta? 

  • Maria, neste caso não é o verbo acreditar que pede a preposiçao, neste caso se atenha aos dois verbos posteriores ao pronome relativo  "estão cultivando e pondo em prática"  essas duas locuções não pedem preposição, por isso, que o pronome relativo está sem a nosso devida prep....

     

    bons estudos...